Coração do complexo petroquímico começa a bater no início de 2013

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Fábrica de tubos montada no canteiro de obras agiliza a construção da Unidade de Destilação Atmosférica a Vácuo (Udav) do Comperj

Augusto Diniz – Itaboraí (RJ)

 

A definição de uma Unidade de Destilação Atmosférica a Vácuo (Udav) já torna possível entender porque ela é comumente chamada de “coração” de um complexo petroquímico. Pela unidade passa todo o petróleo bruto que ingressa na refinaria. Nela, o petróleo bruto sofre processo de destilação por meio de variados pontos de ebulição, para separação dos diferentes componentes, como gás combustível, GLP, nafta, querosene, diesel etc. Depois, esses fluídos são enviados para distintas unidades para refinamento.
Por ter papel essencial no conjunto é que a construção da Udav do Complexo Petroquímico Rio de Janeiro (Comperj), um dos principais investimentos da história da Petrobras, chama muito a atenção. Não é à toa que se trata também de uma das edificações mais adiantadas  atualmente na  área de 45 km² do complexo, em Itaboraí, a cerca de 50 km da cidade do Rio de Janeiro.
O consórcio SPE — composto pela Skanska (líder com 40%), Promon e Engevix — é o responsável pela construção da Udav. O contrato assinado com a Petrobras, no valor de R$ 1,15 bilhão, tem 36 meses de vigência, com início em abril de 2010 e término em março de 2013. A unidade, de 12 mil m², terá capacidade para processar aproximadamente 150 mil barris de petróleo por dia.
O trabalho do consórcio SPE inclui a análise de consistência do projeto básico, execução da engenharia, abastecimento de materiais e equipamentos, construção civil, montagem eletromecânica, comissionamento, execução e assistência à operação.
O engenheiro Orlando Gavilanes, diretor do projeto do consórcio, com quase 30 anos de experiência em empreendimentos na modalidade EPC, explica que o cumprimento do cronograma decorre do exame cuidadoso de todas as etapas do projeto, antes mesmo dele ter sido  assinado. “Essa precaução foi decisiva para a diminuição de riscos. Ganhou-se tempo, por exemplo, com a seleção de fornecedores na fase de engenharia e também na parte de suprimentos”, analisa. 
O início das obras de construção civil aconteceu no dia 19 de abril de 2010, exatamente um mês depois da consolidação do projeto executivo. De lá para cá, os serviços avançaram no prazo, que prevê o fim da montagem eletromecânica no final do ano, e a simulação da operação no primeiro trimestre 2013.
A convergência de cultura das três empresas do consórcio também foi considerada por Gavilanes um passo importante para que os trabalhos caminhassem de acordo com a previsão. No âmbito da construção, o engenheiro expõe que o planejamento feito por setorização para a montagem da unidade, seguindo rigorosamente a ordem de priorização dos trabalhos, tem sido primordial.

MAIS DE 1 MIL T DE TUBULAÇÃO MONTADA

Já foram realizadas mais de 30% da montagem eletromecânica da Udav. As obras civis alcançam aproximadamente 90%.
O pipe rack, iniciado em meados de abril de 2011, é feito de elementos pré-moldados e tem sua fase de montagem concluída. O engenheiro Santo Sciulli, coordenador de montagem industrial, explica que nessa fase “o desafio é colocar todo mundo pedalando”, para que a operação de colocação das tubulações ocorra de forma permanente, correta e dentro do cronograma. Já foram montadas mais de 1mil t de tubulação na Udav — no total, serão 2,7 mil t de tubulação e 500 t de válvulas (que unitariamente representam mais de 20 mil válvulas).
O pipe rack, com cinco níveis e 27 m de altura, mede 200 m de comprimento na posição leste-oeste e 60 m de comprimento na posição norte-sul do complexo. No total, são 58 pilares de 80 cm x 80 cm, sendo 50 com 18 m de altura e 25 t cada, e oito pilares de 27 m de altura e 50 t cada — 600 vigas de 10 t cada, também, foram utilizadas. A Paranasa, contratada e gerenciada pelo Consórcio SPE, foi a responsável pela construção civil do pipe rack.
Na etapa de montagem do pipe rack o consórcio SPE mobilizou guindastes de 70 t e 150 t, para içamento dos pilares e vigas de concreto.  A área em que foi instalado o pipe rack sofreu escavação de 1,5 m para rebaixamento do solo para facilitar a implantação das bases em diferentes perfis no local.
Na unidade, já foram colocadas em meados de 2011 as chaminés dos fornos – ambas são bem visíveis no complexo pelas suas dimensões (70 m de altura cada) e também pela característica peculiar em um complexo petroquímico. As chaminés são responsáveis por expelir os gases provenientes de combustão durante o processo de destilação do petróleo bruto.
Os fornos localizados ao lado das suas respectivas chaminés estão sendo montados. O petróleo bruto passará por esses fornos e entrará em processo de destilação. A destilação acontecerá tanto na torre de destilação atmosférica como na que funciona a vácuo, que ficam posicionadas no lado oposto do pipe rack onde estão os fornos. As torres representam a principal etapa de separação do petróleo bruto nos derivados.
No piso térreo, há 150 bombas de diferentes funções em instalação. Pelas suas características, tem necessidade de montagem cuidadosa e de alta precisão.
No topo do pipe rack, encontra-se em quase toda a sua extensão 18 resfriadores (air cooler), de 6,5 m de largura e 12 m de comprimento para resfriamento de fluidos que circulam na unidade. Há ainda na extensão da unidade 72 permutadores de calor.
Desalgadoras (para extrair o sal do petróleo bruto) encontram-se em área ao lado do pipe rack, assim como a subestação de energia (com potência instalada de 24 MW) e seus painéis de controle, que ficam na edificação da subestação. 

 

PIPE SHOP
Uma fábrica de tubos (chamada de pipe shop) foi especialmente montada em terreno próximo a Udav para atender as obras. De acordo com Thiago Dantas, coordenador de produção, a fábrica agiliza o fornecimento de material à unidade. “Eles são fabricados sob demanda, a partir daquilo que será efetivamente usado”, afirma.
O pipe shop é composto por três áreas fabris de tubos: uma para pequenos diâmetros, uma de material inox e outra de aço carbono e ligas especiais. Basicamente, a ordem de manuse
io dos tubos envolve: inspeção, corte em máquinas semiautomáticas, montagem e junção (com acessório, como flange, curva, redução, entre outros), soldagem (com solda raiz e de enchimento/acabamento), pintura e testes de qualidade.
A fábrica produz 50 t por semana de tubos, sendo que 70% das junções da montagem eletromecânica da unidade estão sendo feitas na própria fábrica e o restante, em campo. Cerca de 200 pessoas trabalham no local.
A previsão é que a fábrica de tubos seja desativada em junho de 2012. Os funcionários da área serão deslocados para as obras da unidade.

 

 

PESSOAL
Atualmente, trabalham 2.500 colaboradores no projeto da Udav no Comperj. Porém, esse número deve chegar 2.800 na fase de pico, em maio. Cerca de 80% dos trabalhadores da unidade são da chamada zona de influência do Comperj. Como o complexo fica em uma região afastada da zona urbana do município de Itaboraí e os trabalhadores vivem em comunidades dispersas da região, 30 linhas de ônibus de diferentes destinos foram colocadas pelo consórcio à disposição dos empregados.
Do total, 15% do contingente de trabalhadores são do staff das empresas do consórcio. O horário de trabalho é de 7h30 às 17h30 — todo dia, 15 minutos antes do início de trabalho, acontece o Diálogo Diário de Segurança (DDD) com os operários, comandados pelos encarregados, para passar instruções de segurança. Não se prevê trabalhos em dois turnos na obra.

FICHA TÉCNICA – UDAV DO COMPERJ

Valor: R$ 1,15 bilhões
Início: março/2010
Término: março/2013
Número de operários: 2.500 (pico 2.800 em maio/2012)
Área total: 12 mil m²
Contratante: Petrobras
Consórcio construtor: SPE — composto pela Skanska
                     (líder do consórcio com 40%), Promon e Engevix
Obras civis: Paranasa Engenharia e Comércio

 

Comperj tem investimento previsto de US$ 8 bi

Além da Udav, vários outros empreendimentos estão sendo construídos ou programados de serem construídos no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).  Em obras mais adiantadas (como a Udav e que a ladeiam) estão as unidades de hidrocraqueamento (construtora: Alusa) e a de coqueamento retardado (Construtores: Techint/Andrade Gutierrez). Mais de 11 km² do complexo serão destinados às unidades industriais e os investimentos totais superam US$ 8 bilhões, com a geração de mais de 200 mil empregos diretos, indiretos e por efeito de renda.
A primeira fase de construção do complexo, com capacidade de processamento de 165 mil barris de petróleo por dia, tem operação prevista para 2014. Na segunda fase, com previsão para 2018, a capacidade total atingida será de 330 mil barris de petróleo por dia.

O Comperj será formado por uma refinaria e unidades geradoras de produtos petroquímicos de 1ª geração, como propeno, butadieno, benzeno, entre outros. Haverá também um conjunto de unidades de 2ª geração petroquímica com produção de estireno, etileno-glicol, polietilenos e polipropileno, entre outros. Já empresas de 3ª geração, que poderão se instalar na área de influência do Comperj, serão responsáveis por transformar esses produtos petroquímicos de 2ª geração em bens de consumo, tais como: componentes para as indústrias montadoras de automóveis, materiais cirúrgicos, linha branca de eletrodomésticos, dentre outros.

Fonte: Padrão


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