As regras claras do setor de transmissão estão fazendo com que os investidores apostem nesse mercado.
Essa é a percepção dos especialistas quanto aos leilões que têm sido realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), como o que aconteceu no último dia 15 de dezembro.
Todas as concessões de dez novas linhas de transmissão ofertadas foram arrematadas por empresas estatais e privadas (Brasil e Espanha), que apresentaram propostas com deságios de até 59,45%, recorde dos leilões realizados pela Agência. O deságio médio foi de 49,37%.
Esse resultado, somado ao leilão de 25 de novembro, significou uma oferta de 3.200 km de linhas de transmissão que vão requerer, nos próximos dois anos, investimentos estimados em R$ 1,8 bilhão. Vale lembrar que os investimentos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) para o setor serão de R$ 12,5 bilhões até 2010, para a construção de 13.826 km.
A exemplo do que ocorreu em anos anteriores, as companhias espanholas foram as grandes vencedoras do leilão de dezembro. Desta vez, os espanhóis da Isolux Ingeniería S/A e a Abengoa S/A arremataram a maioria dos lotes de linha de transmissão.
A Chesf, que ficou com dois lotes, foi a única brasileira a vencer no leilão. A Isolux Ingeniería venceu a disputa pela concessão para a linha Paracatu 4 (MG) – Pirapora 4 (MG), com o maior deságio obtido no leilão, de 59,45%.
A empresa terá direito a uma receita anual de R$ 17 milhões, valor da proposta apresentada. Já a Abengoa arrematou as concessões de três lotes e foi a grande vencedora do leilão.
A empresa arrematou as concessões dos lotes B, C e E com propostas de R$ 11.480.700; R$ 9.790.000 e R$ 10.665.000, respectivamente. Os deságios para os lotes foram de 42,35% (Lote B), 42,18% (Lote C) e 24,11% (Lote E). O diretor da companhia, Rogério Santos, declarou após o leilão que lances mais competitivos obrigam as empresas a otimizar ao máximo a construção do empreendimento.
Além desses trechos arrematados no último leilão, a Abengoa possui sete linhas, sendo seis em operação e uma em construção. A empresa espanhola planeja investir R$ 300 milhões nos próximos dois anos no Brasil. Em 2007, a Aneel deve realizar mais dois leilões. Expansão da rede 2007-2011 Outro importante diagnóstico para o setor foi feito pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que elaborou o Programa de Expansão de Transmissão (PET) 2007-2011.
Segundo indicação desse projeto, o sistema de transmissão de energia elétrica no Brasil continuará um processo de expansão nos próximos anos, com investimentos próximos aos 2,6 bilhões nos principais empreendimentos previstos.
O PET reúne todas as instalações planejadas na rede básica e demais instalações de transmissão a serem incorporadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) nos próximos cinco anos, além de reforços e equipamentos autorizados e já licitados.
A EPE elaborou o Programa de Expansão de Transmissão a partir de estudos desenvolvidos em conjunto com as empresas do setor elétrico, através de grupos de estudos de transmissão regionais.
A intenção, com o relatório, é apresentar de forma detalhada as obras de transmissão necessárias à rede básica, de moda a atender com segurança, confiabilidade e menor custo ao crescimento do sistema, suportando também a incorporação de novas usinas geradoras para o período.
Entre essas obras destacam as linhas de transmissão (LTs) que ligam as cidades de Colinas, Ribeiro Gonçalves, São João do Piauí e Milagres. Serão três LTs com mais de 1.100 km de extensão e que atravessarão o Pará, Maranhão e Piauí, permitindo ampliação do intercâmbio de energia elétrica da região Norte para o Nordeste.
Os investimentos desses empreendimentos ultrapassam os R$ 900 milhões. Outros destaques do PET são um conjunto de sete LTs a serem implementadas no Mato Grosso do Sul, entre elas a Jaurú-Cuiabá, na tensão de 500 kV, com extensão de 380 km.
Fonte: Estadão