O elemento água parece ser o grande complicador no projeto do complexo siderúrgico ThyssenKrupp CSA, no Distrito Industrial de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Depois de enfrentar as condições adversas do solo, em área de mangue – que exige reforços para a construção das instalações industriais e a montagem de equipamentos de grande porte –, e de transpor 3.800 m de lâmina d’água da Baía de Sepetiba, com a construção de uma ponte de acesso ao terminal portuário onde se dará a descarga do carvão mineral e escoamento da produção da siderúrgica, agora são as chuvas intensas que atrapalham o andamento das obras.
Grande parte da área em torno dos inúmeros canteiros de obras, instalados nos 9 milhões de m² onde se situa o empreendimento, foi transformado em um lamaçal, algumas vezes com sulcos profundos, dificultando o acesso de veículos que fazem o transporte de máquinas, equipamentos, materiais e operários. “A cada dia temos que inventar caminhos alternativos. Dificilmente dá pra fazer o mesmo trajeto dois dias seguidos”, comenta um motorista encarregado de transportar visitantes e operários, no momento em que passava pelo painel eletrônico onde se lia a informação de que faltam 347 dias para a inauguração das obras.
Infelizmente as chuvas não causam apenas problemas de logística. Várias empreiteiras contratadas para a execução de obras civis das estruturas sobre as quais serão instalados equipamentos pesados estão atrasadas nos seus cronogramas, causando um perigoso efeito dominó. É o que revela o engenheiro Cássio Ferreira, do contrato da MIP Engenharia com a ThyssenKrupp CSA.
O contrato da MIP consiste na montagem eletromecânica de um sistema de manuseio e transporte completo e Jetty Conveyors, composto por cinco máquinas de pátio para carvão, minérios e aditivos, 37 transportadores de correia para os pátios de carvão e minérios e dois transportadores de píer (Jetty Conveyors), com seus respectivos componentes e acessórios. Serão 39 correias transportadoras que totalizam mais de 20 km de extensão. Além disso, a empresa é responsável pela montagem de uma completa rede de utilidades que servirá ao sistema de transporte dos insumos da siderúrgica.
Ferreira admite que os prazos apertados para o cumprimento do cronograma já era considerado um grande desafio a ser enfrentado. Mas reconhece que as chuvas tornaram o cenário mais preocupante, na medida em que atrapalham a execução das obras civis.
A própria MIP sofre diretamente com o agravamento das condições do solo, causado pelas chuvas. “Frequentemente temos que pedir reforço de solo nas áreas mais afetadas, onde necessitamos usar guindastes mais pesados, por exemplo, o quem sempre resulta em atrasos”, relata Cássio Ferreira.
Plano B
Para evitar complicações em um futuro próximo, o gerente da MIP traçou um Plano B: mandou acelerar a construção de um alojamento para 500 operários, com infra-estrutura completa de uma mini-cidade, localizado no município de Itaguaí, vizinho a Santa Cruz, e está arregimentando a melhor mão-de-obra de que a MIP dispõe, nos seus diversos canteiros espalhados pelo País. Em Ouro Branco, em Minas Gerais, por exemplo, a empresa mandou buscam cerca de 200 operários qualificados, com especialidade em montagem eletro-mecânica. Eles atuavam nas obras de ampliação da planta industrial da Gerdau-Açominas, que está hoje em fase de acabamentos.
A idéia é aumentar a capacidade de produção da unidade da CSA, de forma a deixar tudo pronto para a montagem tão logo as obras civis sejam concluídas. “Atualmente 250 profissionais trabalham na obra. Nossa idéia é aumentar para até 1.300 homens no período de pico dos serviços, em junho”, estima Cássio Ferreira.
Serão montadas 16 mil toneladas, sendo aproximadamente 3,5 mil toneladas de máquinas, 10 mil toneladas de transportadores e 2,5 mil toneladas de outros equipamentos. Além disso, a empresa montará seis subestações elétricas, seus painéis, bandejas, eletrodutos e cabos, que irão superar 1.130 toneladas.
Outro grave problema enfrentado pela MIP não está relacionado à incidência de chuva na região, mas ao aquecimento do mercado da Construção: falta equipamentos para a compra ou locação. “Se antes tinha que esperar cerca de uma semana para a entrega de um guindaste pelo fabricante, hoje essa espera pode chegar a 12 semanas ou mais. Nesse exato momento estou aguardando a entrega de um guindaste pesado por uma empresa de locação com a qual trabalho há muito tempo. E nada da máquina chegar. Quando eu ligo para cobrar o que me informam é que o operador, que vem junto com a máquina contraiu a dengue e está se recuperando. Mas eu sei que não é nada disso. A máquina está comprometida com outra obra e eles estão tentando ganhar tempo conosco”, desabafa o engenheiro.
Para contornar mais essa dificuldade, a MIP está transferindo para seu canteiros na CSA todos os equipamentos – alguns da frota própria – que consegue liberar em outras obras onde atua, pelo Brasil afora. De um empreendimento em Paragominas, no estado do Pará, por exemplo, está sendo transferido um guindaste de 70 t.
Trata-se de uma operação de logística sofisticada, que implica em perda de tempo e dinheiro. Mas foi a alternativa encontrada para a falta de equipamento no mercado.
Apesar de todos os agravantes, Cássio Ferreira ainda não se mostra muito preocupado. “Hoje eu estou com grande volume de equipamentos pré-montados e uma quantidade um pouco menor de outros montados no canteiro da MIP, para serem transportados em módulos para as áreas de montagem.
Considero que a situação está sob controle, uma vez que as obras ainda estão num estágio inicial. Os grandes desafios certamente começarão mais adiante, quando as obras da siderúrgica estiverem 50% concluídas”, estima o engenheiro.
“Essa obra é a porta de entrada da MIP Engenharia para um novo cliente, a CSA e o Grupo ThyssenKrupp. Portanto, um trabalho com total competência, perseverança e empenho poderá agregar em preparo, para a busca de desafios ainda maiores para a MIP”, ressalta Cássio Ferreira.
A MIP Engenharia é especialista em montagens industriais pesadas e participou das principais obras de implantação e expansão do parque industrial brasileiro. Atuante em diversos segmentos de negócios, tais como papel e celulose, siderurgia, metalurgia, cimento, energia, mineração e petróleo, a empresa tem apresentado crescimento sustentável ao longo de seus 46 anos de existência no mercado brasileiro. A MIP atende a clientes como: Acesita, Albras, Alcan, Alcoa, Alunorte, Anglo American, AngloGold, Bahia Pulp, CBC, Cenibra, CST, CVRD, Dedini, Gerdau-Açominas, Man, MBR, Metso, Novelis, Petrobrás, Samarco, Vallourec & Mannesman Tubes, Veracel, Votorantim,
Usiminas, dentre outros.
Fonte: Estadão