Das antigas fábricas de tijolinhos de barro inseridas nos bairros paulistanos da Lapa, Mooca e Barra Funda, sobram apenas as lembranças proporcionadas pelo edifício do Sesc Cultural Pompéia, projeto da aquiteta Lina Bo Bardi que remeteu às unidades fabris do passado, inclusive no modo de executar a torre. A partir de 1970, disseminou-se a utilização das estruturas de concreto armado ou pré-moldados, seguindo as tendências do boom de obras de grande porte, que começaram a emergir na época, tais como fábricas e shopping centers. “Esse foi o principal fato ocorrido na área industrial nesses 30 anos, algo que já era utilizado há muito tempo nos países europeus”, destaca Wilson Pompílio, diretor da Construtora Racional. Ele recorda a construção da usina Villares Indústria de Base (Vibasa), no Vale do Paraíba, nos idos de 1976, com estruturas fabricadas em canteiro. “Improvisamos as betoneiras e usamos usinas móveis, pois ainda não havia uma infra-estrutura disponível para executar esse tipo de obra”, diz ele. Na mesma época, a construtora executou o projeto da Dabi Atlante, de equipamentos médicos. “Foram 35 mil m² totalmente erguidos com estruturas e fechamentos pré-moldados, tesouras de concreto com vãos de 30 m, com telhas também de concreto, uma novidade que deu grande velocidade para a obra, na época”, destaca. Segundo Pompílio as principais evoluções do setor ficaram por conta do aperfeiçoamento do concreto, que atingiu resistências maiores, permitindo estruturas mais altas e esbeltas, assim como pisos mais duráveis e resistentes. A opinião é compartilhada por Paulo Bina, da Monobeton, que destaca a possibilidade de execução de vãos livres e sem pilares, com maiores alturas de estocagem, resultando no melhor aproveitamento das áreas. Mas um grande salto, a seu ver, foi proporcionado na área de pisos. “Há 20 anos utilizavam-se as formas de damas. Hoje é possível utilizar modulações de 60 a 80 m de largura, FCK de 35 a 40 MPa, com adições de fibras e aditivos, que ampliam a resistência e durabilidade. O menor número de juntas reduz a necessidade de manutenção e amplia o conforto dos operadores de empilhadeiras”. A fábrica da Coca-Cola foi um das primeiras a ser executada, utilizando-se o piso-zero. Bina menciona outras fábricas as quais, segundo ele, se enquadram no posto das mais modernas em termos de projeto e tecnologias: a Crow Cork (latas de alumínio), em Cabreúva (SP); a Bauducco, em Extrema (MG), a Cãmara Frigorífica da Big Franco, em Rolândia (PR). O engenheiro Aluízio M. d´Ávila destaca o avanço tecnológico dos softwares, o que permitiu o cálculo de pórticos múltiplos, grelhas, placas flexíveis, com muito mais precisão e rapidez. Para ele, o futuro nessa área aponta para a maior utilização de protendidos e dos pré-moldados. “Deverão se consolidar os projetos de estruturas pré-moldadas, solidarizadas e de grande porte. Para tanto, os empreiteiros necessitarão de gruas ou guindastes de grande capacidade para montar as peças. O estádio João Havelange é a primeira obra no Brasil com esse espírito”.
Fonte: Estadão