Processo construtivo antecipa o
cronograma previsto pelo Dnit
Na véspera do feriado de Tiradentes (que aconteceu em 21 de abril), os motoristas que trafegavam pela BR-381, uma das rodovias mais movimentadas do País, tiveram uma lamentável surpresa: a ponte sobre o rio das Velhas, em Sabará (MG), havia sido interditada, porque parte da sua estrutura havia cedido, causando o afundamento de um trecho da pista. Com a interrupção do tráfego, o fluxo de pessoas e cargas para os mais variados destinos, como Espirito Santo e Bahia, ficou comprometido e levou usuários a recorrerem a desvios de mais de 100 km para seguir viagem. |
Para solucionar o problema, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) considerou emergencial a obra de recuperação da ponte. A M.Martins, empresa do Grupo Aterpa, foi contratada pelo órgão para executar o serviço. O custo da nova ponte sobre o rio das Velhas foi de R$ 29,3 milhões e compreendeu a demolição e remoção da antiga estrutura; instalação de passarela provisória para pedestres; implantação da fundação e acessos para ponte provisória instalada pelo Exército brasileiro; e construção da nova ponte e dos acessos definitivos.
O prazo máximo para a conclusão era de seis meses, mas a construtora procurou executá-la no menor prazo possível, a fim de diminuir os transtornos à população. A obra definitiva foi projetada em estrutura mista (metálica/concreto) e tem cerca de 222 m de extensão, atendendo às normas e exigências atuais para obras-de-arte especiais. A nova ponte tem três pistas de rolamento, totalizando 16,3 m de largura, e é adequada ao projeto de duplicação da BR-381.
A M.Martins iniciou os trabalhos com a montagem de passarela flutuante, demolição da ponte existente e a construção dos apoios e acessos para a travessia provisória. Cerca de 150 colaboradores trabalharam na construção da nova ponte, que foi dividida em seis fases: infraestrutura (fundação composta de estacas escavadas de grande diâmetro pinadas na rocha e blocos de coroamento); mesoestrutura (encontros, pilares e travessas); superestrutura (vigas, transversinas e lajes); construção dos acessos; acabamentos; e sinalização das pistas.
Diferencial
A infraestrutura foi o grande diferencial da obra. “A fundação foi executada em estacas de grande diâmetro (1,50 metro), escavadas mecanicamente com pino em rocha, além da superestrutura em vigas metálicas e lajes pré-moldadas”, explica Marconi Borges, engenheiro da M.Martins responsável pela obra. Para escavação do trecho em solo foi utilizada uma perfuratriz hidráulica com camisa metálica até alcançar o horizonte rochoso das margens do rio das Velhas. Em seguida, para escavação do pino (engaste na rocha), foi utilizado o sistema de circulação reversa, com uma perfuratriz Wirth instalada sobre a camisa metálica.
Para a mesoestrutura, a empresa construiu blocos de coroamento de estacas – que foram concretados após o preparo do solo – e executou um concreto magro de regularização, armação e fechamento das formas laterais. Os pilares circulares foram concretados com forma metálica, enquanto a travessa superior foi escorada com estrutura metálica e concretada in loco, após a conclusão das formas e da armação.
Na execução da superestrutura, foram recebidos 15 módulos compostos com duas vigas metálicas cada fornecidas pela Usiminas Mecânica. Em cada vão da nova ponte foram colocadas seis vigas longitudinais, formando três pares contraventados, posicionados com o auxílio de treliça metálica de grande porte. Posteriormente, foram instaladas lajes pré-moldadas de concreto sobre as vigas. As lajes são ligadas umas às outras e às vigas metálicas por meio de concreto.
O lançamento das vigas e das lajes pré-moldadas foi realizado por uma treliça metálica que se apoiou sobre os pilares da ponte – as operações ocorreram desde a retirada das peças das carretas que transportaram as vigas de Ipatinga (MG) até a colocação destas nos apoios definitivos. Após a conclusão do lançamento das lajes, foi realizada a concretagem das ligações e dos nichos, ou seja, o preenchimento com concreto dos furos nas lajes pré-moldadas. Também houve a concretagem in loco do guarda-rodas com utilização de forma metálica e a montagem do guarda corpo metálico.
Na etapa final da obra, a empresa reconstruiu os acessos, realizou o acabamento e a sinalização horizontal sobre a ponte. Segundo Borges, o principal desafio enfrentado pela M.Martins foi o prazo de seis meses para execução do projeto. “A nossa experiência neste tipo de obra, somado ao método construtivo adotado e à integração da equipe envolvida em todas as etapas da obra, com planejamento e controle das frentes de serviços, nos permitiu entregá-la antes do prazo”, destaca.
Entrega de vigas
em tempo recorde
A Usiminas Mecânica, empresa de bens de capital da Usiminas, foi contratada pela M.Martins para o fornecimento das vigas metálicas para construção da nova ponte sobre o Rio das Velhas. A entrega das mais de 650 t de estruturas em aço também foi feita em tempo recorde, atendendo às exigências da empresa em um curto prazo. As peças produzidas têm 42 m de comprimento, 3,5 m de largura, 2,5 m de altura e 43 t cada. Ao todo foram 15 conjuntos de peças destinados à construção da nova ponte.
Dados da nova ponte
– Rodovia: BR-381, Km 454,3, na divisa de Belo Horizonte com Sabará (MG)
– Valor contratado: R$ 29,3 milhões
– Comprimento: 222 m
– Largura: 16,35 m
– Fundações: 18 estacas (1,5 m de diâmetro cada) escavadas mecanicamente embutidas na rocha
– Superestrutura: mista em concreto e aço. Uso de aproximadamente 650 t de estrutura metálica
Fonte: Estadão