Memória da cidade

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Positiva, para a memória da cidade, a decisão do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Artístico (Condephaat), de tombar a velha estação elevatória de esgotos do Brás, posta em funcionamento em 1896, considerada um marco das estruturas do sistema de saneamento da Pauliceia.

Ela foi importante no processo de urbanização do Brás, Pari e Mooca, no começo do século passado, vez que canalizava os esgotos desses bairros, para lançá-los longe, impedindo eventual refluxo e possibilitando condições de saúde aos moradores.

Dado significativo na matéria publicada na FSP de hoje, assinada por Vanessa Correa, sobre o tombamento, é a lembrança de que, em 1890, por conta da epidemia de cólera que se espalhou por Santos e Campinas, o governo paulista lançou campanha de alerta para os graves riscos de se jogar esgoto nos rios urbanos.

Pois bem. Passados 120 anos daquela época, quando da antiga estação elevatória resta apenas uma memória para a cidade, alerta semelhante se faz necessário, todos os dias, todas as horas. É que, embora os tempos tenham mudado, a poluição dos rios urbanos continua e até aumentou, enquanto os processos para melhoria do saneamento prosseguem sem atender às exigências dos níveis de crescimento metropolitano.

Uma prova de que as coisas não melhoraram, considerando naturalmente os avanços técnicos disponíveis e o aumento da população, é a informação de que conjunto habitacional apontado como de alto luxo, joga a sua sujeira no canal do rio Pinheiros. Isso acontece 115 anos depois da inauguração daquela estação elevatória e 120 anos depois do alerta para que não fosse jogado esgoto nos rios da Pauliceia. Em suma: nas questões do saneamento urbano, continuamos como na letra daquela canção cantada por Elis Regina: são dois (passos) pra lá, dois pra cá.

Fonte: Estadão


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