A revista dá sequência, nesta edição, à publicação da história de líderes empresariais que contribuíram, com projetos e obras executados
por suas empresas, para o desenvolvimento da Engenharia brasileira
em suas diversas modalidades
Do Mangueirão ao Parlatino
*Rosane Santiago – Rio de Janeiro (RJ)
A Estacon iniciou sua trajetória, em janeiro de 1969, em Belém do Pará. Na época, a denominação adotada pela empresa era Estacon – Estacas, Saneamento e Construções LTDA. No começo de suas atividades, a companhia atuava nas áreas de topografia, projetos geométricos e fundações.
Seu nome está ligado à implantação de uma das primeiras minas em plena Amazônia- na construção do Núcleo Urbano do Projeto da Mineração Rio do Norte (MRN) em Porto Trombetas, no município de Oriximiná. A cidade foi construída para acomodar os empregados da MRN e seus familiares, aproximadamente 6 mil habitantes. A MRN implantou neste núcleo urbano uma completa infra-estrutura de saneamento básico e social.O complexo Trombetas tem usina de geração de energia, sistemas de suprimento de água potável e de tratamento de esgoto. A vila residencial é constituída por mil casas, além de dormitórios para mais de 1,5 mil funcionários solteiros. A infra-estrutura também é composta por escola até o ensino médio, com capacidade para mais de mil alunos; hospital com 32 leitos e serviços laboratoriais; clubes de lazer; cine-teatro; Casa da Memória; centro comercial; aeroporto e sistema de comunicação nacional e internacional.
Formado pela Universidade Federal do Pará, Lutfala Bitar atua no setor de construção há mais de 50 anos, 40 deles dedicados em engenharia na Estacon. "Termos contribuído fortemente na execução de grandes projetos na Amazônia é, sem dúvida, motivo de satisfação", comenta, Bitar. Como um dos pioneiros do setor na Região Norte, sente-se realizado por ter conseguido fazer da Estacon uma empresa com projeção nacional, realizando obras em quase todos os Estados, sob as mais diferentes condições.
Entre os empreendimentos executados pela companhia, Bitar destaca a construção da rodovia Belém-Brasília, considerada monumental para a época. Outras obras citadas pelo presidente da Estacon: as barragens de terra para o DNOS, no Maranhão e o sistema adutor do rio das Velhas, em Minas Gerais. "Todas verdadeiras escolas na formação profissional e pessoal, para enfrentar grandes obstáculos", explica.
A companhia completa 41 anos de atividades em múltiplos segmentos e escala nacional.
Em Belém do Pará, localiza-se uma das obras históricas da empresa.
O Estádio Olímpico do Pará, o "Mangueirão", totalmente coberto e com capacidade 54.600 espectadores sentados, estrutura em concreto armado e dotado de pista oficial de atletismo. As dimensões de seu campo de futebol atendem às exigências da FIFA. O estádio está apto para sediar competições internacionais. "É um dos mais bonitos e modernos do País", garante Bittar.
O presidente da Estacon destaca outra referência no portfólio da empresa: a sede do Parlamento Latino-Americano, projeto de Oscar Niemeyer, na cidade de São Paulo. A obra é constituída por um cilindro de concreto de 42,4 cm de diâmetro, alturas de 21 m e espessura de paredes de 30cm. Os três primeiros pisos têm suas lajes engastadas nas paredes periféricas. Os demais são formados por lajes circulares de raio de 11,2 m com uma das extremidades engastadas nas paredes periféricas e as outras suportadas por tirantes formados por tubos metálicos e cordoalhas protendidas, apoiados nas vigas de cobertura. Bitar enfatiza que esta obra exigiu que fosse realizado um complexo sistema de monitoramento de vibrações e deslocamentos, em função de sua proximidade com a linha do Metrô ligada ao terminal da Barra Funda, que passa apenas 3 m abaixo do nível da obra.
Sobre o momento da empresa, lutfala bitar ressalta a importância de sua equipe com mais de 1.500 funcionários e deixa um recado: " Precisamos continuar, junto com outras lideranças, associações e entidades de classe, não só do setor da construção, a buscar melhores condições para o desenvolvimento da atividade empresarial. Precisamos lutar pela destinação de recursos para viabilização dos grandes empreendimentos desenhados para o País, principalmente na região amazônica, a fim de que o manancial de suas riquezas possa se reverter em benefícios locais. É importante respeitar os limites que garantam a sustentabilidade dos recursos, e que as empresas da região Norte possam ter efetiva participação na execução desses empreendimentos".
