Engenheiros

Há um tom muito otimista, em matéria divulgada pela Câmara Brasileira da Indústria da
Construção (CBIC), sobre o mercado para o emprego da mão de obra de engenheiros no Brasil. A nota é difundida a propósito das comemorações do Dia do Engenheiro, 11 de dezembro.

A entidade fala em "momento histórico de crescimento da atividade da indústria da construção, com geração recorde de empregos e investimentos". E faz referências às obras da continuidade do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) e do programa Minha Casa, Minha Vida, dando coro às manifestações efusivas em relação às perspectivas com a Copa de 2014, Olimpíada de 2016 etc.

O tom otimista injeta ufanismo nas palavras do presidente do Confea, Marcos Túlio de Melo. Segundo ele, são formados, todo ano, no País, 32 mil engenheiros em todas as modalidades. E, se o ritmo de crescimento das obras prosseguir assim, esse número de engenheiros formados terá de dobrar, para atendimento dos serviços.

Diante do cenário histórico das obras no Brasil prefiro avaliar as opiniões com maior dose de equilíbrio. Ou com menos otimismo. É que, nessa matéria de crescimento de obras, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Os limites esbarram no cobertor, maior ou menor, da economia, que nunca deixou de ser absolutamente vulnerável, quando não, esburacado.

Óbvio que as escolas terão de cuidar de formar mais gente. Se possível, com especialização. Os canteiros de obras estão aí a exigir profissionais competentes em tecnologia de concreto; fundações; barragens; saneamento; obras rodoviárias e ferroviárias; metrôs; perfuração de túneis. Em todos esses segmentos há engenheiros que se tornaram célebres e, se não se aposentaram, estão prestes a fazê-lo ou precisam fazê-lo. E os quadros técnicos, com raras exceções, não são repostos, com a mesma carga de qualidade e de responsabilidade.

Além disso, o Brasil tem falhado muito, quando se trata de manter programas de investimentos para obras públicas. É por isso que as entidades setoriais precisam ficar ali, pegando no pé do governo, para que ele não saia da linha, nesse quesito. O que deve permanecer como regra, invariavelmente é exceção. E, a exceção, não é uma boa política para um País que carece de programas permanentes de obras e serviços. Daí, esse distanciamento crítico do jornalista em relação ao otimismo manifestado por algumas entidades.

Fonte: Estadão

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