Megaedifício de 108 andares vai ancorar novo distrito empresarial de Pequim

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Com 528 m de altura, Zhongguó (China) Zun Tower vai se erguer bem acima do entorno e terá um lounge giratório no topo

Sua forma suavemente curvilínea reflete a arquitetura histórica da capital e lembra um vaso cerimonial antigo chinês chamado Zun. Esta referência conceitual é parte do plano mestre desenvolvido em 2010 pelo consórcio TFP, BIAD, Arup e MVA e adotada pelo escritório de arquitetura KPF no projeto da torre, seu envelope externo e espaços internos principais. Como Pequim tem as exigências antissísmicas mais severas no código de construção das cidades chinesas, o sistema estrutural é particularmente sensível aos ajustes da forma complexa do edifício.
 

Durante as fases de estudos esquemáticos e de desenvolvimento do projeto, os arquitetos e os engenheiros estruturais implementaram uma modelagem paramétrica, empregando uma plataforma comum de software que agilizou o processo de design e coordenação. O projeto da torre é resultado de uma avaliação equilibrada entre os múltiplos parâmetros de projeto, como a forma elegante e escultural, os sistemas estruturais e de elevadores otimizados e os programas de espaço dos interiores.

 

O projeto se habilitou à certificação LEED Gold da U.S. Green Building Council, baseado no envelope de alto desempenho do edifício — com excelente relação janelas/parede e vidros triplos, equipamento mecânico de alta eficiência energética, uso de materiais locais, uso de água cinza nos sanitários e painéis solares no topo.

 

O novo Distrito Central de Negócios de Pequim está a 5,5 km a leste da praça Tiananmen e fora do centro histórico da capital. A infraestrutura local será renovada para permitir seu adensamento urbano, visando a operar como um centro internacional de finanças, serviços e mídia. A torre possui 350 mil m² de área bruta de piso divididos entre 108 andares acima do solo. Embora o perfil da torre seja curvo, as plantas dos pisos são quadradas, com cantos arredondados, em torno de um núcleo também de formato quadrado.

 

O perfil final da torre é composto de quatro arcos tangenciais, com a base, “punho” central e topo medindo 78 m, 54 m e 69 m na largura, respectivamente. O punho da torre é localizado acima de todos os edifícios vizinhos, a 385 m de altura, para sobressair o seu perfil curvilíneo.

 

O envelope da torre é dividido em 128 painéis em cada piso, com divisões contínuas de painéis verticais, agrupados em suportes principais e secundários.  No meio dos suportes principais ficam os trilhos das máquinas lavadoras de vidro; nas laterais dos suportes secundários há tiras de led para iluminação. Os suportes verticais servem para mitigar a complexidade das paredes-cortina.

 

No topo da torre, os suportes principais se estendem na altura total do restaurante do business center e o deck do observatório nos níveis 105 e 106. Os suportes secundários terminam no nível 104 e são substituídos por um sistema de cabos tensionados e vidros, permitindo uma visão ao exterior mais ampla. Na base da torre, onde as paredes externas se curvam, a geometria é mais desafiadora. Através de uma “casca”, evitou-se o uso de vidros curvados a quente de alto custo. No lobby, a parede externa é envidraçada, e os suportes do seu interior se estendem até o lado de fora, conectando-se com os suportes externos. O impacto de um lobby transparente, que funde o exterior ao interior, marca a identidade corporativa do proprietário da torre.

 

Perspectiva artística da megatorre e seu entorno. Empreendimento deve ser entregue em 2018

 

Projeto estrutural antissismos

Como Pequim tem a mais rigorosa exigência antissísmica, o sistema estrutural do China Zun Tower, com toda a sua altura, precisa encontrar o equilíbrio entre resistência e dutilidade. Com um pescoço mais estreito e um topo mais largo, a torre é o contrário dos outros megaedifícios que afinam à medida que sobem. O projeto estrutural precisou avaliar os efeitos adversos da massa adicional localizada no topo.

 

O sistema de resistência lateral é composto de uma megaestrutura periférica e o núcleo central. De forma simplista, pode-se considerar essa megaestrutura como uma megatreliça fincada no solo.  Oito megacolunas nos cantos se fundem em quatro colunas na base. As megabraçadeiras e a treliça de transferência são constituídas pelos diagonais e postes da megatreliça. Esta estrutura periférica confere elevada rigidez lateral, essencial para a segurança da estrutura da torre. As megacolunas são caixões de aço preenchidos de concreto, em compartimentos único ou múltiplos, separados por placas de aço.

