A visita de Baban indica uma mudança no perfil das encomendas iraquianas que direcionavam as licitações relacionadas a produtos e serviços de infra-estrutura e tecnologia para os Estados Unidos, Japão e países da Europa. Segundo Jalal Chaya, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Iraque, "agora o Iraque está abrindo uma janela de oportunidades para países emergentes, como o Brasil e a China por conta dos custos e porque que eles têm tecnologia e produtos similares", comenta Chaya. Os interesses iraquianos devem se concentrar no segmento de energia elétrica (subestações, transformadores e cabos elétricos), construção de refinarias e tanques de transporte de óleo bruto, informa Chaya.
O comércio bilateral está em expansão puxado pelas compras estatais e por uma classe empresarial que começa a se formar no Iraque, depois de 15 anos de embargo por conta da intervenção militar dos Estados Unidos. De acordo com Chaya, 33% dos negócios já são realizados pela iniciativa privada, principalmente via Jordânia.
A triangulação ainda é uma operação necessária para as exportações que tenham como destino o mercado iraquiano. De acordo com o presidente da Câmara, as limitações de infra-estrutura e medidas de segurança forçam a adoção de rotas que passam por países vizinhos. "O Iraque não tem infra-estrutura de armazenagem, energia elétrica, mas isso vem diminuindo a cada mês", afirma Chaya.
As condições começam a melhorar no Kurdistão, ao Norte do Iraque, que conta com 80% de cobertura de energia elétrica e recebe 17% do orçamento nacional, que representa entre US$ 11 bilhões e US$ 12 bilhões.
Esta região, diz Chaya, se desenvolveu mais rapidamente em comparação ao Sul.
Novos projetos
As exportações entram no país via Turquia, que faz fronteira com o Kurdistão, e Síria, e também pelos portos do Kuwait, Dubai e Jordânia. Nesta região estão em andamento projetos de construção de complexos hoteleiros turcos e dos Emirados Árabes Unidos, além de prédios comerciais. Empresas chinesas e japonesas também atuam na implantação de hospitais.
O processo de reconstrução está aberto a empresas brasileiras que podem atuar como fornecedoras terceirizadas de serviços. "A Odebrecht pegou dois contratos de empresas norte-americanas para construir termelétricas em Beji e Bashra, no Sul, próximo da fronteira com o Kuwait", informa Chaya.
Onde outros estão
O retorno da embaixada brasileira para Bagdá ainda não se concretizou. Segundo Chaya, o Itamaraty deverá alugar uma nova sede dentro da área verde, de segurança máxima, onde a maioria das embaixadas opera.
O governo iraquiano, no entanto, iniciou um movimento de transferência de seus ministérios para fora deste casulo de proteção. Chaya comenta que vários ministros saíram desta área e estão despachando em prédios instalados além desses limites. Isto ocorreu porque o governo considerou que, "se a população vive fora da área verde, os ministérios também o farão", comenta Chaya.
Fonte: Estadão