Com a concepção do arquiteto Joaquim Cartaxo, o projeto desenvolvido pelo escritório Nasser Hissa Arquitetos, para o Centro de Eventos de Fortaleza, inspira-se em motivos regionais, como as falésias que bordejam as praias cearenses e o bordado das rendeiras
Um dia o arquiteto Joaquim Cartaxo, então ocupando a função de Secretário das Cidades no primeiro governo Cid Gomes, foi surpreendido, em seu gabinete, pela entrada do secretário Bismarck Maia, do Turismo, que precisava apresentar projeto de um centro de eventos ao governador. Outros, que ele apresentara, não haviam sido aprovados.
Cartaxo, assoberbado pelas ocupações oficiais, disse que não poderia elaborar o projeto arquitetônico por inteiro, mas que teria o maior prazer em colaborar com o empreendimento, concebendo o projeto básico. Casualmente, ele encontrou o arquiteto Napoleão Ferreira e ambos trocaram ideias, formatando a concepção. A ideia, desenhada, acabou apresentada ao secretário do Turismo, que a levou ao governador. De imediato, a concepção foi aprovada e o projeto básico elaborado. Daí em diante, o escritório Nasser Hissa Arquitetos fez o projeto de arquitetura definitivo. Hoje, o Centro de Eventos está em fase de acabamento e será, segundo o consórcio construtor formado pelas empresas Galvão Engenharia e Andrade Mendonça, o mais moderno e um dos mais funcionais no País.
A obra começou a ser construída em agosto de 2009 em terreno de 17 ha e terá área construída da ordem de 155 mil m². É composto por dois blocos semicirculares paralelos, simétricos nos dois eixos, conectados por uma praça de convivência com cerca de 6 mil m² de área. Ela ficará caracterizada pela cobertura da cúpula – não geodésica – que emprega vidros planos de quatro pontos e permitirá o funcionamento da praça durante todo o dia, com plena iluminação natural.
O centro, destinado a feiras e convenções, mas com a peculiaridade de ser multiuso a fim de permitir atividades ininterruptas, é construído na avenida Washington Soares perto do antigo Centro de Convenções do Ceará. Ele já está significando motivo para outras melhorias urbanas: a construção do elevado sobre aquela avenida e uma ponte sobre o rio Cocó, de modo a interligar as avenidas Sebastião de Abreu e Santos Dumont.
O engenheiro Sílvio Costa Andrade, Gerente de Contratos da Galvão, na obra, diz que os dois pavilhões para exposições – o Oeste e o Leste – foram dispostos no primeiro pavimento. Previram-se oito salas de convenções de cada lado somando cerca de 300 m², com um pormenor: cada sala pode ser subdividida e, nesses espaços, serem realizadas atividades diferentes, sem que o ruído de um espaço não interfira no outro, tal o aprimorado sistema acústico ali instalado. É nesse primeiro pavimento que se situa a área de convivência, com a praça de alimentação com capacidade para abrigar 16 estabelecimentos – lanchonetes e restaurantes. Esses espaços estarão disponíveis, tão logo seja entregue a obra, para serem licitados e locados. O conjunto terá capacidade para receber um público de 30 mil pessoas, simultaneamente, em um único evento.
No segundo pavimento há 20 salas de convenções – dez de cada lado – com espaços que somam 300 m², e que, a exemplo das salas do primeiro andar – também podem ser alteradas e subdivididas para efeito de aproveitamento. Uma sala pode ser usada de ponta a ponta ou ser subdividida em dez.
No térreo estão dispostos dois grandes salões com as áreas sociais para recepção, credenciamento e outras atividades análogas. O subsolo foi utilizado para a construção do estacionamento com capacidade para 2.500 vagas e a distribuição das áreas técnicas, tais como a central de água gelada, a central de monitoramento, subestação etc. O equipamento de refrigeração – 4.500 TR – tem capacidade superior ao equipamento de grandes shoppings centers. O sistema de esgotamento sanitário é a vácuo, segundo a política de redução de água e sustentabilidade ambiental.
O engenheiro informa que a localização do centro de eventos favorecerá o esforço para que ele tenha atividades permanentes. Quase contíguo ao prédio funciona, por exemplo, a Universidade de Fortaleza (Unifor), cujo público poderá utilizar o centro de convivência. Em razão do trânsito do entorno, o governo previu, no projeto, a construção de quatro túneis, que deverão ficar prontos com a obra, necessários à organização do sistema viário local.
AS TÉCNICAS QUE
AGILIZAM A OBRA
Dentre as técnicas que contribuíram para apressar a obra cabe destaque à dos pré-moldados. A estrutura do empreendimento foi fabricada e montada pela empresa T&A Pré-Fabricados, com o uso de peças pré-fabricadas de concreto produzidas em indústria situada no município cearense de Maracanaú. Os pilares (no total são 300 pilares de concreto) têm 28 m de comprimento. E, dada a impossibilidade de eles serem transportados da fábrica para a obra, foram divididos em duas partes e soldados em canteiro na fase de montagem.
Outro dado, cuja informação é do próprio fabricante, diz respeito às lajes alveolares, cuja produção exigiu cuidados especiais, uma vez que elas apresentam sobrecargas elevadas e os vãos variando entre 10 m e 15 m. Para apoio dessas lajes foi concebida viga especial de 20 m de comprimento. As peças, segundo relato do presidente da T & A, José Almeida, receberam reforço extra na armadura de protensão para suportar as sobrecargas elevadas. Foram utilizadas 90 vigas especiais desse tipo n obra.
O engenheiro Sílvio Costa diz que ali foram aplicados cerca de 70 mil m² de concreto moldado in loco; há 56 m de vão livre de cobertura metálica; foram feitos 100 mil m² de alvenaria; 46 mil m lineares de estaquemento, além daquele número elevado de pilares pré-moldados de concreto.
O histórico do centro de eventos registra que o projeto executivo ficou por conta do escritório Architectus. Segundo esse escritório, o conceito geométrico da estrutura da cúpula sobre o centro de convivência resultou de trabalho realizado pela Architectus em conjunto com a RCM Estruturas Metálicas. O vidro aplicado nos quadros de alumínio foi cortado, lapidado e enviado para colocação na medida certa pela empresa Interbox. Foram instalados pela empresa Rótula. A vedação foi feita com o silicone 791 da Dow Corning.
Fonte: Padrão