Racional Engenharia: trajetória de quase quatro décadas
Da Pré- fabricação de estruturas em concreto até o
"Preço Máximo Garantido"
*Guy Correa – São Paulo (SP)
A construtora, fundada em 1971, é hoje uma das líderes do mercado privado de construção civil do País e suas mais de 550 obras superam a marca de sete milhões de metros construídos.. Sempre esteve atenta às inovações tecnológicas e de serviços, atua nos setores: industrial, edificações de missão crítica, shopping center e varejo, saúde, hoteleiro e resorts, logística, corporativo e educação e cultura.
No início das atividades da empresa, o Brasil atravessava um forte ciclo de crescimento econômico, que ficou conhecido como "milagre brasileiro". Naquele momento, a Racional optou por apostar num diferencial competitivo, o até então inédito modelo de pré-fabricação de estruturas em concreto, produzidos no próprio canteiro da obra, um caminho inovador, que contava com a racionalização de processos construtivos.
Na década de 80, marcada por sucessivos choques econômicos, a construtora investiu suas atenções em novas oportunidades de investimento privado, como shopping centers e redes de varejo, empreendimentos hoteleiros, hospitalares e corporativos. A estagnação do setor de construção na década seguinte obrigou a companhia a seguir por outros caminhos. Nesta fase, a Racional começou a oferecer formatações de serviços ainda mais econômicas e com maior envolvimento no desenvolvimento de projetos, iniciando os conceitos de engenharia de valor e gestão integrada de custos, oferecidos na modalidade "Preço Máximo Garantido".
Nos anos 2000, a empresa incorporou aos seus serviços a pré-construção e o design & build, que também funcionaram como grandes diferenciais competi
tivos. Nesse período, a Racional expandiu sua atuação para o segmento de Edificações de Missão Crítica.
Newton Simões herdou de seu avô materno, um imigrante italiano da Toscana, sua paixão pela arquitetura e construção. Alberto Tanganelli chegou ao Brasil ainda adolescente e começou a trabalhar como servente de pedreiro. Mesmo com pouca instrução, obteve grande sucesso profissional, chegando a receber o título de Arquiteto Licenciado. "Tudo isso, sem dúvida, despertou minha vocação. Entre arquitetura e construção, fiquei com a segunda pela minha forte habilidade em racionalização", explica Simões.
Sua trajetória profissional começou no quarto ano da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, quando foi estagiar numa pequena construtora, que atuava em construção habitacional popular. Como estagiário, Newton Simões acumulou três funções: orçamentista, comprador e fiscalização de obras. Formado, voltou suas atenções para o segmento de construções industriais, a pré-fabricação. Após a graduação, cursou MBA na Fundação Getúlio Vargas que suscitou seu interesse por novos modelos de gestão.
"Como o ambiente na empresa onde trabalhava não assimilou minhas ideias, optei por sair e procurar sócios para constituir a empresa dos meus sonhos. Em 1971 nasceu a Racional", conta. Newton Simões sublinha que sua companhia enfrentou vários momentos de crise econômica no Brasil sem alterar suas principais diretrizes e estratégias.
Atualmente, entre outros importantes empreendimentos, a Racional está atuando na ampliação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (São Paulo/SP) e do Campus Campinas do Mackenzie (Campinas/SP). A companhia também está trabalhando na construção do parque logístico Centeranel Raposo (SP), da sede administrativa da CEDAE (Rio de Janeiro/RJ) e dos centros de compras ParkShoppingBarigui (Curitiba/PR), Shopping Granja Vianna (São Paulo/SP), Shopping Sete Lagoas (Sete Lagoas/MG), Polo Shopping Indaiatuba (Indaiatuba/SP), ParkShoppingSãoCaetano (São Caetano/SP) e Mooca Plaza Shopping (São Paulo/SP).
