A principal reclamação dos 46 associados da Associação Brasileira dos Terminais Retroportuários e das Empresas Transportadoras de Contêineres (ABTTC), segundo o presidente da entidade, Martin Aron, recai sobre os transtornos enfrentados com o fluxo rodoviário de veículos.
"Embora o porto tenha investido na operação portuária e o Rodoanel tenha contribuído muito para melhoria dos custos e para diminuição do tempo de viagem entre o planalto e a Baixada Santista, o acesso à cidade e ao porto ainda constitui uma grande dor de cabeça para os transportadores", lamenta Aron.
Os transportadores, segundo ele, ainda estão sujeitos a grandes congestionamentos que afetam não só quem trabalha diretamente com essa atividade, mas também à população em geral. A entidade, de acordo com seu presidente, tem procurado mostrar, nos fóruns adequados de discussão, a urgente necessidade de se melhorar as condições desses acessos.
Atualmente, 85% das cargas que entram em Santos são transportadas por rodovias. Só os 15% restantes utilizam, como alternativa de transporte, o modal ferroviário. O eventual crescimento da utilização dos trens teria como consequência a melhoria, com a diminuição da sobrecarga, do sistema de transporte rodoviário. "Entretanto, é muito improvável que a porcentagem representada pelas ferrovias cresça em curto prazo de tempo. E, mesmo que isso aconteça e que se dobre a utilização desse modal, ainda sobrariam 70% para o transporte rodoviário", analisa.
Segundo Aron, embora se fale muito no Ferroanel e no outro tramo do Rodoanel, "estes são investimentos necessários, mas também são vultosos e demandam muito tempo para serem concretizados".
Os constantes congestionamentos na Rodovia Cônego Domênico Rangone (antiga Piaçaguera-Guarujá) provocam sérios transtornos para os transportadores que, por vezes, não conseguem depositar os contêineres dos seus clientes nos terminais, dentro de prazos mais adequados e, comercialmente, viáveis.
Outro entrave, de acordo com Aron, é que o único acesso rodoviário a Santos para carga é a Via Anchieta, "que é muito antiga, com mais de 60 anos de funcionamento". Na Rodovia dos Imigrantes, que para ele seria a alternativa mais moderna, não é permitido o tráfego de qualquer tipo de caminhão de carga.
A ABTTC é uma entidade de âmbito nacional que já tem 30 anos de fundação. Os seus associados atuam principalmente em três ramos de negócio envolvendo os contêineres com cargas para exportação (Redex), que sofrem o controle aduaneiro da Alfândega e da Receita Federal; os Depots, que são os terminais para depósito e manutenção de contêineres vazios; e o transporte de contêineres.
Expectativa de mudanças
Gedeon Aron destaca, entretanto, que os principais terminais da Baixada Santista já estão trabalhando com o sistema de agendamento on line de cargas, que é imprescindível para a melhoria do fluxo rodoviário. "Sem esse agendamento, as transportadoras chegavam ao porto aleatoriamente e contribuíam para a formação das grandes filas de espera e a ocorrência de grandes transtornos. O agendamento, através de uma logística bem elaborada, organiza esse fluxo e garante o melhor atendimento a todos os caminhões que chegam à região portuária", explica Aron.
As empresas do setor, segundo ele, ainda não estão inseridas entre as que recebem o benefício do re-porto. Esse é um regime tributário de incentivo ao investimento que, sob certas condições, proporciona a isenção de impostos, com a economia de 30% a 40%, na compra de determinados equipamentos.
"Nós lutamos pelo reconhecimento do nosso direito de também fazer parte desse regime de isenções. Foi com esse benefício que as empresas, já contempladas, puderam se preparar para enfrentar o crescimento de exportações ocorrido entre os anos 2005 e 2007 e de 2009 até hoje", conclui.
Fonte: Estadão