Engenheiros da Andrade Gutierrez, que há 44 anos executa obras públicas na Amazônia, me levam a visitar palafitas nos igarapés de Manaus e, simulta¬neamente, a observar as moradias que a empresa tem construído e continua a construir para substituição daquelas habitações sub-humanas.
A comparação entre as palafitas e as novas unidades habitacionais induz imediatamente à constatação de que a construtora, responsável pelos projetos do Programa Social e Ambiental dos Igarapés (Prosamim), desenvolvidos a partir de estudos realizados pela Concremat para o governo do Amazonas, está construindo mais do que habitação, parques e praças ao longo desses rios da região central da cidade: ela está construindo cidadania.
Palafitas, estejam elas onde estiverem para abrigar famílias da baixa renda, retratam o fim do mundo do maior desnível social. Vê-las é pensar no ponto a que chegou a degradação da moradia no País, com toda a sua força de esgarçamento do tecido urbano e social. A construção de casas para substituí-las, em Manaus, foi ideia originalmente surgida da necessidade de socorrer famílias naquelas áreas alagadiças, sacrificadas, mais do que já estavam sendo, por chuvas torrenciais que levaram suas precárias habitações.
Mas, o plano de emergência, que tinha em vista limpar, restaurar e desassorear os cursos d´água, adquiriu outra feição, com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do governo do Estado. Assim, ele evoluiu para obras mais abrangentes, quando foram licitados os serviços de macro e microdrenagem, reordenamento urbano e reassentamento das famílias, além da construção de parques e vias urbanas e obras de esgotamento sanitário.
Não é trabalho fácil, conforme ouço do engenheiro Jéferson Wilson Peconick, da Andrade, que gerencia as obras do Prosamim. Ali chove todos os dias, sobretudo no verão. E, em especial este ano, o volume de água que tem caído em Manaus está fora de padrão. Se isso não bastasse, quando para de chover, o nível dos igarapés está lá em cima e se torna necessário aguardar que as águas baixem. Quando isso acontece, lá vêm novas chuvas. Apesar dessa luta diária contra as condições climáticas, que lembra a persistência de Sísifo, os trabalhos prosseguem obedecendo a uma logística toda especial, a fim de que a sequência dos serviços não seja truncada.
O projeto das unidades prevê a construção de escadas padronizadas, rampas de acesso em concreto armado, passeios para pedestres em concreto simples, rede de iluminação externa, quadra de esportes, playground, vias que interliguem os conjuntos ao sistema viário existente, canalização dos igarapés e outras obras complementares.
Os prédios, cujas unidades possuem de 47 a 50 m², são naturalmente despojados. A construção é feita com blocos fabricados pela própria empresa que utiliza também o combogó, material que contribui para melhorar a ventilação e a iluminação naturais. Dependendo do terreno, a estrutura pode ser dupla ou isolada. Mas todos são entregues em condições consideradas ideais para que os moradores reestruturem suas condições vida e contem com outro patamar de moradia para dar aos filhos a segurança de se tornarem cidadãos. O Prosamim completará 1838 unidades entregues este ano.
Uma visão curiosa dessas obras é o Parque Residencial Jefferson Peres, assim batizado como uma homenagem ao senador amazonense, falecido em maio de 2008 e que se destacou na política local e nacional como um exemplo de homem público ético.
Contudo, há uma advertência. A Andrade conclui o contrato do Prosamim em fins de 2012. E a pergunta que a população interessada começa a fazer é a seguinte: E depois?
A ideia que se tem é de que um programa social, com abrangência dessa ordem, prevendo habitação, urbanização e cidadania, não deveria esgotar-se com data e hora marcadas. A cidade de Manaus continuará a crescer; o perigo da ampliação das áreas de risco – as palafitas nos igarapés – é potencial. Assim, a continuidade dele seria uma garantia até para o processo, ordenado, do crescimento urbano.
Na região Norte
O engenheiro Carlos Henrique dos Reis Lima, superintendente da Andrade Gutierrez no Norte do País, diz que além do Prosamim, a empresa constrói – e entregará no prazo, em dezembro de 2012 – a arena para a Copa de 2014. Outras obras que ele lista na região, independentemente de estarem ou não sob aquela superintendência:
Macrodrenagem nas proximidades da baía do Guamá, em Belém (PA). Essa obra foi iniciada em meados do ano passado e prossegue; obra na orla de Belém, de modo a permitir, à população local, visibilidade da baia do Guajará e do rio Guamá; obra de abastecimento de água e de esgoto sanitário em Porto Velho (Rondônia); obras de infraestrutura no Estado de Tocantins; execução do trecho Oriximiná-Manaus da linha de transmissão Tucuruí-Manaus e Belo Monte, dentre outras.
Desde a fase da BR-319
Carlos Henrique lembra que a Andrade está presente na Amazônia desde a construção da BR-319, que constituiu, na época, um desafio logístico. E foi a experiência adquirida em obras desse tipo, que conferiu à empresa a expertise necessária para se lançar ao cumprimento de contratos em regiões sumamente adversas, como a África, por exemplo.
A história da Promon 1
Um verso de T. S. Eliot, assim traduzido – Para chegares ao que não sabes – é o título do livro, com texto do escritor Ignácio de Loyola Brandão, sobre os 50 anos de fundação da Promon. A narrativa recompõe o cenário do ambiente em que a empresa de engenharia foi se consolidando e mostra os projetos que elaborou, ao lado dos principais fatos e personagens históricos dos períodos marcantes de sua evolução. Sobressaem, nos primórdios, os integrantes da diretoria: Thomaz Pompeu Borges Magalhães e Derek Herbert Lovell-Parker, presidente da Montreal.
