Nova modalidade de contratação de consórcio construtor introduz
cooperação mútua e open book na divisão de ganhos e perdas
na expansão de complexo industrial
Com 61,5% de avanço, prosseguem os trabalhos da obra de expansão da Fase III do complexo industrial de Uberaba da Fosfértil. Considerada a maior fornecedora brasileira de produtos fosfatados e nitrogenados empregados para fabricação de fertilizantes, a partir da mistura de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), a empresa inova na contratação do Consórcio Fértil – formado por Camargo Corrêa (37,79%), Promon (37,79% e Odebrecht (24,42%) -, responsável pela execução do projeto. O modelo empregado é um contrato de cooperação mútua, que segue a modalidade "Aliança", com custo reembolsável e remuneração percentual fixa, em que há total transparência nas informações relativas a custos e condições comerciais – open book no compartilhamento de ganhos e perdas. O preço contratado é de R$ 450 milhões e a conclusão tem data certa: 10 de maio de 2011.
O escopo é amplo: gerenciamento, engenharia de detalhamento, suprimentos, construção, montagem eletromecânica, apoio ao comissionamento, pré-operação e partida, e tem o objetivo de permitir a ampliação da capacidade produtiva da planta da Fosfertil em 250 mil t/ano, com a criação de novas unidades de processo. São elas:
– Unidade de Sulfúrico (tecnologia MECS): 2000 t/dia
– Unidade de Fosfórico (tecnologia SNC-Lavalin): 900 t/dia
– Unidade de Evaporação – Concentração de Ácido Fosfórico (tecnologia Technip): 1100 t/dia de água evaporada
– Unidades OSBL, como recebimento de rocha, preparação de polpa, fusão e filtração de enxofre
De acordo com o consórcio, os trabalhos progridem satisfatoriamente, seguindo o planejamento, como pode ser visto na Tabela de Atividades, referente ao início do mês de julho(tabela 1)).
Disciplinas de gestão
O complexo industrial de Uberaba ocupa 3,2 milhões m2 dentro de um terreno com 6,9 milhões m2, localizado no Distrito Industrial de Uberaba, nas proximidades do rio Grande. Uma frase define o sucesso da execução da Fase III do empreendimento: "Cumprir prazo, custo, qualidade, segurança e operabilidade", afirma José Renato Nedochetko, gerente executivo da Fosfértil.
O emprego de um conjunto de disciplinas de gestão de empreendimentos pode ser considerado a chave para a realização. "Podemos destacar a qualidade da equipe envolvida da Fosfértil, a disciplina aplicada no gerenciamento do projeto, o modelo de contratação e a qualidade das empresas do consórcio e da engenharia básica, e a decisão de antecipar a compra dos principais equipamentos e materiais", explica.
Por isso, o avanço segue o cronograma idealizado, com frentes de trabalho em todas as seções e em forte ritmo de atividades. "A previsão é de que nos próximos seis meses todos os equipamentos estejam instalados. Depois serão instalados instrumentos, cabos elétricos, tubulações, válvulas e, finalmente, o isolamento térmico dos equipamentos e tubulações", informa José Renato.
Mais de mil homens trabalham no momento na execução dos trabalhos. São 850 empregos diretos (obras civis e montagem eletromecânica), 175 indiretos (gerenciamento, saúde, segurança, meio ambiente, qualidade, planejamento, supervisão e administração) e 80 terceirizados (transporte, armação, andaimes). Apesar do contingente elevado, foi registrado mais de um ano sem acidentes com afastamento. "Índice só conquistado graças ao compromisso da liderança das empresas, à aplicação da melhores práticas de gestão, ter metas desafiadoras e contar com a disciplina dos empregados", diz o gerente executivo.
Capacidade plena
Em pouco mais de 10 anos, a Fosfértil passa por sua terceira obra de ampliação. A empresa passou por processo de privatização em 1992 e, seis anos depois ocorria a primeira etapa de expansão, seguida de uma nova ampliação realizada entre os anos de 2005 e 2006. "Com a expansão Fase III encerraremos um ciclo de investimentos previstos para Uberaba, o que nos fará ocupar toda a nossa capacidade produtiva nas unidades de fertilizantes, utilizando a oferta de fosfórico disponível", informa Kenedy Carvalho, gerente executivo Industrial do complexo.
