As escavações levarão 18 meses; o método utilizado é o NATM
Augusto Diniz – Rio de Janeiro (RJ)
A linha BRT Transolímpica está sendo feita em duas etapas. O consórcio ViaRio (formado pelas empresas Invepar – 33,4%, CCR – 33,3%, e Odebrecht Transport – 33,3) assumiu a construção e operação durante 35 anos de um trecho de 13 km. Este trecho, chamado de ligação Barra da Tijuca-Deodoro (a partir do entrocamento da Estrada dos Bandeirantes e avenida Salvador Allende até a Avenida Brasil, cruzando os bairros de Curicica, Taquara, Jardim Sulacap e Magalhães Bastos), já está com os trabalhos em andamento. Ela terá três faixas de rolamento em cada direção, sendo duas faixas em cada direção para veículos e uma para cada sentido segregada ao BRT – a linha Transolímpica, quando começar a funcionar, terá gestão de operação por outro consórcio específico ainda a ser licitada pelo poder concedente.
Referente a outra etapa, a prefeitura ainda licitará a construção de 4 km em Deodoro, somente para tráfego do BRT, fazendo um prolongamento da ligação Barra da Tijuca-Deodoro. No outro extremo da ligação, na Barra da Tijuca, a prefeitura também fará licitação de um prolongamento, dessa vez de 6 km, também dedicado ao tráfego do sistema BRT.
“O maior desafio da obra é a implantação dentro do prazo dos túneis e respectivas contenções dos emboques devido ao grande volume de serviços a serem executados”, afirma o engenheiro Severino Garrido Jr., gerente de Obras da Concessionária ViaRio, que também deu as explicações técnicas do andamento dos trabalhos à revista O Empreiteiro.
Escavações
Os túneis estão sendo executados pela Toniolo, Busnello, especialista na área e que foi contratada pelo consórcio construtor para realizar a obra.
O túnel na Serra do Engenho Velho possui cerca de 1.400 m e o túnel do Morro da Boiúna, cerca de 200 m – ambos pertencem ao Maciço da Pedra Branca, que integra o Parque Estadual de mesmo nome.
De acordo com a Toniolo, Busnello, os túneis gêmeos do Engenho Velho têm na pista direita exatos 1.397,67 m, e na pista da esquerda, 1.412,05 m. Já os túneis gêmeos da Boiúna têm na pista da direita 177 m, e da esquerda 193 m. A extensão total dos túneis é de 3.332,72 m. Os túneis possuem seção de 15,14 m de largura por 8,17 m de altura (área de 104,43 m²), onde serão implantadas em cada um três faixas de rolamento, sendo uma para circular a linha do BRT Transolímpica.
A escavação dos túneis está sendo executada pelo método NATM (New Austrian Tunnelling Method). As escavações subterrâneas tiveram início em novembro do ano passado e os serviços começaram pelo emboque norte em direção à Barra da Tijuca. Hoje, pouco mais de 20 m já foram executados. A ViaRio afirma que tem um prazo de 18 meses para conclusão dos túneis.
Os trabalhos consumirão 600 mil kg de explosivos. São duas explosões por dia em cada túnel. No total, serão escavados 350 mil m³ de rocha (material será reutilizado para adequação urbana da via).
Os túneis cumprirão as diretrizes de segurança da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), tais como iluminação de LED, revestimento de placas brancas, sistema à prova de apagões e prevenção contra incêndios. Eles contarão ainda com subestações de controle e segurança para monitoramento 24 horas – localizadas em cada emboque -, com gerador próprio e uma área para apoio técnico das equipes de socorro.
Uma outra obra importante será o mergulhão na Estrada Outeiro Santo, na Taquara, com cerca de 1 km de extensão.
Andamento da obra
Os primeiros trabalhos da via expressa se concentram nas obras de arte (são 29: 11 viadutos, 13 pontes, 2 túneis e 3 passagens inferiores). Um viaduto já se encontra pronto e passa sobre a avenida Marechal Fontenelle, em Sulacap. O viaduto sobre a Avenida Brasil, em Magalhães Bastos, iniciou lançamento de parte das vigas no final de março e os trabalhos prosseguem. Neste mês (abril), seguem as obras dos viadutos sobre a estrada do Rio Grande e a rua Ipadu, ambos na Taquara, e a Estrada dos Bandeirantes.
