Lúcio Mattos – Joinville (SC)
Lançado há três anos, um programa estratégico para ampliar a competitividade da indústria catarinense entra agora em sua fase final. O chamado PDIC (Programa de Desenvolvimento Industrial Catarinense), desenvolvido pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), define os caminhos que os 16 setores mais representativos do setor no Estado querem e devem seguir, tendo em vista o horizonte de 2022. O grande objetivo é identificar as oportunidades e dificuldades à frente da indústria catarinense, para posicionar esses negócios em situação de destaque nacional e internacional, explica o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte.
Durante a primeira fase do programa, concluída em abril de 2013, foi realizado um estudo detalhado para cada uma das seis regiões catarinenses (Norte, Oeste, Vale do Itajaí, Grande Florianópolis, Serrana e Sul). A pesquisa, que envolveu empresas, universidades, sindicatos e prefeituras, com a realização de painéis por todo o Estado, identificou as tendências tecnológicas, oportunidades e os setores industriais com maior capacidade de impulsionar a economia estadual.
No final, o estudo chegou a 16 segmentos, classificados como Setores Portadores de Futuro para a indústria estadual, posicionados como prioritários: agroalimentar, bens de capital, celulose e papel, cerâmica, construção civil, economia do mar, energia, indústrias emergentes, meio ambiente, metalomecânica e metalurgia, móveis e madeira, produtos químicos e plástico, saúde, tecnologia da informação e comunicação, têxtil e confecção e turismo.
Rotas estratégicas
Após a definição dos setores, passou-se à segunda fase do PDIC, a investigação da situação atual de cada segmento industrial para definir o ponto em que se deseja chegar em 2022, identificar os desafios e propor soluções, no que a Fiesc chamou de Rotas Estratégicas Setoriais – em outras palavras, estabelecer o caminho a seguir. Nessa fase, já concluída para 12 setores, foi realizado o planejamento em si, baseado em estudos e com a participação de especialistas setoriais de cada uma das regiões.
Algumas tendências e dificuldades valem para todos os setores catarinenses e até nacionais, como a necessidade de reforço na qualificação da força de trabalho. Mas foram identificadas também dificuldades regionais, como o adensamento das cadeias produtivas.
A Fiesc identificou como ingrediente decisivo na competição industrial futura não só a concorrência entre empresas, mas também a disputa entre cadeias de valor. Assim, companhias complementares que trabalham integradas e fortalecem uma cadeia têm maior chance de ocupar uma posição de destaque. Analisando os fluxos de insumos e produtos acabados que chegam e saem do Estado, estudos do PDIC apontaram que Santa Catarina tem elos em falta em algumas cadeias. O desafio, para o bem de todos os negócios envolvidos, é desenvolver ou atrair companhias que ocupem esses vazios.
Para solucionar esse problema, a Fiesc trabalha com o governo catarinense na criação de uma agência governamental apenas para atrair investimentos ao Estado, explica Côrte. “Ela vai se concentrar em questões críticas, com a atração de projetos de alto valor e baseados em inovação, com foco na melhoria do ambiente de inovação, o desenvolvimento de setores prioritários e a construção da marca e imagem de Santa Catarina como destino global de investimentos”.
Fatores críticos
Outras dificuldades, identificadas como “fatores críticos” nas rotas estratégicas do PDIC, são velhas conhecidas. O presidente da Fiesc enumera: “Falta de infraestrutura adequada para o escoamento da produção, inexistência de políticas públicas focadas em setores estratégicos, baixa transparência nas regulamentações e marcos legais, burocracia que dificulta a interação entre a indústria e a academia e a falta de investimentos consistentes em pesquisa, desenvolvimento e inovação.”
Fonte: Redação OE