Estudar, trabalhar, crescer

O trabalho de erguer do chão uma fábrica de celulose vai muito além de execuções civis e eletromecânicas, de montagens e instalações industriais. É o fator humano que está aqui em jogo.
 

Imperatriz, segundo município mais rico e populoso do Maranhão, com Produto Interno Bruto de R$ 2,456 bilhões (dado de 2011, do IBGE) e população estimada em 251 mil habitantes (IBGE, 2013), não teve estímulo continuado à vocação industrial. Quem conta a história do município é Juarez Sanches, gerente do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Imperatriz, e Carlito Negreiro, supervisor técnico da unidade. Foi ficando meio que acomodado, o município, como centro de abastecimento comercial de regiões fronteiriças sob sua influência: o norte do Tocantins, o sul do Pará e o sudoeste do próprio Maranhão.

 

É aquela velha história: os ciclos que vêm e vão, como espasmos econômicos. O primeiro em Imperatriz foi o do garimpo do ouro, a partir dos anos de 1970. Depois do arroz. E depois da madeira, com o desmatamento descontrolado. É bom lembrar que Imperatriz já possuiu extensa porção de floresta amazônica.

 

O anúncio da chegada de uma fábrica de grande porte, como a da Suzano, exigiu, portanto, muito planejamento e preparação, para inclusive formar uma cadeia e cultura industrial ali inexistentes, ou apenas latente. A fase de construção atraiu um contingente muito numeroso: 11 mil trabalhadores. Mas para chegar até a eles foi preciso um longo caminho de formação, sobretudo.

 

Juarez Sanches, do Senai/Imperatriz: Contra o “marasmo”
 

“As pessoas vinham falar comigo: ‘Puxa, Volnei, como você vai fazer com mão de obra? Está faltando mão de obra’. Então a gente tem a receita. Fizemos muito bem o nosso papel”, orgulha-se o gerente industrial da unidade de Imperatriz da Suzano Papel e Celulose, Volnei Hilbert. “Partiu a fábrica: tinha gente experiente, tinha gente nova. Conseguimos realmente vencer esse desafio de mão de obra. Esses são os desafios de fazer coisas novas. Numa região que nunca teve uma fábrica de celulose, começar do zero.” Hoje, a área industrial da Suzano, pontua Volnei, emprega 60% de trabalhadores de fora e 40% da região.

 

Foram estabelecidas parcerias com as principais entidades locais de formação técnica, como o Senai e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (Ifma). Dois cursos técnicos foram de fundamental relevância para a futura operação da fábrica: de papel e celulose; e de aperfeiçoamento em manutenção. No caso do primeiro curso, a duração foi de um ano, com uma bolsa mensal de R$ 800,00. A primeira parte foi teórica e a segunda, mais prática. “Pegamos todo esse pessoal e levamos para as nossas fábricas no Sudeste, e eles ficaram seis meses fazendo estágio lá e depois trouxemos para cá e eles acompanharam toda a montagem e a partida da fábrica”, recorda Volnei. Outras seis mil pessoas foram treinadas para trabalhar diretamente na execução da obra, via cursos como os de pedreiro, armador e carpinteiro.

 

Decerto o esforço para confirmar uma nova e consistente vocação industrial em Imperatriz precisa necessariamente contar com o apoio e incentivo do poder público, em todas as suas esferas, municipal, estadual e federal. É o que cobra Juarez Sanches, gerente do Senai/Imperatriz: “O poder público tem de se mexer, sair do marasmo, do comodismo. A população daqui já está saindo, o que é uma dificuldade. Imperatriz não é uma cidade industrial, não tem essa cultura. Até já teve, há muito tempo, na área madeireira, ela era polo. Mas isso foi trinta anos atrás”.

