São 11 anos à frente do Supremo Tribunal Federal. Negro, polêmico, com uma visão republicana do País. Ele assumiu o Supremo em momento difícil, quando não se imaginava que a Justiça seria feita em relação aos mensaleiros. E ele assumiu as maiores dificuldades que estavam à vista, tanto as internas quanto as externas.
As internas, próprias da Corte, com as idiossincrasias de cada magistrado. E, as externas, procedentes de outras instâncias do governo, além daquelas, políticas, resultantes dos que se colocaram numa linha de frente para combatê-lo e criar o ambiente propicio ao favorecimento dos que se julgavam inacessíveis à mão da Justiça.
No processo de mensalão colocou-se de peito aberto nos debates que se seguiram. Foi minucioso, didático, até monótono, no exercício da relatoria e na exposição dos delitos de cada um. Votou pela condenação dos réus – todos eles – e, no dia 15 de novembro do ano passado, mandou que fossem feitas as primeiras prisões. Não houve punho erguido que o intimidasse.
Os adversários criaram até o clima para tentar colocá-lo no ridículo. Não deu certo. O homem era de ferro.
Ele escolheu o momento certo para dizer adeus. Embora pudesse se aposentar somente aos 70 anos, quando permaneceria no STF até 2024, decidiu-se pela aposentadoria precoce. Sai no mês que vem. Não vai privar das eventuais benesses ou dos sacrifícios do exercício da magistratura ao longo dos próximos 10 anos. Acredita que se aposenta no tempo certo. E disse não dispor de conta a acertar com “politiqueiros”. Não antecipou projetos futuros, além daqueles imediatos: assistir aos jogos da Copa e descansar.
Pelo volume de cartas que chegam à imprensa, procedentes de todos os cantos do País e de todas as categorias de cidadãos, a respeito dele, de sua índole e, sobretudo, de sua qualidade de homem público, Joaquim Barbosa vai deixar saudades. Gravou sua marca e sua estatura na República brasileira.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira