Novos estádios devem estimular empreendimentos e crescimento regional

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As arenas esportivas que estão sendo construídas (algumas até já inauguradas, ver matérias nesta edição) para a Copa das Confederações em 2013 e para a Copa do Mundo em 2014 vêm sendo consideradas dentre as mais caras do mundo. Dados do Ministério do Esporte mostram que, hoje, elas somam gastos da ordem de R$ 6,904 bilhões quando, em janeiro de 2010, a previsão de aplicação de recursos, com as obras que seriam construídas nas 12 cidades-sede, incluindo reformas, modernização e estádios novos, era de R$ 5,912 bilhões.

Mas os elementos comparativos das arenas brasileiras com os estádios de outras praças, na Europa, precisam levar em conta que lá as tecnologias avançadas e os equipamentos necessários a sua aplicação se encontram à porta, enquanto, por aqui, as empresas que as estão construindo precisam importá-los. E, enquanto lá se trabalha com volume de mão de obra menor e mais especializada, aqui há canteiros que precisam empregar milhares de trabalhadores. Além disso, a logística para importação de tecnologias e equipamentos não é barata.

Independentemente, porém, destes aspectos, as arenas que estamos construindo são muito caras, mesmo considerando que em seu planejamento estavam embutidas as generosas ideias da execução de amplas obras de infraestrutura, sobretudo as de mobilidade urbana – acessos viários, melhoria dos espaços e dos equipamentos aeroportuários, metrôs, trens, monotrilhos etc. – que deveriam permanecer como legados para gerações futuras, proporcionados por uma oportunidade única: a escolha do País para sediar grandes eventos esportivos internacionais.

Pelo que então se planejava, as obras das arenas não poderiam dissociar-se das obras de mobilidade urbana, uma vez que uma está implicitamente vinculada à outra. O que ficava claro, até no relatório da Fifa (entidade máxima do futebol mundial), era que “o modelo brasileiro para a Copa do Mundo dará prioridade ao financiamento privado na construção e reforma dos estádios, enquanto os recursos públicos serão destinados a obras de infraestrutura, incluindo aeroportos, rodovias, hospitais etc.”

O que se verifica, atualmente, é que as obras das arenas avançaram e que essas modernas catedrais do futebol ficarão efetivamente prontas para a Copa. Já as obras de mobilidade urbana progridem morosamente e várias delas correm o risco, real, de ficarem, para sempre, inconclusas, como as clássicas promessas de governantes. O registro histórico mostra que os governos, nas três instâncias, prometem muito e entregam pouco, por falhas de planejamento financeiro e de gestão de obras.

Algumas das arenas, nas diversas regiões brasileiras em que estão sendo construídas e inauguradas, já se consolidam como exemplos do que podem ser do ponto de vista de estímulo à expansão das regiões metropolitanas em que se inserem. E queremos citar duas delas: a de Fortaleza e a de Pernambuco. Ambas foram planejadas como polos de crescimento regional.

A arena cearense foi concebida dentro de uma estrutura urbana que vai favorecer um conjunto de melhorias ambientais e desenvolvimento de atividades terciárias. As obras ali em curso, para garantir a mobilidade urbana, e a proximidade com o Centro de Convenções de Fortaleza, vão conferir-lhe a condição de polo de atração para atividades permanentes, além daquelas específicas para a prática esportiva.

Já a arena de Pernambuco deverá puxar o crescimento da região metropolitana do Recife para a região oeste do estado. Em suas imediações, será construída a Cidade da Copa, uma iniciativa a ser conduzida basicamente pela iniciativa privada. Futuramente, a cidade, com uma população de cerca de 70 mil habitantes, e a arena pernambucana poderão ser um ponto de equilíbrio econômico em relação a outras regiões do estado, sobretudo a de Suape.

Outras cidades brasileiras, sedes da Copa, devem atentar para os exemplos citados, a fim de que também se empenhem na construção de um legado futuro – para as futuras gerações.


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