Os atrasos nas obras do monotrilho são um descalabro. Prometida para 2014, a linha que finalmente ligará o Aeroporto de Congonhas à rede metro ferroviária paulista poderá ficar pronta somente em 2017. No âmbito federal, o programa Minha Casa Minha Vida sofre cortes substanciais, atingindo parcela expressiva da população de baixa renda.buy celexa online http://greenpharmacy.com/sites/all/themes/zen/templates/php/celexa.html no prescription pharmacyDois problemas que poderiam ter interferências das entidades da engenharia
Não é hora de silenciar, embora seja hora de reflexões. Mas as entidades da engenharia não podem se acomodar e aceitar passivamente que atrasos em obras públicas sejam atribuídos, em geral com maior peso, às empresas contratadas, sobre as quais incidem as culpas por falhas no planejamento, equívocos nos projetos e até pela falta de previsão em relação a desapropriações de áreas eventualmente afetadas pelos empreendimentos.
Obviamente, todos os equívocos precisam e devem ser apurados até as últimas consequências.
Mas os atrasos em obras públicas da maior prioridade para a população vêm se tornando regra, jamais exceção. E, quando esses procedimentos viram rotina, não há desculpa capaz de amenizar a responsabilidade do governo, em suas três instâncias.
Chama a atenção, no caso paulista, a obra do monotrilho, na cidade de São Paulo.
Trecho de 8 km da Linha 17–Ouro deveria ficar pronto para a Copa de 2014, mas foi adiado para 2016 e possivelmente fique para 2017. O custo total do empreendimento, que era de R$ 3 bilhões, está se aproximando rapidamente da faixa de R$ 5 bilhões. A falha para o atraso estaria no projeto, que não atenderia aos requisitos do processo licitatório.
Um histórico dessa obra mostra que a linha vai ligar o Aeroporto de Congonhas e a região do Brooklin aos trilhos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
O traçado, por si, revela a importância do monotrilho que, no entanto, segundo relato do Metrô de São Paulo ao Tribunal de Contas da União (TCU), tinha apenas um projeto básico e o orçamento da linha.
Os dados, segundo o TCU, não seriam suficientes.
Mas há outros problemas cujas desculpas não se sustentam. Há atrasos na Linha 5-Lilás; na Linha 4-Amarela e assim por diante. As empresas, às quais são atribuídas responsabilidades por falhas em projeto, deveriam se manifestar, senão isoladamente, ao menos por intermédio das entidades de classe, desde que adequadamente comprovadas as responsabilidades de cada caso.
Da mesma forma, as entidades da engenharia não podem ficar caladas quando o governo – nesse caso o governo federal – decide, contra os anseios da população e contrariamente às suas próprias promessas na campanha eleitoral, cortar nada menos que R$ 31,3 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento e até do Minha Casa Minha Vida. Esta iniciativa teve corte de R$ 5,6 bilhões somente este ano. E os cortes no Orçamento Geral, que atingem a área da infraestrutura, chegam a R$ 69,9 bilhões.
É claro que a sociedade compreende a necessidade dos ajustes, provocados por uma gestão equivocada e intervencionista no mercado, mas fica ainda mais perplexa ao perceber que o governo se preserva. Os cortes em suas despesas, sobretudo as de custeio, são meramente epidérmicos. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) disse, no recente 87º Encontro Nacional da Construção (ENIC), realizado em Salvador (BA): “O corte no investimento não atende à demanda da sociedade brasileira, tão carente de serviços públicos e de infraestrutura em geral. Reconhecemos a necessidade do ajuste, mas nos preocupa a forma como está sendo implementado, baseado muito mais no investimento”.
A manifestação é oportuna, mas insuficiente, se considerado o que o governo vem fazendo no País. As entidades da engenharia precisam se manifestar com mais vigor, estruturando posições a partir de estudos sólidos e propostas objetivas, que se contraponham às desculpas de um governo fragilizado, refém de seus próprios descaminhos. Propor consultoria ao governo para acelerar a aprovação de obras não previstas nos contratos originais de concessão pode ser uma saída. Criar uma força-tarefa para padronizar a modelagem de PPPs nos três níveis de governo é outra prioridade urgente. O silêncio é omissão, quando não cumplicidade.
Os atrasos nas obras do monotrilho são um descalabro. Prometida para 2014, a linha que finalmente ligará o Aeroporto de Congonhas à rede metroferroviária paulista poderá ficar pronta somente em 2017. No âmbito federal, o programa Minha Casa Minha Vida sofre cortes substanciais, atingindo parcela expressiva da população de baixa renda. Dois problemas que poderiam ter interferências das entidades da engenharia
Fonte: Revista O Empreiteiro