“A concepção dos projetos das obras de arte especiais buscou trabalhar com dimensões de peças que pudessem trafegar pela malha urbana da cidade do Rio de Janeiro, sem a necessidade de usar carretas para o transporte delas e que exigiria a obtenção de Autorização Especial de Transporte (AET)”, explica Severino Garrido Jr.
De acordo com o engenheiro, as superestruturas das obras de arte especiais são pré-fabricadas (vigas longarinas e lajes), mas os
pilares (meso-estrutura) e as fundações (infraestrutura) estão sendo executadas de forma convencional no local. “A maior parte das vigas longarinas é protendida”, afirma o gerente de Obras. As peças pré-fabricadas – produzidas pela Premag em Magé (RJ) a cerca de 50 km do Rio – são transportadas da origem até o canteiro em horário de trânsito menos intenso.
De acordo com o consórcio, na terraplenagem da via estão previstas escavações de solo e de material rochoso, bem como execução de aterros e sistemas de drenagem profundos e superficiais. O volume médio de movimentação de terra será de aproximadamente 1,5 milhão de m³. A pavimentação das pistas para veículos será asfáltica e do BRT, de concreto.
Desapropriações
No total, serão cerca de mil unidades residenciais e comerciais desapropriadas. As desapropriações alcançariam 140 unidades em Magalhães Bastos, mas o traçado da via expressa foi refeito e agora tem passagem por área militar, em Deodoro. Por conta disso, 30% do trecho da ligação Barra-Deodoro passou a percorrer terrenos do Exército e da Secretaria de Segurança Pública do Estado, o que representou redução no número de desapropriações.
Cerca de 400 unidades deverão ser desapropriadas em área invadida na Taquara e representa o maior gargalo para o andamento dos trabalhos de construção da via expressa. Os desapropriados deverão ser realocados em conjunto residencial do programa Minha Casa, Minha Vida, planejado para ser construído em área contígua do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira (antiga Colônia Juliano Moreira), no mesmo bairro. A própria ligação Barra-Deodoro tem também o traçado sobre área da Colônia, que pertence ao governo federal mas tem administração municipal.
Sobre o ramal
O ramal BRT Transolímpica tem função durante os Jogos de ligar o Parque Olímpico da Barra ao segundo maior centro de equipamentos esportivos da Olimpíada 2016, que fica em Deodoro. As 18 estações da linha e seus acessos também não estão licitados – o consórcio ViaRio entregará seu trecho com as respectivas baias para posterior execução das estações e acessos. A linha atenderá 100 mil passageiros/dia.
O valor total da obra conduzida pelo consórcio ViaRio é de R$ 1,6 bilhão, sendo R$ 1,1 bilhão investido pela prefeitura e R$ 500 milhões pelo consórcio. Nesta obra hoje estão 1.200 trabalhadores, sendo 500 funcionários diretos das empresas do consórcio construtor do projeto, composto das construtoras OAS, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht Infraestrutura. No pico, em agosto de 2015, a obra deve ter 2.200 operários.
A obra da ligação Barra-Deodoro, iniciada em julho de 2012, está prevista de ser entregue em maio de 2016, quando começará a ser cobrado pedágio – a ser construído em Sulacap, próximo ao emboque norte do túnel, com 20 cabines. Até o final deste ano, a expectativa é que 50% da obra esteja pronta, com início da pavimentação programado para 2015. A previsão é que até 90 mil veículos trafeguem por dia pela via expressa.
Entre as dificuldades da obra apontadas pelo consórcio construtor está o cronograma apertado, impacto no dia a dia da cidade, número expressivo de desapropriações e as possíveis modificações do projeto, com a inclusão de alças de acesso ao longo da via que ainda estão sendo estudadas pela prefeitura. A proposta inicial era de que a via não tivesse nenhum ponto de acesso ao longo do traçado.
Ficha Técnica – BRT Transolímpica
Contratante: Prefeitura do Rio de Janeiro
Extensão total: 23 km
Ligação Barra da Tijuca-Deodoro: 13 km
Consórcio da ligação Barra da Tijuca-Deodoro: ViaRio (Invepar, CCR e Odebrecht Transport)
Túneis duplos: Serra do Engenho Velho e Morro da Boiúna (3,33 km)
Obras dos túneis: Toniolo, Busnello
Fonte: Revista O Empreiteiro