Genuinamente brasileiro

Compartilhe esse conteúdo

Quando o engenheiro chileno José Rudloff Mans chegou ao Brasil em 1952, para trabalhar em projetos de pontes em concreto armado, não imaginaria que criaria um sistema que levaria seu nome: o primeiro processo de protensão genuinamente brasileiro, que seria concorrente do sistema tradicional utilizado até então, desenvolvido pela Freyssinet francesa. Tudo começou a tomar forma quando Rudloff conheceu o mecânico alemão Johannes Hilcher, que havia trabalhado na Europa numa equipe que desenvolvia um sistema de protensão. Foi o passo inicial para o engenheiro estudar profundamente o concreto protendido, em caráter de dedicação orofissional. Em novembro de 1953, Rudloff teve a oportunidade para aplicar a protensão, dando início à atividade que possibilitou o desenvolvimento do sistema de protensão que leva seu nome. Ele foi contratado para desenvolver o projeto estrutural de tirantes para o Palácio das Indústrias, na capital paulista, que iriam substituir escoras inclinadas que obstruíam a passagem de pedestres. Em parceria com Hilcher, Rudloff aplicou nesses tirantes o sistema de protensão original desenvolvido por ambos. Foram usados tirantes constituídos por 4,5 cordoalhas, fixadas por meio de cunhas metálicas dentro de caixas de chapas soldadas. “Naquela época não era conhecida a tecnologia das cunhas-tronco cônicas, usadas hoje para a fixação de cordoalhas. Rudloff usou cunhas planas de grande comprimento, cravadas manualmente a golpes de marreta, depois de terminado o esticamento”, conta o diretor da Rudloff Sistema de Protensão, Eduardo Toutin Acosta. Foi o único trabalho que Hilcher e Rudloff fizeram juntos. Em 1954, o engenheiro fez uma parceria com uma pequena oficina mecânica e começou a desenvolver seus protótipos e, na seqüência, as primeiras peças definitivas. “Inicialmente, foram desenvolvidas ancoragens para fios de 5 mm de diâmetro, com fixação feita aos pares, por meio de cunhas planas”, diz Acosta. Em meados deste mesmo ano, Rudloff chegou a um modelo de ancoragem que considerou satisfatório, patenteado por ele. O diretor atual da Rudloff conta que o maior avanço desse sistema de protensão viria nos oito anos posteriores a 1954, quando através de uma parceria com o engenheiro Agenor Guerra Corrêa Filho, da Construtora Mauá, foram feitas diversas aplicações práticas do sistema. “A formação de Rudloff em engenharia mecânica e sua persistência no desenvolvimento contínuo de um sistema mais competitivo, possibilitaram um nível de maturidade e segurança exemplar, que proporcionou a estabilidade e a aplicação em inúmeras obras e diferentes estruturas”, diz Acosta. Atualmente, o diretor conta que o sistema Rudloff continua sendo constantemente aperfeiçoado, em busca de equipamentos mais seguros e modernos. “Em 2004, o sistema foi novamente inovador, sendo o primeiro a fabricar os seus componentes (à exceção do aço de protensão) a partir de um sistema de gestão certificado pela Norma ISO 9001, o que confere às peças um elevado padrão de qualidade”.
Fonte: Estadão


Compartilhe esse conteúdo

Deixe um comentário