Evolução do concreto, PPPs nos EUA e laser scanning na obra

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A segunda edição da newsletter eletrônica quinzenal que as revistas ENR-Engineering News Record, da McGraw Hill, de Nova York, e O Empreiteiro lançaram este ano, apresenta estudo sobre o comportamento do concreto no mercado, as parcerias público-privadas (PPPs) no Canadá e Estados Unidos, o uso do laser scanning na obra, novo sistema de alinhamento de túneis, projetos de energia na África e muito mais. Veja a seguir a edição 2 completa da Newsletter ENR Global Insider OE.

MIT MOSTRA CONCRETO MAIS BARATO
DO QUE ASFALTO EM 50 ANOS

Um dos materiais mais usados do mundo, o concreto, somente começou a ser decodificado em tempos recentes. A sua estrutura molecular em estudo pode abrir novos caminhos à indústria da construção.
A pesquisa inovadora realizada no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, promete desenvolver cimentos super-resistentes e de melhor desempenho, reduzindo seu impacto ambiental — a produção de cimento Portland, o ligante que une o concreto, é responsável por cerca de 5% das emissões mundiais de dióxido de carbono por ano. Empresas de cimento que financiam o projeto estão dispostas a fortalecer seu mercado de bilhões de dólares e desbancar os concorrentes, como o asfalto.
Em outra vertente, estudo da área de Sustentabilidade de Concreto do MIT afirma que o concreto é menos suscetível a flutuações de preços das commodities, especialmente petróleo, matéria-prima do asfalto.
Essa avaliação está fazendo com que legisladores considerem revisar os protocolos de contratos federais, para que sejam calculados os custos do ciclo de vida dos investimentos em edifícios, estradas e outros projetos de infraestrutura. Cimenteiras americanas acrescentam que nos Estados Unidos a infraestrutura é subfinanciada, fazendo com que qualquer mudança para diminuir custos de construção seja positiva.
Os representantes da indústria de pavimentação asfáltica reagem argumentando que a medida poderá representar o controle sem precedentes do Congresso e do governo americano sobre os projetos de pavimentação de estradas. 
O relatório do MIT sobre “Os efeitos da inflação e sua volatilidade na escolha de materiais alternativos na área da construção”, sugere que as autoridades rodoviárias, ao conduzir uma análise de custo do ciclo de vida, devem utilizar taxas indexadas à taxa de inflação histórica de um material, em vez de utilizar a taxa fixa de inflação. O documento prevê preços reais do asfalto subindo 95%, em grande parte devido aos preços do petróleo. Já os preços reais do concreto, o relatório indica queda de 20% nos próximos 50 anos.
A Associação Nacional do Pavimento de Asfalto (Napa), por outro lado, contratou uma consultoria para examinar o estudo do MIT. Em um documento-resposta divulgado recentemente, a NAPA conclui que “o uso de dados históricos nos custos do ciclo de vida dos investimentos, não é considerado válido”. A entidade acusa a indústria de concreto americana de usar o relatório do MIT para seu próprio interesse.

AS CONTROVÉRSIAS SOBRE PPPs
NOS ESTADOS UNIDOS E CANADÁ

Embora a modalidade de contratação via parcerias público-privadas (PPPs) seja vista como solução quando escasseia o financiamento público, como no cenário atual, as opiniões sobre ela podem ser controversas. O Canadá talvez seja o país de maior sucesso na aplicação de PPPs em transportes e infraestrutura social, como escolas e hospitais, devido ao forte apoio governamental, padronização do processo licitatório e competição renhida no setor privado.
A documentação é complexa e pode ter até 800 páginas, segundo a Infrastructure Ontario, que administra os projetos na modalidade PPP naquela província canadense. No entanto, as próprias empresas de engenharia reconhecem que uma vez dominado o processo, há poucas surpresas nas licitações do país e todos sabem que serão concluídas com sucesso. 

Nos Estados Unidos, ao contrário, há controvérsias sobre a alocação de riscos e outras dificuldades nesta modalidade, embora tenham crescido os empreendimentos licitados como PPP, a exemplo da nova edificação do tribunal de Long Beach, Califórnia, a ser concluída em 2013 ao custo de US$ 492 milhões. Trata-se do primeiro projeto fora do setor de transportes nos Estados Unidos. O presidente da Câmara do Comércio americana, Thomas Donahue, afirma que recursos privados potenciais de US$ 250 bilhões poderão ser mobilizados para a infraestrutura, caso as barreiras seja superadas.

Outro mercado que analistas considera favorável a PPP nos Estados Unidos é o de água e esgoto, devido ao desempenho comprovado dos operadores privados em obras do gênero.

NUCLEAR REGULATORY COMISSION APROVA
1ª USINA NUCLEAR PÓS-FUKUSHIMA

A primeira usina nuclear nos Estados Unidos em mais de 30 anos recebeu no início de fevereiro luz verde da Nuclear Regulatory Commission (NRC) para construção e operação. A nova unidade da Georgia Power, subsidiária da Southern Power, fica em Waynesboro, Virginia.
A obra ficará a cargo de Shaw Group em parceria com a Westinghouse Electric Company e está orçada em mais de US$ 8 bilhões. A unidade deve entrar em operação em 2017, gerando 1.100 MW de potência. Cerca de 5 mil operários deverão se envolver com a construção durante seu pico de trabalho, em 2013.
O projeto também foi o primeiro a ser aprovado nos Estados Unidos pós-incidente na usina nuclear de Fukushima, Japão. Apesar da Southern Company garantir total segurança ao empreendimento, grupos ambientalistas prometeram ir à Justiça para evitar a obra. Eles pedem mudanças na NCR, baseadas nos problemas enfrentados pelos japoneses em Fukushima, antes de conceder licenças para novas usinas no país.

