Contextualização: Rumo e a concessão da FNS

No dia 28 de março de 2019, a Rumo venceria o certame mais esperado do setor ferroviário das últimas décadas e se tornaria a operadora ferroviária para o trecho que liga Estrela D’Oeste (SP) a Porto Nacional (TO) pelos próximos 30 anos.

A ferrovia, até então popularmente conhecida como Norte Sul (FNS), seria denominada Malha Central e se tornaria o mais novo corredor logístico da empresa que já opera outros corredores logísticos (Malha Norte, Malha Sul e Malha Paulista) importantíssimos para a economia brasileira, em especial para o agronegócio. O trecho tem uma extensão total de 1.537 km e investimento mínimo esperado de cerca de R$ 2,8 bi ao longo dos 30 anos de concessão do ativo.

A partir do sucesso no certame da FNS no primeiro semestre de 2019, iniciam-se os compromissos de investimento da Rumo para atendimento aos requisitos da concessão, dentre os quais destaca-se o Terminal Multimodal de Rio Verde (TRV), no Estado de Goiás.

Em termos operacionais, o terminal de transbordo foi concebido para recebimento de grão, farelo e açúcar por modal rodoviário, estocagem e expedição por modal ferroviário. Para fertilizantes, previu-se a logística reversa, ou seja, recebimento e descarregamento ferroviário e expedição rodoviária.

A Promon Engenharia foi contratada pela Rumo para desenvolver os projetos de Engenharia Conceitual, Básica e Gerenciamento do empreendimento. No final de setembro de 2019, iniciava-se o desafio de contratar o TRV, em modalidade EPC (Engineering, Procurement e Construction). Para tanto, as etapas de escolha do terreno, levantamentos de campo, projeto conceitual, projeto básico, estimativas de capex com consultas aos fornecedores,
análises de cenários, tratativas com proponentes ao EPC, equalizações técnicas e negociações deveriam ocorrer em, aproximadamente, 4 meses. Diante deste contexto desafiador, definiu-se que a estratégia para o desenvolvimento das Engenharias Conceitual e Básica ocorreria em BIM (Building Information Modelling), a qual representa a filosofia de projetar, por meio de maquetes, elementos parametrizados e banco de dados (famílias)
com atributos 3D, em vez do tradicional método 2D. Neste projeto, a Engenharia Digital, comumente utilizada em outros setores como Óleo e Gás (O&G), Indústria, Energia e Infraestrutura encontra-se com o agronegócio.

A primeira etapa do projeto digital aconteceu com a necessidade de levantamento topográfico de diversas áreas com potencial para implantação do TRV. No sistema convencional, com equipe de campo e as tradicionais Estações Totais, os levantamentos levariam entre três e quatro semanas para serem realizados. Entretanto, foram realizados sobrevoos com drones próprios da Promon Engenharia para levantamento de imagens e posterior processamento no escritório. Esse processo alternativo possibilitou a obtenção de informações altimétricas de diversas opções de terreno em apenas uma semana.

Essa agilidade, além de atender ao cronograma, facilitou a tomada de decisões relevantes no empreendimento como, por exemplo, trocar de terreno de forma a acomodar com menor custo a pêra ferroviária projetada. A partir dos modelos digitais do terreno, foram simulados os traçados geométricos ferroviários e criados cenários de balanço de corte e aterro em duas semanas de cronograma.

A maquete eletrônica era atualizada diariamente com os modelos BIM produzidos pelas diversas equipes e discutidos semanalmente com as equipes da Rumo para tomadas de decisão e melhorias de conceitos, sobretudo pela visão das equipes de implantação e operação da empresa de logística.

Alinhada à estratégia de contratação do empreendimento em modalidade EPC, fez-se necessário que as tratativas com as proponentes ocorressem em paralelo à finalização do Projeto Básico e decisões nos cenários de capex pela Rumo. Logo, a agilidade na gestão das mudanças de decisão e troca de informações tornavam-se essencial para o processo. Neste sentido, os projetos em BIM foram relevantes para o processo onde as proponentes recebiam a documentação em formatos tradicionais (pdfs, dwg) e, também, os modelos eletrônicos. A transparência e a tecnologia trouxeram maior confiabilidade nos quantitativos e segurança no trânsito de informações.

Passada a contratação do EPC pela Rumo, a Promon Engenharia seria escolhida para ser a gerenciadora da construção do Terminal, responsável em gerenciar o epcista, desde a fase de mobilização e integração da Engenharia até o momento de comissionamento do Terminal para as primeiras cargas.

A Promon Engenharia tem orgulho de, há 60 anos, participar de empreendimentos relevantes para o Brasil e, agora, do Terminal Multimodal de Rio Verde, onde aplicou conceitos de Engenharia Digital que realmente agregam valor ao negócio da Rumo e aproximam o setor de agronegócio à nova maneira de fazer Engenharia e Gerenciamento.

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