 

Projeto aproveita largamente luz natural com envelopamento de vidro

 

É complexo o projeto de uma megaestrutura que segue um perfil curvilíneo. Para cada zona de cerca de 15 pisos, a megaestrutura é mantida num só plano para facilitar as conexões e evitar forças adicionais. Além disso, os diversos perfis da torre precisam ser avaliados quantitativamente, o que demandou o uso de tecnologias de projeto e modelagem paramétrica.

 

Os projetistas puderam, assim, avaliar geometricamente opções variadas num curto prazo e gerar resultados quantitativos. A linha final de colunas foi determinada como um equilíbrio ótimo entre os principais critérios. Foi possível obter um intervalo de 1 m entre estrutura e fachada na maioria dos pisos.

 

Extensa análise não-linear, usando dados sísmicos reais e simulados, foi efetuada para avaliar a segurança da estrutura sob condições sísmicas máximas. Um teste em mesa vibratória na escala 1:40 foi conduzido para assegurar que o projeto estrutural atende a diferentes condições sísmicas.

 

O núcleo de concreto é uma escolha atípica para um megaedifício numa zona sísmica. No código de edificação local, é exigido que não haja falha por cisalhamento num evento sísmico considerado máximo. Para tanto, placas de aço com espessura de 30 mm a 60 mm foram embutidas nas paredes de concreto, desde o solo até o nível 41, triplicando a resistência a cisalhamento das paredes, viabilizando assim, tecnicamente, o núcleo de concreto.

 

As fundações de estacas começam 79 m abaixo do solo, na camada 12 do subsolo arenoso de Pequim. No s&iacu
te;tio de 84 m por 130 m, o subsolo da torre contém sete pisos. O comprimento efetivo das estacas mede 42 m e seu diâmetro varia de 1 m a 1,2 m. As sapatas no topo das estacas têm espessura máxima de 6,5 m.

 

Gestão do projeto

O proprietário contratou um consórcio de projetistas formado por conhecidas empresas, que responderam por diferentes estágios do projeto, assegurando uma comunicação efetiva entre si. Especialistas em gerenciamento de construção e megaedifícios, incluindo empreiteiras, revisaram os projetos do ponto de vista de construbilidade. Começando em agosto de 2012, um consórcio foi formalizado após nove meses de trabalho, com a KPF, Arup e PBA, responsáveis pelo projeto esquemático e posterior desenvolvimento, e as empresas locais BIAD e CITIC General Institute of Architectural Design and Research, encarregadas do projeto executivo para construção.

 

Como a China Zun Tower se caracteriza pelo porte de investimento, longo período de desenvolvimento e construção, tecnologias complexas e um número elevado de stakeholders, a tecnologia BIM foi adotada em novembro de 2011 para acelerar o programa, reduzir custos, melhorar a coordenação do projeto e gestão das obras e criar uma base de dados para a operação e manutenção do megaedifício.

 

Nove provedores de serviços de tecnologia BIM discutiram os padrões e as regras do seu uso, que foram reunidos num guia. Todos os processos foram desenvolvidos seguindo uma hierarquia que coloca a equipe de arquitetos no topo. As responsabilidades dentro do processo BIM têm uma correspondência real, um a um, para com as exigências contratuais dos projetos e das obras. Há exemplos de como a tecnologia BIM contribuiu para reduzir os erros de coordenação e melhorar a construtividade do projeto.

 

Tomando o documento final de construção do piso térreo, por exemplo, 147 discrepâncias foram detectadas e solucionadas na fase de projeto, sendo 20 delas relacionadas com o trajeto dos dutos de facilidades eletromecânicas. Quando a modalidade EPC não foi adotada, por razões empresariais neste empreendimento, a tecnologia BIM desempenhou um papel crucial na “conexão sem cortes” entre as fases de projeto e obras. (Fonte: Council on Tall Buildings and Urban Habitat)

 

Perfil do projeto China Zun Tower

 

Data estimada de conclusão – 2018

Altura – 528 m

Andares – 108

Área construída total – 437.000 m²

Uso – comercial

Proprietário – CITIC HEYE Investment Co.

Arquitetos – TFP Farreals (conceito); Kohn Pedersonn Fox Associates (conceito & projeto); BIAD-Beijing Institute of Architecture and Design (projeto e arquiteto legal); CITIC General Institute of Architectural Design (arquiteto legal)

Engenheiro estrutural – Arup, BIAD

    Engenharia Mecânica e Elétrica – Parsons Brinckerhoff, BIAD

Fonte: Revista O Empreiteiro


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