A história da Promon 2
Importante ressaltar que, quando a Promon comemorou 40 anos de fundação, a revista O Empreiteiro a homenageou. Na época, matéria, assinada por este escrevinhador, saiu publicada com o título Promon, a evolução ancorada na força da engenharia multidisciplinar. Dizíamos, então: "Uma marca distintiva da Promon, que este ano completa 40 anos de atividades, e foi escolhida por esta revista como a Empresa de Engenharia do Ano, é a capacidade de atuar em todas as áreas da Engenharia com o domínio das disciplinas múltiplas, do projeto à obra concluída e em operação".
Grupo Equipav
Conversa rapidíssima com o engenheiro Labieno Mendonça, diretor superintendente do Grupo Equipav. Ele informa que o grupo está vivendo um novo momento, após um proce
sso de reestruturação, e que uma das frentes de serviço muito significativa, hoje, é a participação na dragagem do Porto de Santos. Segundo ele, o trabalho será "um marco muito importante".
Obras da EPC
Dhenisvan F. Costa, vice-presidente da EPC – Engenharia, Projeto e Consultoria, manda informação. Diz que o time atual da empresa está contando com a colaboração de seis engenheiros da Hyundai, que vieram da Coréia, onde esta empresa opera um dos maiores estaleiros do mundo, especialmente para participar do projeto de instalação do estaleiro da OSX, no município fluminense de Açu. A EPC, com sede em BH e que está comemorando 38 anos de atividades, tem desenvolvido projetos para a Vale, Votorantim e V&M e VSB, dentre outros grupos.
A presença da Planservi
Valter Boulos, diretor da Planservi Engenharia, diz que são múltiplas, hoje, as atividades da empresa. E cita exemplos: os estudos do consórcio consultor Engevix-Planservi para o traçado correto do trecho Norte do Rodoanel "Mário Covas"; projeto executivo da rodovia, em pista dupla, ligando a cidade de La Romana a Santo Domingo, na República Dominicana; projeto, ainda nesse país, do acesso rodoviário à represa de Palomino; projeto da "Cinta Costera" na Cidade do Panamá; projeto executivo e apoio técnico às obras dos túneis de prolongamento da avenida Roberto Marinho até a rodovia dos Imigrantes e os trabalhos de supervisão das obras de implantação da Ferrovia Norte-Sul, no lote 10. A Planservi, portanto, vive dias de trabalho intenso.
Um alerta da CEF
Diante de denúncias de que "contemplados com o programa habitacional Minha casa, minha vida revelaram, em cidade do interior da Bahia, frustração com a qualidade das casas entregues, a Caixa Econômica Federal avisou que apenas financia imóveis novos ou a construção de imóveis novos. "Por isso, alertamos os interessados de que, quando do fechamento do negócio ou da contratação de terceiros para construí-los, façam o devido acompanhamento da obra para evitar surpresas desagradáveis no futuro."
Só o alerta é insuficiente
Ora, só o alerta da CEF é insuficiente. Deve ser papel do governo fiscalizar a obra durante a construção e na fase da entrega do imóvel e garantir o recebimento e atendimento das reclamações posteriores. Há informações de que muitas dessas moradias ficam inundadas com as primeiras chuvas e que as rachaduras aparecem nas primeiras semanas de uso. O Crea e o Sinduscon locais também deveriam ficar de olho na qualidade dessas construções.
Herói das estradas
A Goodyera acaba de lançar no Brasil o programa Herói das Estradas. É um concurso em que o caminhoneiro conta uma história de heroísmo, ocorrida entre os anos 2000 e 2010, dirigindo caminhão com 10 ou mais rodas e da qual tenha sido protagonista. O vencedor receberá o título de Herói das Estradas do Brasil 2011 e levará para casa um caminhão Volkswagen Constellation 19.320 zero km. Haverá prêmios também para o segundo e terceiro colocados. No lançamento do programa, mês passado, em São Paulo (SP) comentou-se que o caminhoneiro, no Brasil é por excelência um herói digno de todas as reverências. Só o fato de conseguir sobreviver e manter o caminhão operando em estradas como a BR-163 já deveria ser suficiente para ganhar aquele título, além de outros.
Gestão sustentável
A Galvão Engenharia premiou, no mês passado, as obras vencedoras do 1º Concurso de Gestão Sustentável, lançado em 2010. Com o tema "Ações Sustentáveis na Gestão das Obras", esta primeira edição teve em vista reconhecer as iniciativas que mais contribuíram para o desempenho econômico, social e ambiental. As obras vencedoras foram Gaspal II, da Unidade Óleo e Gás, e Núcleo DER, da Unidade Público São Paulo. As ações apresentadas foram avaliadas levando em conta o respeito ao meio ambiente, gestão da saúde e segurança do trabalhador, práticas trabalhistas, padrão para a cadeia de fornecedores, relacionamento com a comunidade circunvizinha e ações sociais.
Frase da coluna
"Foi o povo que construiu as cidades, do jeito que pôde. Mas, precisando de casa,
é tratado como inepto."
Do arquiteto Sérgio Magalhães, do IAB-RJ,
em artigo publicado na imprensa.
O Memorial num jogo
de luz e sombra
Vista do Memorial da América Latina, em ângulo e num jogo de luz e sombra que explora os contornos identificadores da criação de Niemeyer, reproduzida no livro em que a Promon conta um pouco de sua trajetória empresarial
Fonte: Estadão