Companhia que resultará da aquisição da Aracruz pela VCP será líder mundial em celulose de fibra curta, a expectativa é de criação de 90 mil empregos diretos e indiretos e produção de 9,3 milhões de toneladas até 2020.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) firmou no dia 20 de janeiro (terça-feira), Acordo de Investimento com a Votorantim Celulose e Papel S.A. (VCP) e seus controladores, que prevê o apoio da BNDESPAR à reestruturação societária que deve resultar na aquisição do controle da Aracruz Celulose S.A. pela VCP, pelo valor nominal de R$ 5,4 bilhões.
Segundo o BNDES, a operação permitirá a constituição da maior empresa de celulose de fibra curta do mundo. A BNDESPAR poderá investir na nova empresa recursos da ordem de até R$ 2,4 bilhões, sendo até R$ 1,8 bilhão em ações preferenciais de emissão da VCP e R$ 580 milhões em debêntures de emissão da Votorantim Industrial S.A. (VID – controladora da VCP), permutáveis em ações ordinárias de emissão da VCP. A participação da BNDESPAR na nova companhia poderá ficar em torno de um terço do capital total.
Conforme Fato Relevante da VCP divulgado nesta data, a aquisição do controle da Aracruz pela VCP dependerá do exercício do direito de venda conjunta da Arainvest, um dos sócios da Aracruz.
A nova companhia será líder global no segmento de celulose de fibra curta, com capacidade de produção de 5,8 milhões de toneladas e 680 mil hectares de área plantada. Contará com 15 mil colaboradores e terá receita anual estimada da ordem de R$ 7 bilhões.
O domínio de tecnologia florestal de ponta e a escala e modernidade das plantas industriais garantirão o menor custo de produção do mundo. A distribuição geográfica das vendas e a estrutura multi-portuária aumentarão a eficiência logística. O total de sinergias tem valor presente estimado de R$ 4,5 bilhões, criando valor para os acionistas e trazendo eficiência para a cadeia produtiva.
O montante total a ser investido pela BNDESPAR variará de acordo com a adesão dos acionistas minoritários ao aumento de capital da VCP, conforme divulgado no referido Fato Relevante. Mesmo no cenário com maior desembolso, o aporte da BNDESPAR representará menos de 50% do total de recursos necessários para a aquisição.
Como é comum nesse tipo de operação, a origem dos recursos é o giro da carteira das ações da BNDESPAR, complementado por captações da BNDESPAR no mercado. Desta forma, não serão utilizados na operação recursos oriundos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
Além da aquisição da Aracruz, os recursos do aumento de capital da VCP reforçarão a capacidade de realização de investimentos e a geração de novos empregos. O plano estratégico da VCP prevê a ampliação da capacidade de produção dos atuais 4,5 milhões de toneladas de celulose (em dez/2008) para 9,3 milhões de toneladas em 2020, o que permitirá a criação de 9 mil empregos diretos no período. Um estudo da FGV indica que com o efeito multiplicador de renda nas regiões dos projetos (Rio Grande do Sul, Bahia e Mato Grosso do Sul), o total de empregos diretos e indiretos gerados pode chegar a 90 mil.
O apoio do BNDES estava condicionado à reestruturação das dívidas da Aracruz decorrentes de perdas com operações de derivativos, negociação concluída nesta mesma data. Conforme Fato Relevante divulgado pela Aracruz, a amortização da dívida ocorrerá em até 9 anos, com recursos oriundos da geração de caixa operacional futura da nova companhia.
A operação está totalmente alinhada com os objetivos institucionais do BNDES de elevar a capacidade de investimento e geração de empregos das empresas, bem como de apoiar consolidações setoriais para o fortalecimento de grandes empresas globais brasileiras, especialmente nos segmentos em que o País é o mais competitivo na esfera internacional, como é o caso da celulose de eucalipto.
Além disso, o BNDES já é titular de ações representativas de 5,5% do capital total da Aracruz e de 3,1% do capital total da VCP, bem como possui exposição de crédito a ambas as companhias. Desta forma, o novo apoio reforça a qualidade dos ativos do banco.
A operação prevê ainda a migração da VCP para o Novo Mercado, o que está inteiramente alinhado à atuação do BNDES no mercado de capitais, no que diz respeito à adoção das melhores práticas de governança corporativa. A migração para o Novo Mercado reforça também o alinhamento de interesses do Grupo Votorantim com os sócios minoritários da VCP.
Será firmado um Acordo de Acionistas entre Votorantim Industrial S.A. e BNDES, vinculando parcela das ações subscritas pelo BNDES no aumento de capital. O Acordo de Acionistas garantirá ao BNDES participação na tomada de decisões relativas a matérias estratégicas relevantes, ficando a gestão executiva sob a responsabilidade do Grupo Votorantim.
“Por fim, o apoio do BNDES reforça a confiança da Diretoria do Banco no crescimento econômico do País, mesmo em um cenário econômico externo desafiador”, sustenta a nota.
” É com satisfação que o BNDES vem a público confirmar seu apoio à criação de uma empresa brasileira líder mundial em sua área. Essa nova companhia, fruto da aquisição da Aracruz pela Votorantim, é um sinal inequívoco da confiança do setor privado no país e em sua economia.
Apoiando esta operação, o BNDES dá uma demonstração concreta de seu empenho no fortalecimento do setor privado nacional em um momento de grandes desafios. A situação atual exige que pensemos não somente no curto prazo, mas que ampliemos nossos horizontes de referência. Devemos investir hoje para aumentar a probabilidade de maior pujança econômica do Brasil e de suas empresas amanhã.
A aquisição, realizada com a participação do BNDESPAR, está alinhada com os objetivos do Banco e da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) de ampliar a capacidade de geração de empregos e de investimento por parte das empresas brasileiras, além de reforçar a qualidade de seus ativos. É um fator extremamente positivo o compromisso de migração da nova companhia para o Novo Mercado, o que reforçará seus padrões de governança corporativa.
Estamos seguros de que esta iniciativa ilustra com precisão o tipo de atitude que necessitamos ter diante da crise, respondendo aos desafios de maneira afirmativa, com novas empresas e mais empregos”, afirma o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, em comunicado.