Entre as obras da Racional, duas mostram sua vocação arrojada. O Shopping Paulista foi construído a partir da transferência de cargas de toda uma estrutura existente, de mais de 50 anos, para uma nova fundação e execução de quatro subsolos. E surgiu um novo shopping center sobre a antiga edificação, sem alterar seu funcionamento. A aplicação de alta tecnologia permitiu a expansão vertical do shopping e a manutenção da grande loja de departamentos que existia no local. Outra obra recebeu prêmio internacional. A construção da planta da Ford, em Camaçari, na Bahia, lhe valeu o prêmio de "Melhor Fornecedor do Mundo", atribuído, em 2001, pela matriz da Ford em Detroit, EUA. A primeira planta do setor automotivo do País comprometida com sustentabilidade é um complexo industrial destinado ao desenvolvimento de novos veículos fabricados de acordo com as preferências do consumidor brasileiro.
Newton Simões se acha um privilegiado por ter escolhido acertadamente a profissão e ter fundado a empresa em período de crescimento da economia. "Tenho a benção de ter convivido e compartilhado com pessoas especiais que até hoje me surpreendem diariamente", revela o presidente. E para o futuro ele diz: " Somos todos integrados numa rede social de verdade que aposta no futuro."
A inovação
como legado
A empresa foi constituída em outubro de 1961 em Recife (PE), capital pernambucana, pelas mãos do engenheiro Inaldo Soares. Nos primeiros anos, dedicou-se à implantação, conservação e restauração de rodovias, principalmente nos estados do Nordeste. Graças à qualidade dos trabalhos realizados, a Delta evoluiu, conquistando uma posição proeminente no setor.
Em 1995, passou por uma reformulação estratégica que decidiu diversificar suas atividades. A partir da transferência de sua matriz para o Rio de Janeiro, liderada já pela segunda geração da família, e tendo à frente o filho Fernando Cavendish, a construtora implantou filiais em várias capitais do país, de onde passou a atuar em outros segmentos da engenharia como infraestrutura urbana, saneamento, edificações em geral, prestações de serviços contínuos e incorporações. Com isso, deixou de ser regional para transformar-se, efetivamente, em uma empresa nacional e diversificada.
Reconhecida entre as melhores e maiores empresas do setor de construção, deve muito do seu crescimento a seu fundador, o engenheiro Inaldo Soares, que reuniu uma equipe comprometida com o propósito de consolidar sua posição no mercado. A Delta é responsável por obras como: o Complexo Administrativo da Thyssenkrupp – Companhia Siderúrgica do Atlântic(CSA), no Rio de Janeiro; o Viaduto Tatuapé,na pista expressa da Marginal Tietê, importante via de acesso e saída dos bairros da zona leste de São Paulo; a restauração de 63,3km de pista e acostamento, implantação da 3ª faixa e melhoria de traçado na BR 267, no Mato Grosso do Sul; a reestruturação de infraestrutura urbana no Projeto Rio Cidade em Ipanema e na Ilha do Governador, ambos no Rio de Janeiro; aterro sanitário de Catalão, em Goiás, em conjunto com a Anglo American e Vale do Rio Doce, com contrato de cinco anos que contempla a implantação e manutenção do aterro, entre outras.
Atualmente, a Delta Construção vive um momento de expansão de suas atividades para as áreas de energia, óleo & gás e concessão. A empresa participa, no Rio Grande do Sul, como exemplo, da realização de uma obra de porte. A Usina Termelétrica Presidente Médici-Candiota II, na fronteira com o Uruguai, com potência de 350MW e que será movida a carvão. Um moderno sistema de geração fará com que a usina opere a custo operacional baixo, alem de um projeto ambiental que vai possibilitar a produção de energia com responsabilidade social.
Outra obra de destaque é o Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada que a Delta Construção e a Racional Engenharia construíram em 2007, em Porto Alegre, em uma nova sede de 10 mil m2. Criado em 2003, o Ceitec é a primeira fábrica do Brasil de semicondutores – chips que podem ser usados em aparelhos eletroeletrônicos, desde um CD portatil até um notebook.
Fernando Cavendish afirma que em todos estes anos a empresa cresceu porque " mantém os valores essenciais, que continuam a inspirar a direção da empresa, cuja história é marcada pela coragem de enfrentar desafios, e pela agilidade e capacidade operacional de desenvolver as soluções de engenharia adequadas".
Seguindo o mesmo
ideal de seu pai, ele diz: "Devemos ressaltar duas excepcionais forças da Delta. Primeiro, o patrimônio humano, nosso maior orgulho, formado por 20 mil colaboradores diretos, um grupo unido e alinhado com os valores da empresa: dedicação, simplicidade e respeito aos compromissos. Em segundo, nossa competência técnica para executar, simultaneamente, contratos de pequeno, médio e grande portes, com a mesma marca histórica de eficiência e qualidade, nos setores privado e público, nos vários espectros da engenharia e dos serviços".
