Prevista para ser inaugurada em dezembro de 2023 em Belo Jardim, no Pernambuco, a nova fábrica da Moura promete ampliar o processo de reciclagem de baterias. A empresa já começou as obras de construção, a sexta do grupo, e o investimento vai totalizar R$ 578 milhões. A nova unidade irá adotar um processo reciclagem, com uma logística reversa, onde para cada bateria vendida outra é recolhida no ponto de varejo.
Esse sistema é utilizado na Moura há mais de 35 anos. A empresa iniciou a logística reversa bem antes da criação, na década de 1990, da legislação brasileira que passou para os fabricantes a responsabilidade de dar um destino correto às chamadas baterias inservíveis.
Cerca de 60% do custo de uma bateria vem do chumbo, um metal que não se degenera. Baterias usadas se transformaram, assim, na principal fonte de chumbo para produzir as novas.
Isso faz com que fábricas de baterias sejam, ao mesmo tempo, recicladoras.
Para evitar qualquer falha no processo de logística reversa, a companhia decidiu criar uma transportadora, que hoje conta com 500 caminhões próprios e 100 terceirizados. A mesma carreta que entrega as baterias novas à rede de distribuidores do varejo de todo o país traz as usadas na viagem de volta para a fábrica em Belo Jardim.
Ali os elementos são separados para reaproveitamento na produção.
Em entrevista publicada no jornal Valor Econômico, o diretor de metais e sustentabilidade da Moura, Flávio Bruno Sousa, explicou que “de cada bateria usada sai 70% do chumbo necessário para a produção da nova”.
“Além do chumbo, é possível aproveitar, em escala menor, também o cobre, um elemento cada vez mais raro e caro. No passado havia mais oferta em minas de cobre na Bahia e também no Peru e Irã. Mas foram se exaurindo. Isso levou todo o mundo para a reciclagem”, destacou Sousa.
No complexo industrial de Belo Jardim uma das fábricas, chamada de metalúrgica, é totalmente dedicada ao processo de separação dos materiais. Essa unidade já atingiu a capacidade máxima. Daí a necessidade de expandir as instalações.
Com a futura linha, será possível dobrar a capacidade. O terreno de 130 mil metros quadrados já se transformou num canteiro de obras. A história da expansão da Moura em Belo Jardim tem sido feita por meio de sucessivas aquisições de terrenos vizinhos.
Segundo o diretor, uma das metas, com a nova fábrica, é incluir o ácido sulfúrico no processo de reciclagem, o que não acontece na linha atual. Hoje é apenas tratado. Mas, a partir da possibilidade de reciclagem, o ácido poderá também ser reaproveitado na produção das novas baterias. A reciclagem já inclui o plástico, que serve como proteção da bateria. O complexo de Belo Jardim inclui uma fábrica de injeção plástica, que recebe o produto reciclado.
No entanto, Sousa afirmou ainda, que só estará completamente satisfeito quando a logística reversa da companhia conseguir levar de volta para Pernambuco as baterias vendidas na Argentina. Por enquanto, a legislação não permite. A Moura tem uma fábrica em Córdoba, mas a reciclagem é um processo exclusivo de Belo Jardim.