Importantes marcas da indústria de máquinas de construção comentou à revista O Empreiteiro sobre o atual mercado e as perspectivas. Além disso, abordou as ações adotadas para se adaptar à retração do setor.
Walter Rauen, CEO da Bomag Marini Latin America, destacou que a empresa precisou se adequar ao novo contexto do mercado “otimizando os departamentos para tornar a comunicação e os processos mais ágeis. Na área produtiva implementamos um projeto de eficiência operacional”.
Segundo ele, neste projeto foram aplicadas metodologias de lean manufacturing, o que gerou redução de custos operacionais, redução de lead time e maior sinergia ente áreas. “Com relação a peças e serviços, trouxemos a expertise em retrofit do Grupo Fayat e criamos uma área dedicada a este segmento. Isto nos permitiu oferecer e executar completas modernizações para os clientes que querem um equipamento mais atual, mas não pretendem fazer uma nova aquisição”, relata.
O executivo avalia que as expectativas atuais são positivas, apesar da economia brasileira ainda mostrar “sinais de recuperação muito tímidos”. Ele crê que as concessionárias privadas deverão dar impulso aos investimentos, pois por contrato tem que cumprir exigências de obras e melhorias.Sobre a marca, Walter conta que a Bomag continuou inovando: “No início do ano lançamos novos modelos de equipamentos com diversas atualizações de sistemas e a inclusão e componentes em comum e elementos modulares entre os modelos de uma mesma linha, o que facilita a sua produção e o estoque de componentes”.
Sobre as tendências no setor de máquinas, ele expõe que máquinas inteligentes, segurança operacional e serviços 4.0 e digitalização serão os pilares da geração de produtos da marca. No caso das usinas de asfalto, as tendências são o crescimento de aplicação de material reciclado na produção de misturas asfálticas, o uso crescente de asfaltos modificados com a adição de fibras e polímeros, por exemplo, e a evolução dos sistemas de automação.
Herbert Waldhuetter, diretor da America Latina da Vermeer, afirma que investiu em um novo sistema integrado de gestão na empresa e passou a ter maior controle sobre o seu orçamento. Também intensificou outros serviços como venda de peças, contratos de manutenção, venda de usados, trade-in,
capacitação dos colaboradores e treinamentos para os clientes.
O executivo acredita também que as concessionárias privadas de infraestrutura serão as principais investidoras em obras nos próximos anos.A Vermeer pretende lançar no mercado ferramentas digitais de produtividade, soluções em telemática, e softwares de projetos e planejamento de perfuração horizontal por método não destrutivo. “A automação e digitalização do canteiro de obra vão trazer um novo futuro na produtividade, custo e qualidade das obras. As tecnologias de precisão já aplicadas no setor agrícola e mineração deverão entrar no mercado de construção, mesmo que lentamente”, menciona.
Sam Shang, vice-presidente da XCMG Brasil, contou que,apesar do momento, a marca chinesa atualizou seus equipamentos no Brasil. As exportações se tornaram um dos focos de trabalho da empresa, e em 2017 em torno de 40% do faturamento proveio das vendas às regiões da América Latina, entre outras.
Em 2018, a marca prevê lançamentos de novos produtos para o ramo agrícola, equipamentos florestais e toda a linha para construção e manutenção rodoviária. “Os equipamentos de grande porte em sua maioria são mais dedicados às obras especificas e com maior exigência técnica, com tendência de aprimoramento tecnológico e computadorizarão dos produtos”, avalia San Shang.
“Os equipamentos de pequeno porte, a tendência certamente será de extensão da aplicabilidade e das funcionalidades, mas isso também irá depender do avanço tecnológico”. Luiz Marcelo Tegon, presidente da Ciber, disse que teve que fazer adequação na estrutura comercial e produtiva nós últimos tempos. “Porém, tomando o devido cuidado de mantermos de forma sustentável a relação com nossa cadeia de suprimentos, bem como a qualidade no atendimento e suporte pós-vendas”, ressalta.
Outra medida para amenizar os impactos foi fortalecera presença nos mercados externos, como em países da América Latina, além da África, sudeste da Ásia e Oceania.
“Não há indícios de que a economia seja alavancada de forma a gerar fatos que impulsionem crescimentos do setor a índices acima de dois dígitos”, avalia.
“As concessões privadas certamente passarão a ter um papel mais relevante, sobretudo quanto à ampliação, manutenção e expansão das principais rodovias do país. Muitas concessões
anunciadas demandaram tempo para se concretizar, outras ainda em processo e ou ainda nem iniciadas. Ou seja, a desburocratização e agilização dos processos também será fator
primordial.”
Ele acredita e avanços em 2018, “mas muito incipiente ante a necessidade que a indústria de maquinas e equipamentos necessita para retomar plenamente suas linhas de produção”.Sobre tecnologia, o executivo conta que ela tem evoluído de forma constante e consistente, independente de crise econômica e política. “A lacuna em aberto e oportunidade que acreditamos ainda existir, é quanto ao fato de que muitas destas tecnologias ainda não terem sido inseridas nas normas brasileiras como exigências nos principais e maiores projetos de infraestrutura do País, ee que elevaria os níveis de aplicação, de execução, controle e produtividade nos projetos”, cita.
O executivo da Ciber vê os equipamentos mais compactos com espaço para execução de obras em centros urbanos e projetos de menor escala. “No entanto, em se tratando de projetos de infraestrutura rodoviária de centenas ou milhares de quilômetros, não há como executá-los de forma sustentável sem a utilização de equipamentos maiores que propiciem ganhos de produtividade, tempo e rentabilidade”, pontua.