Francis Bogossian
Não tenho dúvidas de que teremos uma nova cidade dentro de três ou quatro anos. A começar pela zona portuária, cujas obras estão a todo vapor. A primeira fase, recuperação das redes de drenagem, saneamento, telefonia etc. e algumas das ruas locais, já foi concluída. A segunda fase, em que está prevista a construção de novas vias, túneis e a demolição da Perimetral, está também avançando e não tem como voltar atrás ou parar. É um contrato de Parceria Público-Privada, financiado com a venda dos Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs). No primeiro semestre deste ano deve ser iniciada a obra de implantação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) no centro da cidade, o que vai mudar o trânsito na área.
Ainda mencionando o transporte sobre trilhos, as obras do metrô, ligando a Barra da Tijuca ao bairro de Ipanema, devem estar concluídas até dezembro de 2015. As estações de trens da SuperVia estão sendo reformadas e novos trens com ar-condicionado em breve entrarão em circulação. A SuperVia, controlada pela Odebrecht TransPort, acaba de fechar um acordo com a francesa Alstom para construção de uma fábrica de trens no bairro de Deodoro, no Rio. A SuperVia já encomendou 20 novos trens.
Em paralelo, a prefeitura está cortando a cidade com quatro vias expressas de ônibus, o sistema de BRTs (Bus Rapid Transit). São a Transoeste (entre os bairros de Santa Cruz, Campo Grande e Barra da Tijuca) já em operação; a Transcarioca (Aeroporto Internacional Tom Jobim à Barra da Tijuca), que deve estar concluída no final de 2013; a Transolímpica (entre os bairros de Deodoro e Barra da Tijuca), já em construção, e a Transbrasil (Bairro de Deodoro ao Centro do Rio).
Outra obra importante é a construção da BR-109 – Arco Metropolitano – que vai ligar a BR-101 Norte, na altura do município de Itaboraí, até a BR-101 Sul, em Itaguaí, cruzando a BR-040 (Rio/Belo Horizonte) e a BR-116 (Rio/São Paulo). Com a inauguração do Arco, previsto para dezembro próximo, o tráfego pesado deixará de circular pela avenida Brasil.
A parceria entre os governos federal, estadual e municipal contribuiu para a realização destes projetos, que já estavam prontos há décadas, mas como não havia sinergia entre os três poderes nada saía do papel. E não estou falando apenas de recursos, mas também da boa vontade política para resolver problemas, como era o caso da zona portuária.
O crescimento urbano do Rio está mais ligado à melhoria dos níveis de segurança e ao desenvolvimento econômico da cidade. Com dez anos de atraso foi aprovado o Plano Diretor da Cidade do Rio de Janeiro e novas regras de ocupação urbana foram definidas para estimular a recuperação de áreas degradadas como a área do Porto do Rio ou de áreas com baixa ocupação e que passam a ser servidas pelos BRTs. Não resta dúvida de que o fato de a Petrobras e a Eletrobras estarem sediadas na cidade do Rio de Janeiro atrai também empresas que têm negócios com elas.
Importante destacar os projetos de recuperação das áreas afetadas por inundações e deslizamentos. Vários atores desconectados atuam sobre o tema, sem uma única coordenação. No governo federal existem programas do Ministério das Cidades, do Ministério da Integração Social e do Ministério de Ciência e Tecnologia. No estado do Rio, a Secretaria de Desenvolvimento, através do Departamento de Recursos Minerais (DRM), vem realizando o mapeamento geotécnico do estado, indispensável para a prevenção de catástrofes.
Com exceção da cidade do Rio de Janeiro, que há décadas conta com a Geo-Rio, os demais municípios continuam despreparados. As prefeituras, responsáveis legais, não têm dotação orçamentária para os serviços de prevenção e de mitigação de catástrofes. Bato sempre na tecla de que é preciso um órgão técnico federal, ligado à Presidência da República, para dar assistência aos municípios sujeitos não só aos escorregamentos de terra em encostas, mas também às inundações e alagamentos em zonas de baixada.
Sobre a comparação entre as ações do prefeito Eduardo Paes e do prefeito Pereira Passos, posso dizer o seguinte: não tenho dúvidas de que o trabalho do prefeito Eduardo Paes promoverá uma transformação urbana muito mais representativa do que a realizada pelo prefeito Pereira Passos. A intervenção de Pereira Passos, no começo do século passado, foi muito importante, mas abrangeu apenas o centro da cidade. Agora Eduardo Paes está mudando toda a cidade.
Fonte: Padrão