Estatal estrutura programa de melhorias para era pós-concessões

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Não foi desta vez, nos preparativos para o Mundial, que todas as obras de melhoria aeroportuária e de acessos previstas puderam ser concluídas. Mas cabe ao governo aprimorar a gestão para que elas prossigam sem interrupção e custos adicionais depois do megaevento

 

Nildo Carlos Oliveira

 

A responsabilidade pelo legado das obras aeroportuárias está nas mãos do governo. E não deve ser a frase infeliz de um ex-presidente da República – “É babaquice chegar aos estádios de metrô” – que venha a desestimular os esforços para que a sociedade seja privada do legado de mobilidade prometido com pompa e circunstância.

 

Nesse sentido, precisam ser intensificadas, depois da Copa do Mundo, as medidas de gestão para que a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) dê continuidade aos trabalhos de modernização dos aeroportos que ela está administrando; avance no plano de outorgas e dê andamento, em bases consistentes, a uma nova política comercial dentro dos limites em que foi colocada.

 

A concessão de cinco dos seus maiores aeroportos – Guarulhos (SP), Brasília (DF), Galeão (RJ), Confins (MG) e Viracopos (SP) – tirou-lhe 44,23% do movimento de passageiros e naturalmente de sua receita. Se, em 2012, sua receita bruta com ganhos operacionais e comerciais somou R$ 4,36 bilhões, no ano seguinte, com as concessões de Guarulhos, Brasília e Viracopos, eles decresceram para R$ 3,09 bilhões.

 

Com a concessão posterior de Galeão e Confins, a situação da empresa se agravou. Contudo, ela pode contar com recursos do Tesouro e de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Além disso, está se reestruturando e adotando uma nova política comercial. Não deverá, portanto, deixar de continuar a investir nos 60 terminais que restaram sob a sua administração.

 

Gustavo do Vale aposta nos aeroportos regionais

 

O próprio ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Moreira Franco, reconhece que a estatal já utiliza recursos do Tesouro e que “não será um bom negócio retirá-la dos 49% que possui nas concessões”.

 

Moreira Franco reconhece a perda de receita da estatal

 

O caminho é voo para o futuro

Gustavo do Vale, presidente da empresa, diz que, nessas novas condições operacionais e comerciais, o futuro da Infraero está na administração de aeroportos regionais e na prestação de serviços aos aeroportos que permanecem sob sua responsabilidade. E a reforma dos aeroportos é o primeiro passo para tornar viável o crescimento da aviação regional.

 

Apesar da perda de receita, a estatal liberou R$ 5,2 bilhões para obras nos aeroportos para a Copa do Mundo, em especial investindo nos chamados módulos operacionais provisórios (MOPs), a exemplo do “puxadinho” do Aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza (CE), orçado em R$ 3,5 milhões.  Além disso, destinou R$ 1,76 bilhão para 19 aeroportos, dentre eles os de Santarém (PA), Macapá (AM), Parnaíba (PI), Teresina (PI), Ilhéus (BA), Vitória (ES), Santos Dumont (RJ), Congonhas (SP), Joinville (SC), Florianópolis (SC), Foz do Iguaçu (PR) e Goiânia (GO).

 

A experiência acumulada pela Infraero (exemplos de Brasília e Guararapes) pode ser repassada aos aeroportos que ela administra em sua nova fase

 

Mas um dado importante diz respeito a um patrimônio que a Infraero tem acumulado desde que foi criada em 1972. Ao longo desse período ela reuniu notável experiência de campo com a expansão dos aeroportos no território do País; experiência operacional, com sua massa de recursos humanos, e experiência do ponto de vista da engenharia e da concepção de aeroportos, quando contratou importantes escritórios de arquitetura e empresas projetistas e construtoras para melhorar o espaço construído, a exemplo do que fez nos aeroportos de Brasília, em sua primeira e segunda expansão;  no aeroporto dos Guararapes (Recife) e no aeroporto de Belém e outros mais.

 

Essa experiência pode ser aproveitada, agora, nos planos em andamento para dotar o País de aeroportos regionais modernos, compatíveis com as cidades médias que estão se expandindo e se fortalecendo por conta dos atrativos e crescimento das novas fronteiras econômicas.  Será a Infraero voltada para a expansão das cidades brasileiras.  Um voo, portanto, para o futuro.

 

Fonte: GTA


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