Enquanto monotrilhos urbanos não parecem ainda ter se consolidado como um sistema intermediário entre o metrô de subsolo e os corredores de ônibus, permanecendo ainda como uma extravagância tecnológica e cara para fins de propaganda da administração pública, esse meio de transporte já comprovou sua eficácia na interligação de terminais de aeroportos.
Conhecidos no exterior como Automated People Mover Systems (APMS), eles são usados em mais de 40 aeroportos no mundo, incluindo na Ásia, Europa, América do Norte e África.
O monotrilho automatizado para transporte de passageiros de maior extensão já instalado no mundo, fica no aeroporto de Dallas-Fort Worth, no Texas, Estados Unidos, com dois circuitos que operam em sentidos opostos, para ligar cinco terminais dentro da área de segurança, de modo que o passageiros não precisa passar pela raio x quando usa o sistema. Percorrendo uma extensão de 7,7 km, os trens têm intervalo de 2 minutos e gastam 5 minutos em média no trajeto entre terminais, com o máximo de 9 minutos entre os pontos mais afastados.
Chamado de Skylink, o serviço é gratuito e o acesso é feito por escada rolante ou elevadores, já que o monotrilho está a 10 m de altura do solo. O sistema em Dallas opera com 64 trens e foi fornecido pela Bombardier —sistema Innovia APM 200. Inaugurado em 2005 – substituindo um sistema anterior que já não atendia a demanda -, opera de 56 a 60 km/h de forma automática.
O monotrilho circula no espaço seguro do aeroporto e, por conta disso, não recebe passageiros que não tenham passado pelo raio X de segurança, nem atende estacionamentos e espaço das locadoras de veículos.
A pista de concreto e aço está assentada sobre 375 pilares, operando o circuito interno no sentido horário e o externo no sentido anti-horário. Cada um dos cinco terminais tem duas estações acessíveis pelo lado seguro do aeroporto. Cada estação possui quatro conjuntos de portas, dos quais apenas dois funcionam hoje — os restantes estão reservados para expansão futura. Mais duas estações poderão ser incorporadas ao sistema no caso de se construir um sexto terminal. O circuito completo pode ser percorrido em cerca de 15 minutos.
Os carros possuem apenas 8 assentos, destinados aos que exigem necessidades especiais, com amplo espaço para grupos e bagagens de mão que viajam de pé. As janelas amplas dão vistas para os aviões, as pistas e os hangares. Inevitavelmente, tornou-se a principal atração das crianças que aguardam pelos vôos. Um sistema similar foi instalado no terminal 5 do aeroporto de Heathrow, em Londres.
Atlanta transporta 200 mil pessoas/dia no Plane Train
O monotrilho do aeroporto americano de Atlanta, no estado de Georgia, é considerado um dos mais complexos do mundo. Inaugurado com o aeroporto em 1980, opera 20 horas por dia, com uma frota de 49 vagões que começou com 12, passando por duas gerações de tecnologia e diversos upgrades. A cidade de Atlanta investiu até hoje US$ 800 milhões no sistema automatizado.
O Plane Train — literalmente Trem do Avião – no aeroporto Hartsfield-Jackson interliga o terminal terrestre a sete terminais seguros (T, A, B, C, D, E e F) para voos internacionais. Um segundo monotrilho — ATL Skytrain — liga os terminais ao centro de locação de automóveis. Foi fabricado originariamente pela Westinghouse/Adtranz, sendo esta última adquirida depois pela Bombardier.
Opera num circuito subterrâneo e a despeito da alta frequência dos trens, sustenta uma disponibilidade média de 99,5%. O trem típico tem quatro vagões, com capacidade para 75 passageiros e suas bagagens de mão cada um, inclusive cadeiras de rodas, podendo transportar 8.500 pessoas por sentido por hora. A operação é automática e seis letreiros LED exibem as informações em oito idiomas. Em 2002, a frota foi renovada com vagões Innovia 100 da Bombardier. Na inauguração do terminal F, prevista para maio próximo, o sistema receberá 400 m de trilhos novos na expansão e 10 vagões novos para acomodar o número adicional de passageiros.
Miami usa monotrilho para acessar centro de autolocadoras
Aquela chateação de esperar na calçada de desembarque pelos ônibus das locadoras no aeroporto de Miami, a 40º C à sombra, pertence ao passado. Agora, o passageiro pode pegar um moderno monotrilho, com ar refrigerado, que chega ao novo centro de autolocadoras onde todas elas estão lado a lado, onde poderá escolher desde um subcompacto standard até um Mustang conversível, equipado com GPS – que curiosamente fala português de Portugal, embora Miami seja refúgio de brasileiros no exterior.
O monotrilho no Aeroporto Internacional de Miami, chamado de Skytrain, abriu para o público em setembro de 2010, construído pelo consórcio Parsons/Odebrecht, com trens fornecidos pela Sumitomo e Mitsubishi. Ele atende quatro estações no terminal D, localizados entre os portões D17, D24, D29 e D46.
O que o americano chama de concourse D tem 60 portões, numa extensão de 1,6 km. Percorre-lo a pé levaria de 20 a 30 minutos, dependendo da quantidade de bagagem. O monotrilho vence este trajeto em quatro minutos, com trens a cada três minutos, parando em quatro estações, divididas em halls separados para voos domésticos e internacionais. Cada trem leva quatro vagões, dois para os passageiros domésticos e dois para os outros, que não se misturam.
O Skytrain transporta até 9 mil passageiros por hora, a 50 km/h, trafegando sobre pistas gêmeas de concreto acima da cobertura do termimal D. A vista é surpreendente: de um lado, os jatos docados ou taxiando para decolagem no lado norte de Miami; do outro, a vista alcança o centro da cidade e seus prédios, ao longo da baía de Biscayne.
Uma nova linha chamada MIA Mover, de quase 2 km, leva os passageiros ao Car Rental Center, a razão de 3 mil pessoas/hora. O monotrilho tirou de circulação 1.400 viagens de ônibus/dia e reduziu em 30% as emissões de carbono na rede viária do aeroporto. O centro de autolocadoras, em quatro níveis, reúne 16 empresas que atendem 16 mil passageiros por dia.
Fonte: Padrão