Uma reativação de mineração, sem barragens, com mais tecnologias, segurança e sustentabilidade está na reta final. Essas são as expectativas e características que a Vale atribui ao projeto Maximização Capanema, que trata da readequação da antiga Mina de Capanema, que pertence ao Complexo Minerador de Mariana, localizado nos municípios de Santa Bárbara, Ouro Preto e Itabirito, em Minas Gerais. O projeto visa permitir a lavra e transporte do minério ainda disponível e da Pilha WH através de um novo complexo industrial que demanda investimentos de US$ 495 milhões.
Operada entre 1982 e 2003 pela mineradora (então CVRD) e a JFE Steel Corporation (JFES) e outras seis empresas japonesas, a Mina de Capanema está recebendo a implantação de novos processos e tecnologias pela Vale para gerar menos rejeitos e implementar novas soluções de descarte e reaproveitamento do material em suas operações. O grande diferencial deste projeto é o processo de tratamento do minério por umidade natural, dispensando o uso de água e a necessidade de barragens.
De acordo com informações repassadas à revista Minérios & Minerales, em abril deste ano, o start-up de produção à umidade natural em Capanema está previsto para o primeiro semestre de 2025, quando iniciará o processo de ramp-up que contribuirá com 17,8 mtpa de minério de ferro.
Segundo a companhia, o minério extraído em Capanema será beneficiado na usina de Timbopeba, que será adequada para o processamento da umidade natural, e o produto final será transportado pela Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) até o Porto de Tubarão, no Espírito Santo.
Esse projeto, que prevê a modernização da mina de Capanema, contará ainda com a utilização de equipamentos autônomos nas operações, que estão sendo fabricados e estarão disponíveis ainda em 2024.
Avanços em Capanema
Atualmente, 87% do total de equipamentos e estruturas previstas no escopo do projeto Maximização Capanema foram implantados. Em junho, a Vale divulgou um vídeo institucional sobre o que vem sendo realizado e o que já foi concluído até então. Segundo o material, o projeto já atingiu 21.243 toneladas de montagem, das 24.216 t previstas, alcançando 87 % e entrando na reta final de montagens eletromecânicas.
Na usina, conforme a divulgação, as atividades de completação mecânica e pré-comissionamento avançaram, nos circuitos secundário e primário chegaram a 30% das atividades de comissionamento. No circuito terciário, foi concluída a montagem das quatro galerias previstas do transportador 1220CF-05, restando 11 metros para finalizar o maior prédio do empreendimento, o Peneiramento Terciário, que possui no total 57 metros.
No pátio de homogeneização, já foi iniciado o comissionamento das máquinas, realizou-se o basculamento da lança da empilhadeira, e o teste a vazio da correia transportadora do TC da lança. Em maio, foi iniciada a montagem do caminhão autônomo para as operações. No mês de junho, foi concluído 100% o lançamento das 115 galerias, das 115 previstas, na montagem do TCLD. Em Timpobepa, foi realizada a preparação da parada geral da usina, com o transporte da galeria de 95 metros.
O empreendimento conta com mais de 4.400 trabalhadores atuando na fase de implantação. Com a finalização das obras, 250 profissionais moradores das comunidades próximas à Capanema atuarão na operação. Esses profissionais já estão sendo capacitados pela companhia.
Projeto comporta 7 anos de produção
O projeto Capanema Umidade Natural, de minério de ferro, obteve o licenciamento concomitante, com as emissões das licenças Prévia (LP), de Instalação (LI) e de Operação (LO) pela SEMAD-MG (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais), em dezembro de 2021.
Enquanto esteve em operação, entre 1982 e 2003, foram produzidas 34,6 Mt de granulados, 27,4 Mt de pellet feed e 7 MT de sinter feed. Após 21 anos de atividades, os teores contidos nas reservas de minério de ferro da mina passaram a não atender mais à rota de processo da usina de Timbopeba, levando à paralisação da unidade.
Além de reativar as instalações existentes, o projeto Capanema prevê a aquisição de novos equipamentos, a implantação de um transportador de correia de longa distância ( ) com 10,6 km de extensão, e adequações no pátio de estocagem e carregamento da usina de Timbopeba. Da lavra a céu aberto serão extraídas 17,8 Mtpa de ROM, durante 7 anos. As reservas estimadas são de 128,6 Mt de minério, com teor médio de ferro de 58,2%, considerando os volumes contidos na cava, que será reaberta, e na pilha wH, basicamente formada por estéril estocado na operação anterior da mina, onde a extração será feita durante cinco anos.
As obras de implantação dos circuitos primário, secundário e terciário de britagem e de peneiramento estão sendo executadas pela SKIC Brasil, subsidiária da Sigdo Koppers Ingeniería y Construcción, que integra o grupo chileno Sigdo Koppers (SK).