No Rio, o metrô avançou nos últimos 10 anos
apenas 2,7 km; em São Paulo, o crescimento da malha tem sido menos moroso
Filipe Quintans e Joás Ferreira
Com quase 84% da população concentrada em áreas urbanas e dois importantes eventos esportivos a caminho, aumentou significativamente no Brasil a necessidade de sistemas integrados de transporte, sobretudo nas duas principais cidades brasileiras: Rio de Janeiro e São Paulo. A saída lógica, visando à mobilidade nos grandes centros seria o transporte sobre trilhos, como o metrô integrado a ônibus e trens. |
Em ambas as cidades há obras de expansão das linhas existentes em curso e vários projetos de novas linhas previstos. No entanto, pela morosidade do passado e os problemas do presente, por certo elas não acompanharão as demandas existentes.
Rio de Janeiro
Criado em 1979, o Plano Diretor do Metrô carioca previa a construção de seis linhas. Porém, hoje funcionam apenas duas: Linha 1 – General Osório (Ipanema) a Saens Peña; e Linha 2 – Botafogo a Pavuna (sendo que entre Botafogo e Central, com 10 estações, a linha 2 compartilha os trilhos com a linha 1). No total, são 48 km de linhas e 35 estações, atendendo a 620 mil passageiros.
Concedido à iniciativa privada em dezembro de 1997 (Consórcio Opportrans e, posteriormente, Grupo Invepar), entre 2001 e 2010, o metrô no Rio de Janeiro não avançou muito. Foram 2,7 km, com a inauguração de apenas 4 novas estações, três delas na Zona Sul da cidade (Siqueira Campos, Cantagalo e General Osório) e uma no centro (Cidade Nova).
As linhas que estão na gaveta são: 3 — ligando a estação da Carioca, no centro da cidade, as cidades de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (embora o governo do Estado tenha prometido recentemente tirar o projeto do papel, pelo menos no trecho entre Niterói e Itaboraí); 5 — Ilha do Governador a Rodoviária Novo Rio, na zona portuária; e 6 — ligando a Barra da Tijuca até o Aeroporto Internacional do Galeão, na Ilha do Governador.
Em junho do ano passado, deu-se início à construção da linha 4, que ligará a estação General Osório a Barra da Tijuca, com vista a atender os Jogos Olímpicos de 2016. No outro extremo da linha, está em obras desde o início do ano a estação Uruguai, que dará prolongamento do metrô à Zona Norte da cidade a partir da estação Saens Peña. A conclusão desta obra é prevista para 2013.
A expansão do Metrô no Rio rumo à Zona Oeste, chegando até a Barra da Tijuca com a nova linha 4, segundo especialistas em engenharia de trânsito, “desafogaria” sobremaneira o fluxo de veículos em direção àquela área da cidade.
São Paulo
Em São Paulo, a expansão da malha metroviária caminha em marcha mais acelerada. Com cerca de 74,3 km de extensão, a rede atende a quase 3 milhões de passageiros por dia, o que lhe rendeu o título de “metrô mais lotado do mundo”. A linha 4, inaugurada no ano passado, ligando as estações Faria Lima e Paulista, foi feita através de uma parceria público-privada (PPP) do governo do Estado com o grupo CCR. Depois, mais quatro estações nesta mesma linha foram abertas: Luz, República (estas duas neste mês de setembro) Pinheiros e Butantã. A linha 4 ainda terá as estações Higienópolis, Oscar Freire, Fradique Coutinho, Morumbi e Vila Sônia, que representam a segunda etapa da obra, com conclusão total prevista para final de 2014.
As obras de extensão da Linha 5 (hoje, a linha funciona do Capão Redondo a Santo Amaro) retomou os trabalhos, depois de suspeitas de que houve acerto entre as construtoras na divisão dos lotes. Orçada em cerca de R$ 4 bilhões, a extensão ligará Santo Amaro a Chácara Klabin, na Vila Mariana – o trecho entre as estações Largo Treze e Adolfo Pinheiro, que corresponde ao lote 1 da expansão, com obras sendo executadas pelas empresas Constran e Construcap, é o único com os trabalhos adiantados. O prazo previsto para o fim total da obra é de 44 meses, podendo estar pronta em dezembro de 2014.
Além disso, contrato firmado, no final de julho, entre a Companhia do Metrô e o Consórcio Monotrilho Integração, para implantação da Linha 17, que será operada por meio de monotrilho, prevê a ligação do aeroporto de Congonhas com a rede de trens da capital paulista. O investimento para esse projeto, segundo estimativas, é de R$ 3,1 bilhões. O Consórcio Monotrilho Integração é formado pelas empresas Scomi, Andrade Gutierrez e CR Almeida.
O sistema de monotrilho, movido à energia elétrica, se movimenta com pneus posicionados sobre o carro e também com pneus laterais que dão estabilidade ao veículo. O monotrilho “abraça” a viga-trilha de concreto elevada por pilares de até 15 m por onde percorre o modal. Toda a estrutura de concreto é pré-moldada, produzida em canteiros de obras próximos às linhas.
O primeiro trecho, previsto para ser entregue à população em 2014, com 7,7 km de extensão, será entre o aeroporto de Congonhas e a Estação Morumbi, da Linha 9 da CPTM (Osasco-Grajaú). Posteriormente, a linha será conectada à Linha 5 na Estação Água Espraiada, à linha 4 na estação São Paulo-Morumbi e à linha 1 na estação Jabaquara.
Na linha 17 do metrô de São Paulo, serão usados 72 carros. No total, ela deve transportar 252 mil passageiros por dia.
A extensão da linha 2, que ligará Vila Prudente a Cidade Tiradentes, também está obras – conduzidas pelo consórcio Expresso Monotrilho Leste, integrado pelas construtoras Queiroz Galvão e OAS, além da Bombardier —, no valor total de R$ 2,4 bilhões. O sistema a ser empregado é também o monotrilho. A previsão é de que 500 mil pessoas utilizem diariamente a linha.
Com 24,5 km, os trabalhos da extensão da linha 2 estão divididos em três etapas: Vila Prudente-Oratório (2,9 km); Oratório-São Mateus (10,1 km); e São Mateus-Cidade Tiradentes (11,5 km).
O trecho Vila Prudente-Oratório tem previsão de término para o segundo semestre de 2013. O trecho Oratório-São Mateus deverá ser entregue à população em 2014, e o último trecho (São Mateus-Cidade Tiradentes) no final de 2016.
Serão usados 54 trens na linha, com sete carros cada, com intervalo entre os trens em funcionamento de 90 segundos.
O restante da ampliação da malha metroviária de São Paulo e
ncontra-se em fase de estudo.
Transporte nas metrópoles
Cidade |
População
|
Rede do Metrô (em km)
|
São Paulo |
11.324.102
|
74,3
|
México |
8.841.916
|
176,8
|
Nova York |
8.175.133
|
369
|
Londres |
7.825.200
|
402
|
Tóquio |
12.989.000
|
292
|
Fontes: Metrô e prefeituras |
Fonte: Estadão