Habitação popular também carece
de tecnologia
*Marisa Marega
A Mills espera contar, em 2012 – 60 anos depois do início de suas operações – com 38 filiais em todo o Brasil. Hoje, possui 28. Isso mostra o ritmo de expansão da empresa. "Queremos ampliar a abrangência das nossas atividades e realizações", afirma o seu presidente, Ramon Vazquez.
Ele cita como exemplo que a empresa identificou uma nova demanda que vinha do programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida. Segundo ele, esse empreendimento brasileiro espelha-se em projetos habitacionais desenvolvidos no México, para a classe de baixa renda, em que 60% das casas construídas utilizam paredes de concreto, no lugar de tijolos ou blocos de cimento.
Essa técnica, empregada naquele país, permite a construção de uma unidade habitacional em prazos 30% a 40% menores. Entretanto, era preciso desenvolver um tipo de fôrma adequado. "Nós fomos pesquisar em diversos países, como a China, Índia, Estados Unidos e Canadá, além do próprio México. Com isso, conseguimos trazer para o Brasil um tipo de fôrma desenvolvido por uma empresa canadense – a Aluma Systems. O sistema é composto por fôrmas de alumínio, desenvolvidas para mercados emergentes como os da China e da Índia, que se adaptam muito bem ao brasileiro.
A Mills fez um contrato com a Aluma que lhe garantiu a fabricação e a comercialização desse equipamento, com exclusividade, no Brasil. Por ser de alumínio, o sistema de fôrmas modulares Easy Set Mills permite ampla reutilização (de mil a duas mil vezes). Isso é possível porque, conforme Vazquez, o sistema pode ser montado durante o dia, concretado no fim do dia e desenformado na manhã seguinte – "tudo em 24 horas".
Para atender a esse mercado de habitações populares, a Mills já tem contrato com a Homex (uma das maiores construtoras do México, que também está no Brasil), com a Bairro Novo (do Grupo Odebrecht), com a Rodobens, com a Rossi e com a OAS Empreendimentos. A empresa já está participando da construção de 10 mil casas para esse programa do governo federal.
Habitáculo que isola faíscas e calor
A companhia também lançou um sistema inédito no Brasil, com aplicação principal no segmento industrial, que é o Mills Habitat. Trata-se, basicamente, de um habitáculo confeccionado com um tipo de tecido antichama (de PVC), destinado a isolar operações que possam gerar faíscas ou calor, protegendo o restante do ambiente e garantindo a segurança dos trabalhadores.
É ideal, de acordo com Vazquez, para utilização em atividades de manutenção, de solda ou corte, por exemplo, em plataformas de petróleo ou em ambientes industriais em que há a presença de gases ou produtos combustíveis.
O local de trabalho, com o Habitat, fica totalmente isolado e pressurizado. Além disso, um sistema automático detecta eventual presença de gases e interrompe, sempre que necessário, o funcionamento de qualquer equipamento que esteja sendo utilizado dentro do habitáculo, para evitar explosões ou acidentes.
"Essa tecnologia não existia no Brasil e foi importada do Mar do Norte, através de uma parceria com uma empresa escocesa, e já foi usada em navios de exploração de petróleo, nas bacias de Campos e Santos", afirma Vazquez.
Ele afirmou que a busca por novas tecnologias é um processo contínuo.
"No momento, estamos trazendo para o País, por exemplo, um tipo de escorão de alumínio que vai substituir a torre de aço de escoramento em obras, com ampla vantagem de produtividade, facilidade de montagem e redução de peso", diz ele.
Para garantir os investimentos, a Mills realizou uma IPO que foi um expressivo sucesso, de acordo com Vazquez. "Nós fomos uma das poucas empresas que realizaram essa operação no primeiro semestre de 2010 e que conseguiram atingir a faixa de preço preestabelecida. Fizemos um IPO de R$ 685 milhões, dos quais R$ 410 milhões vieram para o caixa da companhia".
A Mills pretende investir R$ 1,1 bilhão, até 2012.
Quase 60 anos de história
A Mills foi fundada em 1952, no Rio de Janeiro, como fornecedora de andaimes e escoramentos para a construção civil e industrial. A Catedral da Sé, em São Paulo, foi sua primeira grande obra.
