O diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Haroldo Lima, afirmou ontem que uma das áreas que estão sendo exploradas pela Petrobras na bacia de Santos tem reservas de petróleo da ordem de 33 bilhões de barris.
Segundo ele, o novo campo teria até cinco vezes mais petróleo do que o estimado para Tupi (de 5 bilhões a 8 bilhões de barris de óleo equivalente). Anunciado em novembro, Tupi é o maior campo já descoberto no país.
Lima disse que as informações -transmitidas aos participantes de um seminário e depois reafirmadas aos jornalistas no evento- eram “oficiosas”. “Estamos sabendo por canais não-oficiais, mas oriundos da operadora”, afirmou. A Petrobras, maior empresa do país, não confirmou as informações.
Em nota, a estatal informou que está seguindo o programa exploratório do bloco BM-S-9 e que “dados mais conclusivos sobre a potencialidade da descoberta [uma área de exploração chamada de Carioca] só serão conhecidos após a conclusão das demais fases do processo de avaliação”. O plano de avaliação, em fase final de elaboração, será protocolado na ANP nos próximos dias.
As declarações do diretor-geral da agência reguladora tiveram efeito imediato na Bovespa. Os papéis da Petrobras dispararam. As ações ordinárias (com direito a voto) fecharam em alta de 7,67% -mesmo com a queda de 0,69% do Ibovespa.
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Em nota, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) afirmou que “considera prejudicial a divulgação de informações sobre companhias abertas por pessoas que não façam parte de sua administração” e que analisará se tomará providências.
Em nota, no início da noite da ontem, a ANP informou que as declarações de Lima foram de “caráter oficioso” e que as informações sobre o potencial do campo Carioca já haviam sido publicadas na edição de fevereiro da revista “World Oil”, numa coluna assinada pelo jornalista Arthur Berman.
A “World Oil” é uma revista especializada sediada em Houston.
Especialistas do setor estranharam a maneira como o diretor da ANP divulgou os dados.
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“Esse não deveria ser o caminho. É a Petrobras, que tem papel em Bolsa, que deveria fazer”, disse Giuseppe Bacoccoli, pesquisador da Coppe/UFRJ.
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“Nesse tipo de situação, algumas pessoas podem ganhar dinheiro, e outras, perder”, afirmou Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura.
O novo campo, conhecido pelos técnicos como Carioca ou Pão-de-Açúcar, faz parte do bloco BM-S-9 e fica próximo dos campos de Tupi e de Júpiter -onde a estatal descobriu uma grande reserva de gás natural. Todos fazem parte da camada pré-sal, uma faixa de 800 quilômetros que vai do litoral de Santa Catarina ao do Espírito Santo com enorme potencial de petróleo e gás. Segundo o diretor-geral da ANP, o Carioca seria a maior descoberta de petróleo dos últimos 30 anos em todo o mundo -e o terceiro maior campo do planeta.
Operado pela Petrobras, que tem 45% do bloco, o BM-S-9 também pertence a duas companhias estrangeiras: a britânica BG, com 30%, e a hispano-argentina Repsol YPF, que tem os outros 25%. O bloco é composto por duas áreas exploratórias. Na maior delas foi perfurado um primeiro poço, que resultou numa descoberta anunciada em setembro do ano passado. Na época, a estatal informou que “os reservatórios encontrados têm boas características de produtividade e volumes economicamente viáveis, nas condições geográficas da área (2.140 metros de profundidade e a 273 km da costa)”.
No último dia 22, a Petrobras começou a perfuração de um segundo poço, mas ainda não atingiu a camada pré-sal.
De acordo com o pesquisador da Coppe/UFRJ, se confirmada, a descoberta redefiniria mais uma vez, em menos de seis meses, o mapa do petróleo brasileiro: “A estimativa inicial era que existisse uma reserva de cerca de 70 bilhões de barris em toda a camada pré-sal. Mas, se só esse novo campo tiver mesmo 33 bilhões de barris, as previsões terão que ser refeitas, para cima”.
Fonte: Estadão