Manifestações sindicais

Nildo Carlos Oliveira

Foram aquilo que se esperava: fragmentadas, mitigadas, com algumas concentrações mais ruidosas aqui e acolá e grupos movimentando-se solitários ao longo de avenidas esvaziadas. Algumas lideranças sindicais sacaram das gavetas reivindicações guardadas há muito tempo e pelas quais nem sequer vinham lutando mais. Afinal, sempre há outras prioridades mais convenientes. De qualquer modo, as manifestações sindicais serviram e continuarão servindo para que autoridades do País digam de boca cheia: “Temos democracia”. Não haverá contestação.

Mas o que chamou a atenção da imprensa – e saiu registrado, com fotos – foi um grupo, conduzido aos protestos, flagrado, depois, recebendo R$ 70,00 pelo trabalho realizado. Eram supostamente militantes que fizeram jus à participação.

O movimento teve a singularidade de mostrar o vácuo provocado em organizações sindicais, quando operam cooptadas. Com raras exceções, inclinam-se ao sabor dos ventos. De modo que, quando precisam ser mobilizadas, não recebem o influxo que esperam da vontade das ruas. Deixam de ter a representatividade que um dia tiveram.

E algumas das reivindicações são legítimas. Têm apelo. Mas o povo sabe que elas são sacadas, em determinadas oportunidades, apenas como arma de negociações e não para serem colocadas como prioridade junto ao Executivo ou ao Legislativo. Cito o exemplo do famigerado fator previdenciário. É uma excrescência legal criada para servir como redutor dos benefícios daqueles que ficaram a vida toda recolhendo para a Previdência para obter uma aposentadoria decente e acabam morrendo na praia.

Quando há necessidade de apertar negociações que lhes interessam, lideranças retiram o fator previdenciário da gaveta. Mas, depois de obtidos os resultados de seus interesses, voltam a camuflá-lo na burocracia para ser sacado quando, de novo, se sentirem ameaçados. E assim ocorre com outras reivindicações.

Fonte: Nildo Carlos Oliveira

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