Ela participou ainda das seguintes obras: a Ponte Rio-Niteroi (1972), a construção (1975),do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro; Rodovia dos Imigrantes, em São Paulo (1974), a Usina Hidrelétrica de Itaipu( 1979), a Linha Vermelha, no Rio, (1990); a Ferrovia do Aço, em Minas (1993); a construção do Aeroporto de Recife, em Pernambuco (2002); o Rodoanel em SP (2000), entre outras.
Trajetória pelas entidades e a política
Luiz Roberto Ponte ficou mais conhecido pelo seu trabalho à frente das entidades empresariais e como deputado federal
*Regina Ruivo – SP
Com uma história de 52 anos de atividades ininterruptas, a Pelotense foi adquirida, ainda nos anos 1960, pelos engenheiros Luiz Roberto Andrade Nunes Ponte e Gabriel Fragomeni, que até hoje permanecem à sua frente. Ponte é diretor-presidente e fica em Porto Alegre, e Fragomeni é diretor-técnico, tendo como base a cidade gaúcha de Pelotas, onde a empresa teve início. "O momento é de preparação para a sucessão", revela Reinado Leiria, diretor adjunto. "Ela mantém-se entre as principais construtoras gaúchas pelo faturamento (em 2009, superior a R$ 20 milhões) e 98% de suas obras são de construção pesada para o setor público: rodovias, saneamento, portos, aeroportos, instalações industriais, telefonia, conjuntos habitacionais, etc.", diz.
Luiz Roberto Ponte emenda o raciocínio e fala sobre os 52 anos de trajetória da empresa:"O que reputo mais relevante na existência da Pelotense é o culto dos princípios de obediência à lei, do rigoroso cumprimento dos contratos e do respeito aos direitos de todos aqueles com quem convive, o que formou uma marcante e conceituada cultura empresarial, que quer ver passar não apenas para a geração seguinte, mas, num processo educativo permanente, consolidar-se como a perene e principal marca da sua atividade empresari
al".
Ponte conta que a Pelotense acaba de definir seu processo sucessório, mediante alteração do contrato social, de forma que seus dois filhos, e a filha única de seu único sócio – todos já em atividade na empresa -, venham a ter partes iguais na companhia quando os dois atuais sócios, que estão próximos dos 80 anos, retirarem-se das atividades. "A participação igualitária dos três sócios que remanescerão é fundamental para uma harmoniosa convivência futura na sociedade", ressalta.
O engenheiro relembra que durante quase toda a sua atividade no setor da construção, participou de suas entidades representativas, quando presidiu, por três mandatos sucessivos, o Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul – Sinduscon-RS. Em seguida, por cinco mandatos, esteve na Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), além de ter exercido por mais de 20 anos a vice-presidência do Sistema Fiergs/Ciergs. Ponte conta: "Quando da eleição, em 1986, para a Assembleia Nacional Constituinte, foi entendido pelo setor que seria muito importante ter representantes que buscassem defender os princípios libertários da economia de mercado, como forma mais eficaz de se atingir o desenvolvimento do País, a erradicação da miséria e a justiça social. Foi então que, com o apoio daquelas entidades, Sinduscon-RS e CBIC, além de outras do setor empresarial e laboral, fui eleito deputado federal pelo Rio Grande do Sul, mandato que ainda vim a exercer por mais duas legislaturas sucessivas, em cujo período vim a ocupar a chefia da Casa Civil da Presidência da República. Posteriormente, exerci ainda a função de secretário do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais do Estado do Rio Grande do Sul".
Atualmente, a Pelotense executa obras no Rio Grande do Sul que integram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como as para o Projeto Crema, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnitt), de restauração e recuperação de um trecho de 97 km de rodovia entre Santa Maria e São Vicente do Sul; uma passagem superior na BR-116, sobre a avenida Rincão (Novo Hamburgo), com dois viadutos; duplicação do trecho entre Rio Grande e Praia do Cassino; além de obras de pavimentação viária para a prefeitura de Pelotas e para a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) em Rio Grande.
Recentemente, entregou obras viárias em Porto Alegre, que incluem a construção da avenida Carlos Gomes, que integra a Terceira Via Perimetral, unindo a Zona Norte à Zona Sul. Nessa avenida foram construídos cinco viadutos bifurcados.
