Empreendimento sustentável tem casas de alto padrão na beira da praia
A maior construção modular da América Latina está sendo desenvolvida na praia do Cassange, na península de Maraú, região sul da Bahia, pela F2 Incorporadora e Construtora, em parceria com o grupo Lafaete. Trata-se do Alma Maraú, um condomínio beira-mar de alto padrão com 42 unidades residenciais construídas em ambiente fabril controlado, com estrutura de aço e paredes em light steel framing.
O projeto tem 32 casas, de 96 m², 138 m² ou 198 m², com duas, três ou quatro suítes, respectivamente, e dez apartamentos, de 85 m² ou 94 m², com duas suítes. Todos os imóveis são fabricados em escala industrial pela Indústria CMC, que faz parte do grupo Lafaete e está localizada em Mirassol, interior de São Paulo, a quase dois mil quilômetros de distância do empreendimento.
“As unidades residenciais vêm praticamente prontas para o local do empreendimento, com pintura, louça, bancada, cubas, bacias, chuveiro etc. Na obra, aplicamos o plug and play“, revela François Rahme, CEO da F2 Incorporadora e Construtora.
“O projeto está ficando arquitetonicamente leve e fluido. Os acabamentos em madeira são primorosos, fruto de uma parceria com parceiros locais”, acrescenta Edison Tateishi, diretor de Operações da Lafaete Locação e CMC Módulos Construtivos.
Por mais que a distância entre a indústria e o local do projeto seja grande, o método construtivo solucionou os problemas de escassez de mão de obra e falta de infraestrutura local. “Na obra, o número de colaboradores é pequeno”, esclarece Tateishi.
Para Rahme, a construção modular também aumenta a produtividade e a qualidade de vida dos profissionais: “Ao invés de os trabalhadores estarem em um canteiro de obra convencional, estão em uma fábrica com muita estrutura. Além da qualidade do trabalho, envolve um aspecto humano bem interessante”.
Em contrapartida, os desafios logísticos do projeto são grandes, principalmente no deslocamento dos módulos. O CEO da F2 recorda que, dentre o trajeto de quase dois mil quilômetros entre a fábrica e a obra, 40 quilômetros são de estrada de terra.
“O processo logístico é super árduo, a estrada tem muitos buracos, mas os objetivos exstão sendo atingidos sem avaria. Demonstramos a possibilidade de desenvolver este tipo de empreendimento dentro da indústria imobiliária brasileira”, diz Rahme.
Quanto às despesas logísticas, Tateishi garante que estavam englobadas no custo da obra desde o início e que ‘compensam bastante’. Segundo o líder do grupo Lafaete, a estratégia para reduzir os custos foi levar o máximo de peças possível de uma só vez.
Outro benefício da construção modular no Alma Maraú está relacionado à preservação ambiental do local, já que o método construtivo agride menos a natureza. “A vegetação do entorno iria sofrer muito mais com uma construção de alvenaria”, afirma Tateishi.
Além disso, está sendo montado um viveiro, no qual será feito o replantio das espécies nativas retiradas para implantação das unidades residenciais. “Vamos cultivar estas plantas no viveiro durante o desenvolvimento da obra e ao final vamos recolocá-las no empreendimento”, declara Rahme.
De acordo com o executivo, a iluminação do projeto também será a primeira com tecnologia para preservar as espécies de tartarugas que nascem na praia. Caso contrário, os filhotes poderiam se perder no caminho entre a areia e o mar. Inclusive, o Projeto Tamar atua na região de Maraú.
Inspiração na hotelaria
Além de unidades residenciais com ticket próximo a R$ 2 milhões, segundo Rahme, o condomínio de alto padrão na praia do Cassange contará com diversas opções de lazer. Ao todo, serão duas piscinas, dois bares, um restaurante, um spa e uma quadra de tênis.
Mesmo se tratando de um empreendimento residencial, com matrículas individualizadas, os proprietários ainda contarão com serviços inspirados na hotelaria. “Esse é um grande diferencial do Alma Maraú. Haverá serviço de quarto, faxina e manutenção das casas, restaurante com cardápio sofisticado, entre outras soluções. Tudo na modalidade pay per use“, enaltece Rahme.
O executivo assegura que a F2 segue olhando para a construção modular e já prepara novos lançamentos com o método construtivo na própria península de Maraú e em Ouro Preto, Minas Gerais. “É um caminho sem volta e vamos investir todas as nossas energias nisso”, diz o CEO, lembrando que o setor imobiliário ainda tem restrições a esta tecnologia.
A Lafaete, por sua vez, já participou de alguns projetos de construção modular, como o Centro de Treinamento do Vasco da Gama, e tem outros em andamento. De acordo com os especialistas, o Alma Maraú deve ser concluído até o final deste ano, o que significa uma obra com duração de dez meses.
Por Daniel Caravetti