O Brasil retomou um forte ritmo de crescimento nos dois últimos anos. Passamos a crescer mais que a economia mundial, o que não ocorria há algum tempo. Mas, ainda assim, em 2008 nosso crescimento deverá ser menor que o observado entre os principais países emergentes. Entre os BRICs, segundo o FMI, teremos crescimento menor que a China (9,3%), Índia (7,9%) e Rússia (6,8%). Isto significa que há algo interno ao País que restringe nosso crescimento. A carga tributária é elevada e de péssima qualidade – e a reforma tributária ainda não avançou de forma definitiva – e se mantém assim para financiar um Estado pesado e ineficiente com gastos crescentes. Ainda temos uma agenda a avançar: a infra-estrutura exige investimentos vultosos que ainda dependem de definições e, principalmente, uma regulação mais moderna e estimuladora; a complexidade burocrática, em várias esferas, limita as oportunidades das empresas; e uma legislação anacrônica emperra as relações de trabalho. Em suma, sem dúvida o rumo está certo, mas a intensidade das mudanças ainda é um limitador ao aproveitamento pleno das oportunidades que a economia mundial nos apresenta e do potencial de crescimento que a economia brasileira pode exibir.
O que a indústria quer para o Brasil é uma economia de alta produtividade, e que ofereça produtos internacionalmente competitivos, com padrões de qualidade elevados, com alto grau de inovação e alto valor adicionado. Este posicionamento é fundamental para que o País acelere o crescimento da produção industrial e o aumento da participação no comércio global, condição essencial para sustentar o desenvolvimento no longo prazo. Esse crescimento deve alcançar o País como um todo, de modo a incorporar na nova economia de mercado as diversas regiões brasileiras. A premissa básica a nortear uma política de desenvolvimento regional deve ser sua articulação com a política geral de nosso desenvolvimento. Ela deve visar a criação das necessárias condições locais de competitividade de modo a promover seu desenvolvimento, sem violentar as vocações naturais de cada região, mas introduzindo novos elementos que levem dinamismo ao espaço econômico local e regional. Portanto, os mecanismos e instrumentos da política regional devem ter como meta a construção de sistemas econômicos eficientes, voltados ao aproveitamento das vantagens e potencialidades de cada região, atentando às suas particularidades, de forma a integrá-las ao mercado nacional e internacional.
Queremos crescimento econômico em ritmo forte e com segurança para os negócios privados, de modo a gerar o ambiente favorável ao investimento privado que é a mola do crescimento sustentado. Com um ciclo de crescimento haverá necessidade de empregos de maior qualidade e elevada produtividade – e a conseqüente geração de renda. Essa é a receita dos países bem sucedidos – não há mágica. Políticas macroeconômicas sólidas, ambiente regulatório moderno e estímulos adequados aos agentes privados farão com que o País assegure o futuro das próximas gerações.
*José de Freitas Mascarenhas é presidente do Conselho de Infra-Estrutura e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
Fonte: Estadão