Demissões no fim do ano vão além da sazonalidade na construção civil

A deterioração das expectativas em relação às condições gerais da economia brasileira afetou negativamente o nível de emprego na indústria da construção civil brasileira no último bimestre para além dos conhecidos efeitos sazonais, decorrentes do período de chuvas e das férias. Segundo a pesquisa mensal do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) e da FGV Projetos, com base nos dados do Caged/MTE, em dezembro a queda percentual no emprego em relação a novembro foi de 4%, o que, descontados os efeitos sazonais, revela uma redução de 1,2% no número de trabalhadores com carteira assinada no setor. Isso significa que, do total de 87,4 mil postos de trabalhos perdidos em dezembro, 25% foi por outras razões que não a sazonalidade.

Para o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, “essa redução pode ter sido determinada pelo cancelamento dos lançamentos, que levou algumas empresas a dispensarem trabalhadores mantidos provavelmente porque uma nova obra já iria começar em seguida”.

No final do ano, as expectativas eram de que a crise por si não afetaria no curto prazo o emprego formal na construção, já que seu ciclo de produção longo poderia garantir um horizonte de atividades aquecidas provavelmente até o final do primeiro semestre de 2009. “Vale notar que o estoque de trabalhadores com carteira fechou o ano no patamar de 2,084 milhões. Ou seja, a construção ainda continua com um ritmo de atividade bastante forte e superior aos últimos anos. No entanto a continuidade desse ritmo estará condicionada ao início de novas obras, especialmente a partir do segundo semestre”, afirma Watanabe.

A FGV Projetos observa, no entanto, que também os resultados de novembro já mostravam uma redução um pouco maior que a esperada: desconsiderados os efeitos sazonais, a queda no emprego representou uma retração de 0,2%. Ou seja, dos 21,7 mil postos de trabalho fechados naquele mês, 15% se deram por outros motivos não relacionados com a sazonalidade característica desse período.

Mesmo assim, a construção civil brasileira encerrou 2008 com aumento percentual médio acumulado de 17,36% no seu nível de emprego, em relação a igual período de 2007.

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Na comparação feita apenas entre os meses de dezembro de 2008 e de 2007, o setor fechou com saldo positivo de 250 mil trabalhadores, representando um crescimento de 13,64% no número de vagas.

No Estado de São Paulo, o efeito não sazonal foi um pouco maior em dezembro. A queda no emprego em relação a novembro atingiu de 2,62% (menos 15.940 vagas); descontados os efeitos sazonais, foi de 0,96%. Significa que 37% das demissões na construção civil paulista ocorreram por outras razões.
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Na comparação com dezembro de 2007, as empresas paulistas, que chegaram a empregar mais 94.
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300 trabalhadores em outubro, fecharam 2008 com saldo positivo de 76.350 vagas, ou alta de 14,8%, num estoque de 592,4 mil empregados.

As demissões superaram as contratações em todas as regiões do Estado. O destaque negativo foi Sorocaba, que dispensou 2.

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372 pessoas no mês (baixa de 3,55%). Em Presidente Prudente, as empresas demitiram 592 trabalhadores, o que representou queda de 7,38% no estoque do setor na região.

Na Capital paulista, o recuo do índice em dezembro foi de 1,71%, com 4.957 postos de trabalho extintos. No ano, o crescimento acumulou ficou em 15,5%. Com isso, o estoque de mão-de-obra da construção civil no município de São Paulo fechou 2008 com 285,5 mil empregados com carteira assinada.

Regiões do Brasil – Em dezembro, todas as regiões do país registraram queda no nível de emprego da construção. As regiões Norte e Centro-Oeste foram as que apresentaram quedas mais acentuadas, de 7,5% e 7,49%, respectivamente. No Sul, a redução foi menor: 8.889 trabalhadores foram dispensados, numa baixa de 2,99% no nível de emprego. No Sudeste, ele caiu 3,68%, com a dispensa de 44.703 pessoas.

Fonte: Estadão

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