Diante de tantos desafios vencidos, Luiz Roberto Ponte define a razão que o levou à vida pública: "A opção pela política foi tomada conscientemente, pelo convencimento, pessoal e do setor, de que cada um tem o dever de dar a contribuição que esteja ao seu alcance para ajudar a implantação da justiça e o desenvolvimento sustentável e integral do seu País". E finaliza: "a política serve para defender a cidadania".
Santa Bárbara Engenharia projeta estar entre as 10 maiores do segmento até 2015
*Juliana Soares – Belo Horizonte (MG)
Marcelo Dias, CEO da Santa Bárbara Engenharia, é neto do Cel. Juventino Dias Teixeira, homem que está na origem da bem-sucedida empresa, fortalecida e expandida por seus descendentes. "A formação em Economia e o MBA nos EUA configuraram a oportunidade de continuar trilhando os caminhos empresariais abertos pelo meu pai, Geraldo, junto com seus irmãos e pai, a partir da Cimento Cauê", conta. Foram as diversas empresas do Grupo Cauê que deram origem, em 1998, ao Grupo GD Empreendimentos, que hoje detém o controle acionário da Cesa Logí¬stica e Santa Bárbara, e que participa, com outros sócios, da MASB Desenvolvimento Imobiliário.
Dias não esconde o orgulho de fazer parte dessa história. "A minha satisfação em estar à frente dos negócios da Santa Bárbara Engenharia se renova a cada novo contrato conquistado e a toda obra entregue ao cliente. É uma grande honra ver nossa contribuição para a construção e desenvolvimento do nosso país". Fundada em 1967, a empresa tem hoje uma equipe de quase 5 mil colaboradores e atua em vários estados do Brasil.
Na área de edificações a companhia está presente em centros de convenção, ensino, esporte e lazer, hospitais, hotéis, prédios administrativos públicos e privados.. No setor industrial tem serviços prestados na indústria da transformação, de cimento, mineração, óleo e gás, siderurgia e metalurgia. E na infraestrutura, tem empreendimentos em aeroportos, barragens, estradas, irrigação,projetos de saneamento, revitalização de áreas urbanas, urbanização de favelas e vias urbanas. A Santa Bárbaria foi responsável , por exemplo,pela construção do edifício sede da Usiminas (MG), edifício sede da Petrobras (RJ), Tribunal de Contas de Minas Gerais, fábrica da Coca-Cola em Manuas(AM) e Belo Horizonte(MG), planta de beneficiamento da Mina de Brucutu da Vale(MG), gasoduto Tijucas-Itajaí(SC), e mais de mil intervenções.
Mais de mil obras no currículo
O diretor de Negócios Públicos da Santa Bárbara Engenharia, Djaniro Silva, que está há 23 anos na empresa, ressalta que a companhia já realizou mais de mil obras, nos quatro cantos do país. "Mais do que construir, a empresa elabora e desenvolve projetos de engenharia, propõe as melhores e mais sustentáveis soluções para seus clientes e opta pela excelência sempre, em qualquer atividade em que esteja envolvida", afirma.
Entre tantos empreendimentos, Silva destaca as obras da REVAP, da Petrobras, em São José dos Campos / SP; e a obra de SALOBO, da Vale, em Parauapebas / PA. "A REVAP foi executada de forma inédita na empresa, pois trata-se da primeira estrutura de armazenamento de coque coberta do Brasil. O contrato firmado com a Petrobras foi do tipo EPC e o primeiro da empresa para montagem eletromecânica". Silva conta que a Santa Bárbara desenvolveu tecnicamente todas as fases do empreendimento, formulou especificações e, ao mesmo tempo, forneceu os materiais e equipamentos que compõem a estrutura. A obra foi entregue em outubro deste ano.
Já a de SALOBO é uma instalação de indústria de pré-moldados com capacidade de 100 toneladas, que permitiu substituir lajes convencionais por pré-moldadas, com economia de custos e redução do prazo. Localizada em uma área de proteção ambiental, a obra utiliza um sistema capaz de economizar 30% da água potável. Os resíduos da central de concreto e a água da lavagem dos equipamentos são reutilizados.
Entre as grandes do setor, o CEO Marcelo Dias acredita que a companhia ainda pode crescer mais. "O principal desafio é con
tribuir para que a Santa Bárbara esteja entre as 10 maiores de seu segmento até 2015. Para alcançarmos esta ambição, teremos que aprimorar a qualidade e excelência da nossa Engenharia e prestação de serviços, aprofundando nossos compromissos com clientes, colaboradores, acionistas, parceiros e fornecedores, pautados por nossos valores e credibilidade."
