Enfrentando os desafios do mercado mundial

Evento promovido pela McGrawHill Construction e revista Engineering News Record reuniu mais de 420 participantes em Nova York

Com a parceria da revista O Empreiteiro, como mídia sponsor no Brasil, realizou-se o Global Construction Summit, nos dias 7 e 8 deste mês, no Hotel Marriot Marquis, em Nova York, EUA, com a presença de mais de 420 representantes de empresas de engenharia e contratantes públicos e privados, vindos de países dos quatro continentes. O tema “Conquistando negócios nos mercados globais” pautou as discussões que deram destaque a dois países-chave no processo de recuperação da economia mundial – China e Índia.

A China Railway Construction Corporation mostrou o avanço dos trens de alta velocidade no país asiático, que vão somar 12,8 mil km do total de 30 mil km a serem implantados até 2015, ao custo de US$ 750 bilhões. Os sistemas urbanos de metrô vão expandir de cerca de 1 mil km para quase 5 mil km, ao longo dos próximos dez anos, aumentando o número de cidades dotadas dessa facilidade de apenas 11 para 22. Como esses sistemas serão financiados não está ainda claro, a despeito de maciça injeção de recursos públicos. As tarifas a serem cobradas são consideradas baixas para cobrir os custos operacionais. Mas, por enquanto, os fabricantes internacionais de material ferroviário estão rindo à toa.

Esse cenário otimista de obras contrasta com as notícias recentes sobre a condenação dos executivos locais da Rio Tinto, por suspeita de recebimento de propinas de clientes chineses para garantir fornecimento de minério de ferro. Essa condenação faz com que executivos ocidentais sejam lembrados dos riscos potenciais de se relacionar com um regime comunista que abriu zonas econômicas especiais para atrair investimentos estrangeiros, cujas leis, entretanto, podem ser de difícil compreensão para os ocidentais.

A Índia tem na infraestrutura obsoleta o maior obstáculo para acelerar seu crescimento. Os investidores enfrentam extrema lentidão do judiciário, o que cria insegurança quanto aos direitos contratuais em casos de conflito. Nandan Nilekani, um dos fundadores da Infosys – gigante de TI na Índia -, no seu livro Imagining India – The Idea of a Renewed Nation, reconhece esses problemas.

As parcerias público privadas (PPP) têm sido um mecanismo cada vez mais importante no funding de projetos cujo custo ultrapassa a capacidade dos governos envolvidos, quando se trata de obras públicas. Felipe Montoro Jens, da Odebrecht, fez uma apresentação sobre dois projetos estruturados com sucesso pela empresa no Peru – a IIRSA Norte, que é uma obra rodoviária da concessionária de mesmo nome, no valor de US$ 220 milhões, financiada através de securitização de recebíveis no prazo de 19 anos; e a IIRSA Sur, nos mesmos moldes, no valor de US$ 603 milhoes.

No tema Megaprojetos, Megadesafios, a agência Olympic Delivery Authority, criada pelo governo britânico, mostrou que o legado permanente foi a prioridade número um do empreendimento voltado para a Olimpíada 2012 e focado na reurbanização de uma região decadente, que se dará pela criação de um imenso parque verde no qual estão inseridos as instalações esportivas, algumas das quais serão inclusive parcialmente desmontadas, para se adequar ao uso da população no período pós-jogos. A infraestrutura recebeu atenção total, em especial os sistemas de transporte de massa – o carro não recebeu preferência nesta questão. Outro destaque é o envolvimento das comunidades locais, com a contratação dos serviços de mais de mil empresas do país, ao invés de grupos econômicos. A despeito desse meticuloso planejamento, as obras já estouraram o orçamento e o governo teve que socorrer investidores privados.

Outro megaprojeto apresentado no evento foi o pólo internacional de negócios de Songdo, na Coréia do Sul. O país que soube aproveitar a Copa do Mundo de Futebol e a Olimpíada para transformar sua capital Seul e outras cidades-sede como legado desses eventos esportivos.

Songdo é um empreendimento que, quando concluído, abrangerá mais de dez mil acres, ligado ao aeroporto internacional de Incheon através de uma ponte de 12 km de extensão – percurso a ser coberto de carro em 15 minutos. É uma verdadeira cidade, com 40 milhões pés quadrados de área construída para escritórios e outro tanto para residências, com 40% de espaço verde. Os custos de desenvolvimento são estimados em US$ 35 bilhões.

Painel sobre projetos do Brasil e AmÉrica Latina

Na edição 2011, do Global Construction Summit, a revista O Empreiteiro – como parceira exclusiva da revista Engineering News Record no Brasil – estará articulando com o comitê coordenador a montagem de um painel sobre os projetos de infraestrutura do Brasil e da América Latina, com a participação dos principais contratantes e concessionários de obras públicas do País.

Fonte: Estadão

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