Linha 4 do metrô tem previsão de operar um mês antes dos Jogos

Trecho sul realiza tratamento de solo para dar continuidade à escavação por TBM

 

Augusto Diniz – Rio de Janeiro (RJ)

 

No dia 1º de julho de 2016 deve entrar em operação comercial a Linha 4 do Metrô do Rio, ligando a Zona Sul à Barra da Tijuca. Um mísero atraso pode representar um baque e tanto a um dos principais projetos da cidade para os Jogos Olímpicos. É que um mês depois milhares de pessoas devem estar chegando à cidade para acompanhar o megaevento que tem a Barra como principal cluster olímpico. Hoje, cerca de 50% da obra já foi realizada.
 

Um imprevisto em maio deste ano fez com que o consórcio construtor da obra do trecho sul, formado pela pela Odebrecht Infraestrutura, Queiroz Galvão e Carioca Engenharia, passasse a realizar tratamento de solo a partir de algumas vias por onde o tunnel boring machine (TBM) ainda irá seguir, incluindo as ruas Barão da Torre e Visconde de Pirajá (Ipanema) e avenida Ataulfo de Paiva (Leblon).

 

O TBM tinha partido no final do ano passado da General Osório, última estação da Linha 1 e futuro ponto de conexão entre as linhas 1 e 4 – plataformas diferentes farão a interconexão entre elas. Mas depois de percorrer 400 m, enfrentou problemas.

 

 

 

Marcos Vidigal, diretor de contrato das obras do consórcio, explica que em uma passagem do TBM entre rocha e areia descompactou-se o terreno. “Vínhamos fazendo blocos de contenção de solo, mas como uma face da rocha encontrava-se fraturada, ela os afetou, desestabilizando o terreno”. Assim, exigiu-se que se fizesse injeção adicional de microcimento a baixa pressão para consolidar o solo.

 

O engenheiro expõe que a área é um “depósito de areia” e com lençol freático alto. E que, antes mesmo do início dos trabalhos, uma extensa investigação geológica e geotécnica do terreno havia sido feita. “Definimos então que a melhor opção era o uso do TBM no trecho sul”, diz.

 

A retomada dos trabalhos com TBM está prevista para o segundo semestre deste ano. Marcos diz que a prioridade agora é esclarecer à população que as atividades estão sendo feitas com rigoroso controle.

 

Marcos conta que há também outras dificuldades pela frente com relação ao TBM. Uma delas é preparar o equipamento para a chegada nas futuras estações Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alah, Antero de Quental e Gávea. “No trecho sul, há muita interferência de concessionárias e solo sensível”, afirma. Segundo ele, especialistas já consideram a obra da Linha 4 como uma das mais difíceis de se executar no mundo.

 

O diretor lembra que lá atrás teve que montar um planejamento rigoroso para conceber, abordar, planejar e detalhar a logística da obra na Zona Sul, região altamente adensada do Rio, com numerosas interferências.

 

Trechos

A Linha 4 do metrô do Rio é formada por dois trechos de obras. O trecho sul, de 4,5 km e que está sendo escavado com TBM, engloba as estações Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alah, Antero de Quental e a via até a Gávea. Já o trecho oeste, de 10,3 km, envolve as estações Jardim Oceânico, São Conrado e Gávea – neste trecho, o trabalho está sendo feito pelo método NATM com desmonte por meio de explosivos. O consórcio construtor do trecho oeste é composto de Queiroz Galvão, Odebrecht Infraestrutura, Carioca Engenharia, Cowan e Servix.

 

Todas as estações da linha estão em construção. Quatro delas estão sendo feitas no método cut and cover (Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alah, Antero de Quental e Jardim Oceânico), uma no método com poços (Gávea) e a última, NATM – drill and blast (São Conrado).

 

Obras da estação Jardim de Alah: desafio é preparar o trecho para receber o TBM

 

O TBM, da marca Herrenknecht, utilizado na obra da Linha 4, tem 120 m de comprimento, incluindo acessórios, com diâmetro de 11,53 m, peso de 2,7 mil t, raio de curvatura de 250 m e superelevação de 4%.

 

No trecho sul, está sendo construído um bitúnel de 8 km, com revestimento das paredes e abóbodas consolidadas com chumbadores, tela e concreto projetado. Uma parte desse trecho, que cruza a Pedra da Gávea, entre as estações Jardim Oceânico e São Conrado, já está recebendo os trilhos. As escavações estão sendo feitas agora na parte que liga São Conrado à Gávea, atravessando o Morro Dois Irmãos. Ainda neste trecho, uma ponte estaiada sobre o canal da Barra, por onde passa a via antes de ingressar no túnel perfurado na Pedra da Gávea, está com o trabalho de fundações sendo realizado.

 

Uma fábrica de aduelas de revestimento do túnel do metrô foi montada no pátio da antiga estação de trem Leopoldina. Lá, estão sendo produzidos 3 mil anéis para 7 km de túneis. Cada um tem diâmetro externo de 11,13 m, com comprimento de 1,80 m e espessura de 40 cm. Mais de 90% das aduelas já foram produzidas.

 

Há 8.500 pessoas trabalhando na obra, entre contratados e subcontratados. O investimento é de R$ 8,79 bilhões. A concessionária Rio Barra, formada pela Odebrecht, Queiroz Galvão e Carioca, tem 25 anos de concessão do metrô e, além da obra, inclui a implementação do material rodante. A Linha 4 deve transportar 300 mil passageiros/dia. As obras tiveram início em junho de 2010.

 

 Programa Transferência de Conhecimento

O Programa Transferência de Conhecimento, elaborado pelo Consórcio do metrô da Linha 4, desenvolve com estudantes de engenharia das quatro principais universidades do Estado (UFRJ, UFF, UERJ e PUC-Rio) a transmissão por meio de cursos das técnicas aplicadas no projeto, das atividades essenciais, da logística de equipamentos, das ações ambientais, da relação com a comunidade atingida, entre outros itens. Posteriormente, trabalhos deverão ser apresentados pelos universitários sobre o conhecimento adquirido.

 

“Estes alunos vão chegar ao mercado de trabalho mais bem preparados, entendendo os desafios e a logística para executar uma obra de grande porte”, explica Marcos Vidigal, diretor de contrato das obras e um dos idealizadores do programa.

Fonte: Revista O Empreiteiro

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