Desvio do Tocantins mantém Estreito dentro do cronograma

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A usina hidrelétrica Estreito, uma das maiores do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC),tem tudo para entrar em operação comercial em outubro próximo.O desvio do rio, realizado em setembro do ano passado, mantém o prazo

A obra, dimensionada para uma potêcia instalada de 1.087 MW é um dos maiores aproveitamentos do rio Tocantins e está entre as mais importantes hidrelétricas em construção no País. O sítio do aproveitamento está a montante da ponte que transpõe o Tocantins, na interligação das rodovias federais Belém-Brasília (BR-010) e Transamazônica (BR-230). Compreende área de 12,77 km², assim distribuídos: margem direita do Tocantins: 8,85 km²; margem esquerda: 1,30 km² e, sobre o rio: 2,62 km².

O aproveitamento foi identificado quando da realização do inventário da bacia do rio Tocantins na década de 1970. A definição final do eixo da barragem de núcleo argiloso, com face de enrocamento, das estruturas da casa de força e vertedouro, considerou os aspectos geológicos das ombreiras tendo em vista as condições de construção, operação e segurança necessária para o empreendimento. O comprimento do barramento, incluindo as estruturas de concreto localizadas nas margens, é da ordem de 1.300 m.

As operações de desvio do rio foram planejadas em duas fases: na primeira, o Tocantins prossegue em seu leito natural, enquanto são executadas as instalações do circuito de geração – casa de força, tomada d´água, áreas de descarga e montagem e canal de fuga – na margem direita, e do vertedouro na margem esquerda. Para isso, foram executadas nas duas margens ensecadeiras em forma de U. Na segunda etapa (o que ocorreu em setembro de 2009) o rio foi desviado para o vertedouro, constituído de 14 vãos, seis dos quais rebaixados para este fim.

Concreto refrigerado e peças pré-moldadas

As estruturas da obra, incluindo o vertedouro, agregam uma combinação de diversas técnicas construtivas, tais como lançamento de concreto refrigerado e o emprego de peças pré-moldadas, uma solução que se verificou eficiente considerando o cronograma dos trabalhos. O vertedouro possui largura de 335 m, altura dos pilares de 42,50 m e 14 vãos de comportas de 19,10 x 30,0 m cada. O volume de concreto por pilar é da ordem de 8.000 m³.

Os estudos definiram para essa obra o lançamento de concreto a temperaturas entre 15º e 25 º graus centígrados, quando refrigerado. A operação de lançamento de concreto utilizou mastros lançadores; bombas-lança e estacionária; caçambas pneumáticas e telebelts. Simultaneamente optou pela utilização de formas deslizantes na execução dos pilares do vertedouro, bem como o uso da pré-armação de aço.

A combinação dessas técnicas teve em vista reduzir o prazo de execução e, ao mesmo tempo, introduzir melhorias no sistema de segurança durante os trabalhos. A construtora recorreu também à técnica da cura a vapor nas vigas da ponte do vertedouro. A otimização obtida na pré-moldagem e com a movimentação das peças do pátio de concretagem refletiu-se na redução do prazo na linha de produção.

No conjunto, o vertedouro absorveu um volume da ordem de 315 mil m³ de concreto. A bacia de dissipação, com 106 m de comprimento, 330 m de largura e 1,50 m de altura, absorveu mais de 55 mil m³ de concreto.

O circuito de geração, que inclui as estruturas da tomada d´água, casa de força, área de descarga e montagem e canal de fuga, tem 360 m de extensão e é constituído de oito unidades de geração. Serão pré-moldadas as lajes da galeria mecânica e da tomada d´água e do pórtico rolante.

A barragem

A barragem de enrocamento, com núcleo de argila, tem 600 m de comprimento. O volume de enrocamento é da ordem de 775.000 m³ e o volume do material para transição soma 182 mil m³. Ali serão aplicados 188.000 m³ de argila. Nesse serviço serão utilizados caminhões fora de estrada CAT 777; escavadeiras Liebherr 984; tratores de esteira D6, D8 e D9; caminhões basculantes de 20 m3 e motoniveladora 160 H e 140 H .

Levando-se em conta a área do conjunto dessas grandes estruturas de concreto, bem como a área da construção das ensecadeiras, a terraplenagem ali realizada movimentou um volume de 11.336 milhões de m³. Para essas frentes de trabalho foram mobilizado 10 tratores de esteira, 20 caminhões fora de estrada CAT 777 , 15 caminhões basculante de 20 m³ e 11 escavadeiras hidráulicas .

Para a segunda fase do desvio do rio quando houve necessidade da remoção das ensecadeiras, o serviço de terraplenagem atingiu um volume de cerca de 12 milhões de m³. A área total, objeto desse serviço, soma 1.155.707 m².

Soluções técnicas

A Leme Engenharia, que responde pelo gerenciamento do projeto da obra, informa que tem acompanhado as diversas fases, incluindo os trabalhos da segunda parte das obras civis e a montagem eletromecânica. Algumas das soluções técnicas mais significativas que ela relaciona, são as seguintes:

Montagem das comportas do vertedouro sobre o fluxo d´água. – Devido a circunstâncias do cronograma, as 14 comportas do vertedouro são montadas após o desvio do rio e sobre o fluxo de água. Para tanto, foram construídas plataformas auxiliares, montadas a 19 m de altura em relação ao piso dos vãos por onde o rio foi desviado. As comportas-segmento são divididas em 10 painéis que são montados a partir da plataforma. Quando concluída a montagem, as comportas serão suspensas para a retirada das plataformas e liberação do curso total.

Cortinas de Jet Grouting para impermeabilização das fundações das ensecadeiras de 2ª fase. – A geologia local consiste de uma rocha arenítica sobre a qual, no leito do rio, existem depósitos aluvionares de espessura variável e de alta permeabilidade. Com o objetivo de impermeabilizar as fundações das ensecadeiras de 2ª fase, que obturam o leito principal do rio para a construção da barragem, foram construídas cortinas triplas de colunas de 70 cm de diâmetro com tecnologia Jet Grouting, totalizando cerca de 2 mil colunas, processo que vem tendo desempenho altamente satisfatório.

Parede-diafragma plástica para impermeabilização da fundação da barragem principal. Será construída no primeiro semestre deste ano uma parede-diafragma plástica de 5 mil m² utilizando Hidrofresa, para impermeabilização da fundação da barragem principal. O arenito existente no local não aceita injeções para formação de uma cortina impermeabilizante. Daí, a seleção da tecnologia mencionada.

Ficha técnica

– Consórcio Estreito Energia – Ceste – responsável pela Usina Hidrelétrica Estreito

– Investimentos: R$ 3,3 bilhões

– Construtora OAS Ltda. – responsável pelas obras civis – terra e concreto.

– Consórcio Eletromecânico Estreito (Ceme), formado pelas empresas
Voith-Siemens/Alstom

– Leme Engenharia (Engenharia do Contratante)

– Consórcio Intertechne/CNEC (projeto básico e executivo civil)

– Consórcio Isolux Corsan S. A. e Siemens
(instalações do sistema de transmissão restrito)

– PCE – Projetos e Consultoria de Engenharia
(Planejamento da integração e gerenciamento de interfaces)

– Novatecna Consolidações e Construções S. A.
(Execução de coluna Jet Grouting)

– Sondosolo Geotecnia e Engenharia Ltda (sondagem)

– Flapa Mineração e Incorporações Ltda. (Produção e fornecimento de agregados)

– Techdam Tecnologia para Barragens Ltda.
(Serviços de controle tecnológico laboratorial de concreto)

– Damasco Penna Engenheiros Associados (Prospecção Geotécnica)

– Principais prestadores de serviço:

Drilling do Brasil Ltda

Arcoenge Ltda

U&M Mineração e Construção S/A

Dandolini & Peper Ltda

Protende Sistemas e Métodos de Construção Ltda

Mills Estruturas Ltda

Arenita Mineração Ltda

Fonte: Estadão


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