LASER SCANNING ACELERA OBRA

Com o uso criativo do laser scanning, a Alberici construtores diminuiu em quatro semanas o cronograma de trabalho para instalação de dois portões verticais elevadiços de 120 t, que são parte de um projeto de US$ 165 milhões para evitar tragédias com furacões e tempestades em Nova Orleans, Estados Unidos. 
Uma estação de Leica GeoSystems realizou o “escaneamento” de ambos portões e os “encaixou” virtualmente nas suas duas torres de concreto de apoio, para ter certeza que tudo estava alinhado corretamente. A medida permitiu à construtora instalar trilhos de aço inoxidável que suporta as rodas do portão antes do mesmo ser colocado em seu devido local.
Os portões elevadiços integram o complexo de controle de redução de riscos com tempestades e furacões, em construção em canal no leste de Nova Orleans, que inclui ainda muros de contenç&a
tilde;o e acessos.

NOVO SISTEMA PARA ALINHAMENTO DE TÚNEIS

Um grupo de pesquisadores mudou suas operações de Edmonton, Alberta, Estados Unidos, para Hong Kong, para continuar desenvolvendo um novo sistema para alinhamento de operação de perfuração de túneis. A cidade chinesa está auxiliando nos testes do sistema.
Os pesquisadores pretendem ter um sistema completo para operações para usar em uma construção de um túnel de grandes dimensões a partir de abril deste ano.
“A indústria de túneis tem perdido produtividade e enfrentado problemas de controle de qualidade” em função de falta de dados precisos para as escavações, avalia Ming Lu, professor da Universidade de Alberta.
A nova tecnologia usa sensores acoplados na parte traseira do TBM (Tunel Boring Machine) para coletar informações mais precisas dos ângulos de rotação dos eixos da máquina.

HAITI APRENDE A CONSTRUIR
EDIFÍCIOS ANTI-SÍSMICOS

O Centro Multidisciplinar de Pesquisa de Engenharia do Terremoto da Universidade de Buffalo, no estado de Nova York, Estados Unidos, e a Universidade de Quisqueya, em Porto Príncipe, capital do Haiti, têm realizado seminários educativos para a adoção de medidas de prevenção, na hipótese da ocorrência de terremotos como o que aconteceu em 2010, quando mais de 300 mil pessoas morreram.
Ambas universidades têm capacitado mais de 500 arquitetos e engenheiros haitianos em engenharia do terremoto. O maior desafio do trabalho tem sido as precárias condições do Haiti, com materiais de construção fora dos padrões internacionais e a baixa qualidade da mão de obra.

ÁFRICA RETOMA PROJETOS DE ENERGIA
Com um número expressivo de projetos de energia alternativa, a África vive momento positivo nesse campo. A aplicação das iniciativas poderá representar diminuição do nível de pobreza, sustentação do crescimento e expansão do uso da tecnologia limpa na região.
Desenvolvedores de energia, atraídos pela liberalização do setor de energia e novas políticas na área, têm feito cada vez mais incursões no continente. Somente a África Subsaariana precisa investir US$ 27 bilhões por ano para atender sua meta de gerar e transmitir energia.
Os acordos crescentes entre empresas de energia africanas e desenvolvedores de projetos de energia acenam para o ressurgimento do setor no continente. Parceria público-privada e empresas de energia recém-privatizadas são as impulsionadoras das novas oportunidades de investimentos.
Como exemplo deste crescimento, no final do ano passado, o Banco Mundial aprovou a liberação de US$ 510 milhões de um total de US$ 3,75 bilhões para projeto de energia renovável na África do Sul, a ser implementado pela Eskom, maior produtora de eletricidade do continente.

USINAS FRANCESAS PASSAM
POR TESTES DE ESTRESSE

A França deve gastar bilhões de dólares com testes de estresse para melhorar a segurança de suas usinas nucleares. A ação foi motivada depois da tragédia de Fukushima, no Japão. As medidas pretendem prevenir acidentes ou diminuir o impacto em caso de falha em alguma usina.
O teste de estresse inclui a unidade de Flamanville, na costa norte do país. Inicialmente prevista para entrar em operação este ano, a usina deverá agora somente gerar energia em 2016, com um custo final de construção de US$ 7,7 bilhões — 80% acima do previsto.
Os testes têm também atingido outros países da União Europeia, depois que a comissão do bloco solicitou avaliação das plantas de usina nuclear do continente contra desastres naturais, impacto de avião, ataque terrorista e outras ameaças.

HOCHTIEF ALEMÃ TEM PREJUÍZO EM 2011

Depois da ACS da Espanha ter assumido o controle da Hochtief em 2011, a construtora alemã viu seus resultados no ano se tornarem negativos com as indenizações dos executivos principais que deixaram a empresa, incluindo o CEO Herbert Lutkestratkotter e a superintendente Martin Rohr.  As indenizações somaram US$ 46 milhões. Além disso, houve perdas registradas pela subsdiária Leighton Holdings, referentes a negócios em Dubai, Emirados Árabes Unidos, e com uma rodovia pedagiada neste país no valor de US$ 126 milhões. O prejuízo total da empresa no ano foi de US$ 210 milhões. 

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A ENR é uma publicação da McGrawHill, editora com mais de 100 anos de atividades e a principal no mundo com foco em Construção, Infraestrutura e Arquitetura. A revista O Empreiteiro é parceria editorial exclusiva da ENR no Brasil. Mais informações www.enr.com

Fonte: Padrão


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