As indústrias, que por décadas reinam como as grandes poluidoras dos rios, descobriram que o reúso de água é uma oportunidade para reduzir custos. Estão tomando a dianteira nessa área da reciclagem, que pode ajudar a corrigir uma distorção registrada há anos: o uso de água potável até para limpeza de casas e empresas. Apesar disso, o Brasil ainda não tem estimativas nacionais da quantidade de esgoto tratado que ganha nova utilização.
Setor busca versões “clean” de produtos domésticos
Um exemplo de como a água pública poderia ser mais bem utilizada é a região metropolitana de São Paulo, que recebe, em média, 70 mil litros de água por segundo. Desses, nada menos que 80% viram esgoto. Segundo o professor Ivanildo Hespanhol, diretor do Centro Internacional de Referência em Reúso de Água (Cirra), vinculado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), as principais estações de tratamento têm potencial para tratar 18 mil litros por segundo, mas tratam apenas 13,6 mil. O resultado dessa equação é o despejo de mais de 40 mil litros, a cada segundo, de água não tratada nos rios de São Paulo. “Os programas de aproveitamento de água de esgoto tratada são minúsculos.”