Com a liberação do Tribunal de Contas do Estado, que julgou improcedentes restrições no processo licitatório inicial, a Desenvolvimento Rodoviário S. A. (Dersa) apressou as tratativas para a construção do túnel imerso que substituirá o tradicional sistema de travessia, via balsa, entre Santos e Guarujá, no litoral paulista. E contratou a empresa Royal Haskoning DHV, considerada a mais antiga companhia de engenharia da Holanda, para prestar consultoria ao projeto executivo da obra.
A construção contará com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e isso talvez se reflita no cronograma inicial da obra, que previa a conclusão para meados de 2016.
O projeto do túnel sepulta projeto anterior, defendido durante a administração do governador José Serra, que previa a construção de uma ponte estaiada.
A opção pelo túnel leva em conta, segundo a Dersa, estudo da demanda local e dos sistemas construtivos disponíveis. Foram identificados quatro componentes principais da demanda: pedestres, ciclistas, automóveis e caminhões. As necessidades de pedestres e de ciclistas indicaram o melhor posicionamento do ponto de travessia em região intermediária do canal, de modo a facilitar a ligação entre Vicente de Carvalho, no Guarujá, com a região mais central de Santos.
Simulações realizadas no estudo consideraram 13 projetos diferentes para a travessia, agrupados em sete posições distintas. E, a conclusão, foi a de que o posicionamento da travessia num ponto intermediário do canal produziria melhores desempenhos com a opção escolhida.
A expectativa da Dersa é a de que o ponto escolhido tenha a preferência de grande parte dos usuários que hoje utilizam a balsa Santos-Guarujá, que não será desativada; apenas terá a pressão de tráfego reduzida. A opção pelo túnel permitirá a eliminação da fila e, simultaneamente, a convivência de dois pontos distintos de transposição urbana no canal.
A empresa argumenta que, como o porto de Santos iria exigir que uma eventual ponte tivesse altura mínima de 85 m e a proximidade de Vicente de Carvalho com a Base Aérea limita edificações em até 75 m de altura na região, a opção viável seria mesmo o túnel.
A obra – túnel imerso – será construída utilizando uma tecnologia considerada ainda inédita no Brasil. Ele terá 900 m de extensão e, ao invés de ser escavado, será formado por peças de concreto armado, fabricadas em terra e, depois, transportadas e afundadas no local da travessia. O túnel respeitará uma profundidade mínima de 21 m, compatível com o projeto de aprofundamento do canal do porto. Ele terá três faixas em cada sentido, com espaço também para o futuro prolongamento de ramal de VLT (veículo leve sobre trilhos) a ser construído na Baixada Santista.
Estimado de R$ 1,3 bilhão, o túnel ligará os bairros de Outeirinhos, em Santos, a Vicente de Carvalho, no Guarujá.
Fonte: Revista O Empreiteiro