Com a execução concluída e a operação iniciada, objetivo agora é gerar receita com abertura de rotas e implementar a ideia de aeroporto-cidade
Guilherme Azevedo
O novo aeroporto internacional do Rio Grande do Norte encontra-se em operação desde o dia 31 de maio último. Ganhou o nome de Governador Aluízio Alves e se localiza em São Gonçalo do Amarante (RN), município da região metropolitana da capital, Natal. O novo aeródromo, construído do zero, substitui toda a operação aeroportuária com origem e destino ao aeroporto Augusto Severo, em Parnamirim (RN), que volta a ser de uso militar exclusivo, como base da Aeronáutica.
O sítio teve o cronograma de obras antecipado (o prazo final de execução era o fim deste ano) e foi entregue para atender à demanda esperada de passageiros para a Copa do Mundo de futebol. Natal foi uma das doze cidades-sede da competição.
A construção, manutenção e exploração comercial das instalações são de responsabilidade do Consórcio Inframérica, união da Infravix Participações S/A (do grupo Engevix, do Brasil) e da Corporación América S/A (grupo da Argentina)
Os investimentos já realizados totalizam R$ 500 milhões e outros R$ 150 milhões deverão ser aplicados em outras estruturas e melhorias até o fim do período contratual. O Consórcio Inframérica obteve a concessão das operações em São Gonçalo por 28 anos, em leilão realizado em 22 de agosto de 2012, pela qual desembolsou R$ 170 milhões. Foi o primeiro aeroporto brasileiro concedido.
Oferta expandida
O aeroporto é hoje capaz de atender a 6,2 milhões de passageiros por ano, limite que deverá ser equiparado apenas em 2024, conforme estudos de demanda. Significa, portanto, que a operação ali se realiza com folga. A capacidade local deverá ser ampliada para 11 milhões de passageiros por ano, ao término do segundo conjunto de investimentos (movimentação esperada para 2038).
O presidente do Consórcio Inframérica, Alysson Paolinelli, comemora os resultados obtidos até aqui: “Nossa avaliação é a melhor possível, executamos uma ação inédita no Brasil: a transferência total de um aeroporto de um local para outro, e tudo ocorreu de forma tranquila e organizada. Nosso objetivo é trabalhar para que o novo aeroporto faça do Rio Grande do Norte um estado competitivo no setor aéreo”.
Segundo Paolinelli, o projeto é transformar o sítio conforme o modelo de aeroporto-cidade, com áreas de comércio, apoio residencial, hotelaria e negócios no entorno do terminal. Isto é, um plano mais abrangente de desenvolvimento, que exige esforço conjunto, unindo iniciativa privada e governos estadual e municipal.
Novas rotas
Outro objetivo é aumentar o número de rotas nacionais e internacionais com destino ou origem no local, incluindo a meta de fazer do aeroporto ponto de conexão para outras regiões do País. Favorece São Gonçalo o fato de o principal aeroporto de conexão do Brasil, o Juscelino Kubitschek, de Brasília (DF), também ser gerido pelo Inframérica. Daí a possibilidade da oferta de rotas alternativas e complementares, não concorrentes. Ainda conta a favor de São Gonçalo o fato de estar geograficamente mais próximo da Europa (região em que se encontra é a mais oriental do País), o que pode torná-lo potencialmente atraente tanto para o transporte de passageiro quanto para o de carga.
O Inframérica, aliás, contratou a empresa britânica ASM Consulting para assessorá-lo na avaliação de potencial de mercado e desenvolvimento de novas rotas aéreas. O estudo resultante será apresentado a operadores estrangeiros e nacionais ainda este ano e a expectativa é oferecer novos destinos internacionais a partir de 2016 e domésticos a partir de 2015.
As instalações
O aeroporto Governador Aluízio Alves (a propósito, Aluízio Alves, 1921-2006, natural de Angicos, RN, foi um dos principais políticos da história do Rio Grande do Norte e governou o estado entre 1961 e 1966) possui uma única pista para pousos e decolagens. Ela se estende por 3.300 m, com 60 m de largura, e está preparada para receber o Airbus A380, maior avião comercial em operação do mundo. A infraestrutura de embarque e desembarque dispõe de seis pontes (fingers), com capacidade para processar oito aeronaves simultaneamente. Há ainda dez posições de embarque remoto.
O terminal de passageiros mede 42 mil m2, em que se localizam 42 balcões de check-in e seis quiosques de autoatendimento. São oito escadas rolantes, 22 elevadores e seis esteiras de restituição de bagagem. Internet wi-fi está disponível gratuitamente em todo o terminal. O estacionamento (pago) oferece 860 vagas.
Também foi entregue edifício de estocagem e operações de importação e exportação (terminal de cargas), composto de setores de serviços e escritórios, com área de 4 mil m² e capacidade de processamento de 10 mil t por ano.
“Estamos entregando um terminal com capacidade para mais do que o dobro do movimento que temos atualmente. Este é, portanto, um aeroporto do futuro”, confia Paolinelli. Em 2013, voaram por Natal 2,408 milhões de pessoas. Em julho último, o novo aeroporto recebeu 211,823 mil passageiros (204,095 mil domésticos e 7,728 mil internacionais). Hoje são cinco companhias aéreas que voam localmente (Avianca, Azul, Gol, TAM e TAP, de Portugal).
Ficha Técnica – Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante (RN)
Nome: Governador Aluízio Alves
Construção, gestão e exploração: Consórcio Inframérica
Inauguração: 9 de junho de 2014
Pista: 3.300 m x 60 m
Pontes de embarque: 6
Posições de embarque remoto: 10
Pátio: 210 mil m2
Terminal de passageiros: 42 mil m2 (capacidade 6,2 milhões passageiros/ano)
Check-in: 42 balcões e 6 quiosques de autoatendimento
Escadas rolantes: 8
Elevadores: 22
Esteiras de bagagem: 6
Principais quantitativos da obra:
Fundação: 1.200 estacas (18 m de profundidade
e diâmetro de 60 cm)
Granito: 25.000 m²
Concreto: 37 mil m³
Cabos elétricos: 2.000 km
Aço para concreto armado: 3.700 t
Fonte: GTA