O projeto químico original foi elaborado pela empresa Natron, com uso de tecnologia Rhone Poulenc para ácido fosfórico e Lurgi para ácido sulfúrico. O projeto do terminal de rocha fosfática é do escritório Paulo Abib Engenharia. O mineroduto existente e que transporta a rocha fosfática extraída da unidade Tapira, também em Minas Gerais, em forma de lama, não precisará passar por alteração, uma vez que sua capacidade é de 250 t/h e opera atualmente a 180/200 t/h.
Como o processo químico de produção gera fosfogesso, haverá ampliação da área já existente de estocagem desse insumo, para atender à Fase III. Segundo Neder Cagliari Júnior, chefe do setor de Ácidos, os volumes armazenados são grandes, já que a cada 1 t de ácido fosfórico são geradas de 4,5 a 4,7 t de gesso.
Fluxo de produção
Em seu projeto, a nova unidade conta com rotas de processos planejadas, com as matérias-primas recebidas através das áreas laterais e os produtos, gerados na área central, expedidos pelo setor frontal, enquanto o fosfogesso segue o fluxo para armazenagem no setor posterior.
Dentro do complexo, há duas rotas de movimentação da rocha fosfática. Uma tem como finalidade a produção de ácido fosfórico. Na forma de lama, já condicionada para ter 70% de sólidos (no mineroduto o produto é transportado com 60% de sólidos), recebe ácido sulfúrico, passando por reação química que produz o ácido fosfórico.
O sulfúrico produzido segue para as unidades de ácido fosfórico do complexo. As plantas de sulfúrico requerem o uso de enxofre, que é importado pelo terminal próprio da empresa localizado na Baixada Santista (SP) e é transportado por ferrovia (95%) até Uberaba. Na segunda linha de produção existente, é produzido o chamado TSP-ROP.
Lagoa
Uma série de cuidados especiais são tidos com o meio ambiente, uma vez que a indústria está instalada em área rodeada por Área de Proteção Permanente (APP). Há atividades constantes de monitoramente de todas as operações. As pilhas de gesso,
além de acompanhamento permanente, passam por revegetação. Uma lagoa, dentro do complexo, criada com água recuperada, abriga espécies de peixes, aves e até um jacaré.
Resumo
Projeto de Expansão de Fosfatados Fase III
Aumento da capacidade produtiva das minas – adicional de 182.000t de rocha fosfática, atingindo 3,5 milhões t/ano
Planta de ácido fosfórico – capacidade de 250.000 t de P2O5. Adicional de 230.000t de P2O5 de ácido fosfórico, atingindo mais de 1 milhão t/ano
Planta de ácido sulfúrico – capacidade de 2.000 t/dia. Adicional de 481.000t de ácido sulfúrico
Planta de granulação de TSP – adaptação da planta de MAP para granulação de TSP (multipropósito)
Geração de Energia Elétrica – adicional de 5,3 MW, por autogeração
Ocupação da capacidade de MAP – adicional de 415.000 t de MAP, atingindo 1,2 milhão t/ano. (Fonte: Fosfértil)
Atividades |
Peso |
TA1 |
TR2 |
Total geral |
100,00% |
64,42% |
61,65% |
Engenharia detalhada |
8,30% |
95,55% |
94,13% |
Contratação |
0,97% |
98,83% |
97,60% |
Fornecimento de bens |
48,84% |
85,20% |
82,58% |
Transporte e entrega no site |
1,24% |
66,26% |
65,25% |
Obras civis |
14,31% |
54,88% |
53,45% |
Montagem eletromecânica |
26,28% |
17,99% |
15,31% |
Testes a frio / Mechanical completion |
0,04% |
4,17% |
0, 00% |
1TA – Trabalho Agendado / 2TR – Trabalho Realizado
Fonte: Consórcio Fértil
Números da obra
Quantidades da construção |
||
Unidade |
Qtde |
|
Aço CA-50 |
Ton. |
1.150 |
Concreto FCK 30 MPA-Bombeável |
M3 |
9.000 |
Insert / Chumbadores ASTM A36 |
Ton. |
45 |
Quantidades da montagem |
||
Unidade |
Qtde |
|
Mecânica |
Ton. |
2.600 |
Caldeiraria |
Ton. 800 |
|
Tubulação |
Ton. |
629 |
strutura Metálica |
Ton. |
848 |
Elétrica |
ml |
225.000 |
Instrumentação |
un. |
661 |
Quantidades de H.H direta p/ obras civis e montagem |
1.600.000 |
Fonte: Consórcio Fértil
Fonte: Estadão