 

Na prefeitura

Na secretaria de Infraestrutura, Transportes e Serviços Públicos de Imperatriz, Thompson Fernando Martins Nogueira, advogado e assessor de projetos especiais da prefeitura, se diz otimista com as possibilidades de desenvolvimento local. É o segundo mandato do prefeito Sebastião Madeira (PSDB), reeleito ainda no primeiro turno. Foi a primeira vez que um prefeito obteve a reeleição na história de Imperatriz, um dado marcante em termos de continuidade de projetos, sobretudo de infraestrutura, de prazos normalmente mais longos. Thompson cita os mais de 20 novos empreendimentos ora em execução no município, como hotéis (quatro) e edificações residenciais e comerciais, e confirma o que ouvi pelas ruas, de que se vive, aqui, um boom na construção civil e de investimentos. “Imperatriz está em crescimento. Pelo que a gente vê e vivencia dia a dia, esse crescimento não vai parar tão cedo. Vemos, a cada dia que passa, mais investimentos novos”, garante Thompson. “Uma fábrica do porte da Suzano não se mantém sozinha. Daqui a pouco, com certeza, vão começar a vir outras fábricas que deem suporte a ela. É uma cidade em pleno desenvolvimento.”

 

Thompson Nogueira, assessor de projetos especiais da prefeitura: “Pleno desenvolvimento”

 

O fundamental, a partir de agora, é ter a consciência cristalizada e funda de que a vida se vence no tempo lento, sem milagres e sem booms econômicos. Acreditar numa construção paciente, laboriosa e lenta, mas de verdade, resistente, de base. O tempo de canoa, de motor de popa, como aquele do barqueiro Miúdo, que vive da travessia de gente pelo Tocantins, de uma margem a outra, me parece um símbolo. Com humildade, disposição e conhecimento, não há rio que não nos dê vau, que não nos permita chegar ao outro lado de lá. (Guilherme Azevedo)

Ficha Técnica –

Fábrica da Suzano em Imperatriz (MA)

 

Propriedade: Suzano Papel e Celulose (fábrica de celulose)

Investimento total: US$ 3 bilhões

Área do terreno: 1.500.000 m²

Área construída: 96.000 m²

Construção civil: Construcap e Fortes

Gerenciamento: Pöyry e Guimar

Projeto de arquitetura: Ilhas de processo – Valmet e BOP (Balance of Plant) Pöyry

Projeto de engenharia: Ilhas de processo – Valmet e BOP (Balance of Plant) Pöyry

Projeto estrutural: Ilhas de processo – Valmet e BOP (Balance of Plant) Pöyry

Projeto de instalações hidráulicas e elétricas (sistema de distribuição e energia): Siemens

Paisagismo: Teperman Arquitetos

Serviços de terraplenagem: Construcap

Serviços de fundações: Construcap e Fortes

Montagem industrial: Imetame, Passaura e Milplan

Principais fornecedores de máquinas, equipamentos, materiais e insumos: Valmet, AkzoNobel e Air Liquide

 

 

Locadora abre seis novas filiais

A empresa AuraBrasil – Máquinas e Equipamentos, pertencente ao Grupo LM, oferece locação de equipamentos, mas se destaca pela busca da excelência no pós-venda no setor. “Os serviços que estão acoplados às nossas negociações são essenciais, por isso investimos em pós-venda, equipamentos novos e personalização de contratos e demandas”, afirma Aguinaldo Garcia, diretor de Desenvolvimento de Negócios da AuraBrasil Garcia. Atualmente, a equipe trabalha com meta de reduzir o tempo de resposta ao cliente, que hoje é de até 12 horas.

 

Somente no primeiro semestre do ano, a empresa já investiu R$ 50 milhões na aquisição de novos equipamentos. Hoje, a AuraBrasil contabiliza mais de 800 plataformas aéreas, utilizadas na construção civil, estando entre as seis maiores de plataformas deste tipo no Brasil. A meta agora, de acordo com Garcia, é a criação de um outro produto – já em estudo – e a aquisição de mais plataformas até o final do ano. “Estas ações fazem parte do nosso projeto de aumentar o market share da AuraBrasil”, afirma o diretor, respaldado ainda na regulamentação do trabalho em altura no País.

 

A empresa se consolidou também como prestadora de serviços nos segmentos industrial, de mineração, automobilístico, química, de bebidas e alimentício, entre outros. Até o final de 2014, a empresa espera contabilizar seis novas filiais, nas cidades de Parauapebas (PA), Jacareí (SP), Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza (CE), Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG). De acordo com o diretor, além de reduzir o custo para a empresa, a presença física nas regiões proporciona mais agilidade no atendimento, desde a venda até a manutenção dos equipamentos. 

Fonte: Revista O Empreiteiro

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