O pólo processará gás natural tanto dos campos terrestres do Norte Capixaba quanto dos marítimos, como Peroá, Cangoá, Golfinho, Canapu e Camarupim. Futuramente, com a construção do gasoduto Sul/Norte Capixaba, poderá, também, receber gás do Parque das Baleias, no Litoral Sul do estado.
De acordo com a direção da Petrobrás, com a conclusão das obras da Fase 3, prevista para o segundo semestre de 2009, o Pólo Cacimbas terá capacidade para processar até 18 milhões de m³/dia de gás natural e 34 mil barris/dia de condensado de petróleo.
Simultaneamente à Fase 3, estão sendo implementados os projetos de produção dos campos de gás de Canapu e Camarupim.
Ainda segundo a Petrobrás, os investimentos totais da estatal no Espírito Santo alcançarão R$ 34,4 bilhões até 2013, dos quais R$ 6 bilhões em 2009. Só no Pólo Cacimbas, até dezembro de 2008 foram investidos aproximadamente R$ 2,4 bilhões. Com a conclusão da Fase 3, até o final deste ano, as aplicações alcançarão R$ 2,6 bilhões.
Na construção da UTGC, iniciada em 2003, foram gerados 3.200 empregos. A unidade começou a operar em 2006, com o funcionamento de uma unidade que trata o gás e faz a separação do vapor d’agua.
O Pólo está estrategicamente interligado ao Gasene (Gasoduto Sudeste- Nordeste) e escoa gás para os mercados do Espírito Santo e Rio de Janeiro desde 2008. Com a conclusão do trecho Cacimbas-Catu, o gás do Espírito Santo atenderá a parte da demanda do nordeste. Novos investimentos estão programados para Cacimbas, incluindo a construção de duas termoelétricas, além de produzir gás de cozinha (GLP) e condensado.
Empreitada integral
No conjunto, são três empreendimentos concentrados a 50 km da cidade capixaba de Linhares: a unidade de tratamento de gás de Cacimbas (UTGC), uma unidade de processamento de gás natural (UPCGN) e a unidade que interliga as duas plantas dotada de equipamentos de transferência dos produtos tratados, tais como gás, condensado, GLP e gasolina. O projeto integra o Plano de Antecipação da Produção de Gás, o Plangás, traçado para tornar o Brasil auto-suficiente em gás natural.
O projeto de Cacimbas foi executado pela Engevix em regime de empreitada integral: dos projetos básico e executivo em modelagens 3d/PDS – software em terceira dimensão para criação de maquetes inteligentes -, até o fornecimento de equipamentos e materiais, construção civil, comissionamento, pré-operação e operação assistida das unidades. A Engevix cuidou, também, da instrumentação, automação e controle, e materiais de interligação, incluindo tubulações, válvulas, conexões e cabos elétricos. Pela excelência na construção da unidade de tratamento de gás de Cacimbas II, a Engevix recebeu da Petrobras o Prêmio Prodep de Gerenciamento de Projetos E&P 2007.
Ficou sob a responsabilidade da Enesa Engenharia a montagem eletromecânica da fase II e off site, nome que identifica a unidade que interliga as plantas. A empresa também responde pela área do sistema pré-antecipado.
A montagem das unidades, segundo a direção da empresa, exigiu muita agilidade logística, tanto da montadora quanto das demais empresas envolvidas, uma vez que as ações precisavam ser tomadas no prazo, a fim de que permitissem eventuais revisões de projeto e atendessem às exigências de suprimento dos materiais aplicados.
Em razão do alto grau de automação requerido, a montadora teve de instalar no canteiro um moderno laboratório de calibração e desenvolveu um software próprio. Este, valendo-se de um banco de dados em Access, controlou a emissão de certificados de calibragem e executou os cálculos estatísticos que tornou possível avaliar se as condições gerais dos instrumentos atendiam à precisão dos procedimentos da Petrobras. Ela também desenvolveu no canteiro uma bancada de válvulas que tornou mais seguro o processo de calibração.
Tendo em vista as necessidades previstas no projeto, a montadora formou uma equipe apta a trabalhar com os diversos protocolos de comunicação e instrumentação utilizados na planta. Ela executou também as parametrizações e ajustes de relés de média e baixa tensão, bem como os inversores de freqüência.
Os trabalhos de montagem incluíram também instalações de coletores, cerca de 2 mil t de tubulações e possivelmente mais de 900 t de estruturas metálicas, além de outros numerosos equipamentos. A Enesa se encontra atuando em Cacimbas desde dezembro de 2005.
Gasoduto
Gérson Almada, diretor e sócio da Engevix explica que o gás natural processado no Pólo de Cacimbas será transportado para a Grande Vitória através do gasoduto Cacimbas-Vitória, com cerca de 131 km que será interligado ao gasoduto Vitória-Cabiúnas, no Rio de Janeiro, levando o gás produzido no Espírito Santo para a malha Sudeste.
O terceiro trecho do Gasene, gasoduto que vai de Cacimbas até Catu, na Bahia, está sendo construído pela empresa estatal chinesa Sinopec Group, apontada como a sexta maior companhia petrolífera do mundo.
Ela foi responsável pelas obras do segundo trecho do gasoduto, entre Cabiúnas-Vitória (300 km), e, em razão disso, acabou contratada também para o terceiro trecho. O primeiro trecho, que vai de Cacimbas a Vitória, numa extensão de 129 km, opera comercialmente desde novembro de 2007.
O trecho Cacimbas-Catu, que deverá estar concluído até dezembro de 2009, vai possibilitar o transporte de até 20 milhões de m³ de gás/dia para o Nordeste. Esse volume de gás natural, que será produzido na Bacia do Espírito Santo, representa, quase o dobro do que a região consome atualmente.
Os contratos de financiamento do terceiro trecho, assinados pela estatal com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), prevêem a aplicação de recursos da ordem de R$ 4,5l bilhões. Parte desse volume será proveniente do repasse de um financiamento obtido pelo BNDES junto ao China Development Bank (CDB).
A Petrobras informa também que o volume de gás natural que poderá ser transportado a partir do trecho Cacimbas-Catu, adicionado ao gás natural liquefeito recebido no terminal de regaseificação de Pecéem (CE), com capacidade de até 7 milhões de m³/dia, possibilitará a geração de 1.597 megawatts a gás natural no Nordeste, a partir de 2010. Atualmente a produção de energia elétrica a gás natural na região é da ordem de 221 megawatts.
Fonte: Estadão