Avaliada como a obra de arte mais complexa desde a concessão, em 1997, nova ponte se estenderá por 280 m
Guilherme Azevedo
Sob a coordenação da concessionária Viapar (Rodovias Integradas do Paraná), a duplicação se subdivide em duas fases: na primeira, são 41 km na PR-317, entre Floresta e Peabiru (km 125 a km 166), e, na segunda, mais 12 km da BR-158, nome que a PR-317 recebe a partir de Peabiru, entre este último e Campo Mourão (km 196 a km 208). A expectativa é entregar, ainda este ano, 10 km duplicados.
O novo trecho duplicado, com pavimento de asfalto, terá quatro faixas de rolamento (duas em cada sentido de tráfego) com 3,60 m de largura cada, acostamentos externos com 2,50 m e acostamentos internos com 0,60 m. O traçado será marcado por duas pontes, quatro viadutos e 19 retornos em nível. A projeção é escavar um total de 2,6 milhões de m3 de terra.
Transposição complexa
Segundo Jackson Seleme, diretor de engenharia da Viapar, a nova ponte sobre o rio Ivaí é a maior obra de arte especial a ser executada desde o início da concessão, há 17 anos. O rio a ser transposto, o Ivaí, é um dos mais importantes do Paraná, se estendendo rumo ao norte, depois a oeste, por cerca de 680 km, sempre em território paranaense, até desaguar no rio Paraná.
A obra de arte especial sobre o Ivaí terá 280,0 m de extensão, duas faixas de rolamento com 3,60 m de largura cada, acostamento externo com 3,0 m de largura e acostamento interno com 1,0 m de largura. A superfície de rolamento será o próprio tabuleiro da ponte, executado com concreto.
De acordo com o diretor de engenharia da Viapar, a edificação da ponte apresenta particularidades complexas, como fundações executadas dentro d’água, em profundidades que podem chegar a 17 m. Seleme explica que outros elementos da obra – meso e superestrutura – também diferem substancialmente do padrão de outras obras de arte especial já construídas no escopo da concessão. O método construtivo ainda está em estudo.
A outra nova ponte do traçado transporá o rio Km 119, alongando-se por 36 m. Terá duas faixas de tráfego com 3,60 m de largura cada, acostamentos externos com 2,50 m e acostamentos internos com 0,60 m. A exemplo da ponte sobre o Ivaí, terá piso de concreto. A superestrutura se constituirá de cantiléver com vigas retangulares de concreto armado e protendidas em etapa única. Os apoios serão formados de pares de pilares assentes em rocha sã, unidos por viga de rigidez no topo.
Viadutos com quatro faixas de rolamento
Todos os quatro viadutos do projeto terão quatro faixas de rolamento (duas em cada sentido de tráfego) com 3,60 m de largura cada, acostamentos externos com 2,50 m e acostamentos internos com 0,60 m. São dois viadutos na PR-317, ambos em Engenheiro Beltrão: km 153,6 e km 155,7, no acesso ao município de Terra Boa — a execução deste último já foi iniciada. O primeiro viaduto tem área do tabuleiro de 360 m2 e o segundo, de 276 m2. Os viadutos da BR-158 se localizam no município de Peabiru, nos km 196,2 e km 201,8, com áreas de tabuleiro de 800 m2 e 700 m2, respectivamente.
Além da dificuldade da execução da ponte sobre o rio Ivaí, a engenharia da Viapar também aponta as intervenções em perímetros urbanos como obstáculo, que vão exigir planejamento e cuidados extras com logística e segurança.
Pela PR-317 trafegam hoje 6 mil veículos por dia em média, exceto no trecho urbano de Maringá, onde o movimento sobe para 20 mil veículos diariamente. O tráfego se constitui de 70% de veículos de passeio e de 30% de comerciais (caminhões e carretas). Dos veículos comerciais, a maior parte transporta grãos (soja e milho), uma vez que a vocação do noroeste e norte paranaenses é eminentemente agrícola.
A Viapar, que ganhou o direito de administrar e explorar a rodovia por 24 anos, em 1997, é formada por um consórcio de empresas que reúne as construtoras Carioca Christiani-Nielsen Engenharia, Queiroz Galvão e Cowan, entre outras. No total, a Viapar é responsável por 546 km de rodovias paranaenses.
Estado licita concessões e recorre ao modelo das PPPs
O governo do Paraná, sob a gestão de Beto Richa (PSDB), tem a intenção de transferir à iniciativa privada as obras de duplicação de ao menos seis outras rodovias no estado. A ideia original é encaminhar o processo o mais rápido possível, ainda no primeiro quadrimestre, mas o prazo curto deve ser impeditivo. A Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe, a partir do segundo quadrimestre (maio) de ano eleitoral, o titular de poder ou órgão público de contrair despesa que não possa ser paga no próprio mandato. Uma licitação como a pretendida precisaria estar concluída até o fim de abril, portanto.