Tecnologia nacional teve inspiração alemã
A SH, especializada em fôrmas, andaimes e escoramentos metálicos para o mercado de construção civil, considera que o início de sua história aconteceu quatro anos antes de sua fundação, propriamente dita. Antes de ser o que é hoje, a empresa era um departamento da Quartzolit, responsável pelo fornecimento de andaimes suspensos para aplicação de argamassas e rebocos.
Foi em 1969, entretanto, que Karl Gerhard Katz de Castro, que até hoje permanece à frente da empresa, fundou a Serviços de Construção SA (Servicon) que passou a importar a fôrma para lajes Treliforma, fabricada pela companhia alemã Hünnebeck, subsidiária do conglomerado alemão, Thyssen.
Enquanto consolidava sua participação nesse segmento, os engenheiros da Servicon pesquisavam, nos maiores centros de construção civil do mundo, novas técnicas e materiais que lhes permitissem oferecer serviços diferenciados ao mercado nacional. Como resultado disso, em 1976, concretizou-se a parceria com a Hünnebeck, o que deu origem à Servicon-Hünnebeck, que posteriormente tornou-se a SH.
A empresa juntou à tecnologia alemã a sua experiência na indústria de construção civil brasileira, aliada ao seu alto padrão de atendimento. Ao mesmo tempo, passou a desenvolver tecnologia própria, inspirada no modelo alemão, porém perfeitamente adequada ao Brasil. O resultado foi o contínuo lançamento de equipamentos produzidos em sua unidade fabril, no Rio de Janeiro, como as fôrmas para laje Topec e para paredes Concreform SH, equipamentos reconhecidos pela alta eficiência.
Composta por painéis de alumínio forrados com compensado plastificado, a fôrma Topec permite a montagem de lajes, sem a necessidade de cortes, pregos e emendas. O sistema é formado por duas peças básicas – painel e escora- montadas sem necessidade de ferramenta especial – dispensa mão-de-obra especializada e revestimento do teto.
A fôrma Concreform consiste de chassi de aço galvanizado, conformado com um perfil especial desenvolvido pela SH, forrado em compensado plastificado de 15 mm. O painel básico de 75cm x 270cm modula-se em diversas dimensões, de forma a se adptar às mais diferentes geometrias. Os painéis são conectados com apenas dois grampos que os unem e alinham ao mesmo tempo, dispensando perfis extras.Leve e ao mesmo tempo rígico, o sistema Concreform pode ser movimentado manualmente ou com auxílio de grua,possibilitando a redução de até 70% da mão-de-obra necessária para a montagem e desmontagem da fôrma. Pode ser aplicada em paredes (baixas e altas) e pilares, tanto em obras residenciais, comerciais, industriais como em canais e obras de saneamento.
Em 2004, a SH entrou no mercado internacional, passando a exportar seus produtos para países da Europa e América Latina. Hoje, ela disponibiliza seus sistemas para locação e venda por meio de 13 unidades instaladas em dez estados ( São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Bahia).
Obras
Entre as obras mais importantes estão: a construção de Brasília, hidrelétrica de Itaipu, obras do PAC em todo o Brasil, e atualmente, a construção do Centro de Eventos do Ceará, o maior da América Latina.
Atualmente, a SH destaca que é a única empresa do segmento que possui um sistema de logística que planeja, controla o fluxo e armazenagem dos equipamentos, reduzindo significativamente o tempo requerido para o atendimento, além de oferecer aos seus clientes um serviço de consulta ao contrato via internet.
Karl Gerhard Katz de castro, fundador da SH, chegou ao Brasil em 1937 e diplomou-se em contabilidade e economia, pelo Mackenzie College, em São Paulo. Ele destaca que sai empresa foi pioneira na introdução, no País, das fôrmas de aço e alumínio, em 1967.
Antes disso, ele conta: "O material utilizado era exclusivamente de madeira e as fôrmas eram preparadas nas próprias obras, por carpinteiros, usando tábuas e caibros provenientes das florestas de pinho. Elas eram reutilizadas apenas quatro vezes, para depois servirem somente como lenha. Esse processo contribuiu para a destruição de grande parte da Mata Atlântica".
Fonte: Estadão