A primeira delas, já em processo adiantado, é o da PR-323, com previsão de formalizar a escolha da empresa vencedora, no mais tardar, até fim de abril. A parceria público-privada prevê que o vencedor executará a obra e também fará a operação da rodovia por 30 anos, tendo como contrapartida a cobrança de pedágio em quatro praças. O escopo do projeto da PR-323 estabelece a duplicação de 207 km de pistas, entre os municípios de Maringá e Francisco Alves, a construção de nove pontes, 19 viadutos, 22 trincheiras e 13 passarelas, além de marginais e ciclovias nas áreas urbanas. O trecho reúne três rodovias estaduais: PR-323, PRC-487 e PRC-272.
Por meio do DER-PR, o governo do Paraná está analisando ainda os estudos recebidos das possíveis parcerias público-privadas para duplicar as rodovias PR-445 (Londrina-Mauá da Serra), PR-092 (Joaquim Távora-Jaguariaíva) e PRC-280 (Realeza-Palmas).
Investimentos em duplicação somam R$ 1,7 bilhão
Os investimentos nas obras chegam a R$ 1,7 bilhão e totalizam, agora, 118,2 km de pistas em duplicação (incluindo as já iniciadas na PR-317) no Anel de Integração, segundo a Secretaria de Infraestrutura e Logística do Paraná. Os recursos advêm parte do governo estadual, por meio do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), parte da iniciativa privada, por meio dos concessionários.
Na região noroeste, outras duas obras estão sendo realizadas sob a coordenação da Viapar. A primeira acontece no município de Mandaguari e prevê a construção de um contorno rodoviário na BR-376, com 11 km de extensão. O objetivo, segundo o DER-PR, é desafogar o trânsito pesado de caminhões que circulam dentro do município e estimular o desenvolvimento da região. Com investimento de R$ 95 milhões, a obra está com 76% dos serviços finalizados e deve estar concluída em dezembro deste ano. A segunda obra é de duplicação da ligação entre os municípios de Jandaia do Sul e Apucarana. Orçada em R$ 42 milhões, inclui 11 km duplicados das rodovias BR-369 e BR-376, a construção de viaduto, de trincheira, de interseção em nível, passagem sob o viaduto ferroviário e seis retornos em nível (três para cada sentido). A execução alcançou 95% dos serviços.
Outra obra de relevo é a de duplicação de 11 km da chamada Rodovia do Café (BR-376), pela concessionária RodoNorte. A execução começou no município de Ponta Grossa e chegará, nas próximas etapas, até Apucarana, somando 231 km.
As obras nas rodovias do Anel de Integração do Paraná
PR-445 |
Duplicação entre Londrina e Cambé (17 km) |
R$ 95 milhões |
DER |
PR-323 |
Duplicação entre Maringá e Paiçandu (4 km) |
R$ 30 milhões |
DER |
BR-277 |
Viaduto de Foz do Iguaçu (avenida Paraná) |
R$ 8 milhões |
DER |
BR-277 |
Contorno de Campo Largo (11 km) |
R$ 70 milhões |
RodoNorte (entrega em junho de 2014) |
BR-376 |
Contorno de Mandaguari (11 km) |
R$ 95 milhões |
Viapar (entrega em dezembro de 2014) |
BR-369/BR-376 |
Duplicação entre Jandaia do Sul e Apucarana (11 km) |
R$ 42 milhões |
Viapar |
PR-445 |
Duplicação entre Cambé e Warta (5,5 km) |
R$ 45 milhões |
Econorte |
BR-277 |
Duplicação entre Guarapuava e Relógio |
R$ 30 milhões |
Caminhos do Paraná |
BR-277 |
Duplicação entre Medianeira e Matelândia (14 km) – entregue em 2013 |
R$ 49,3 milhões |
Ecocataratas |
PR-417 (Rodovia da Uva) |
Duplicação entre Curitiba e Colombo (6,5 km) |
R$ 35 milhões |
DER – paralela ao Anel de Integração |
BR-376 (Rodovia do Café) |
Duplicação Ponta Grossa-Apucarana (231 km) |
R$ 1 bilhão |
RodoNorte (iniciados 11 km, |
PR-317/BR-158 |
Duplicação Floresta-Campo Mourão (53 km) |
R$ 208 milhões |
Viapar (iniciados 41 km) |
Fonte: Revista O Empreiteiro