Falta de planejamento, ou planejamento negligenciado, têm sido historicamente responsáveis por erros, em obras de engenharia, cujos prejuízos vão aparecer lá na frente, em dimensões às vezes difíceis de serem calculadas. É um absurdo que na fase de planejamento não se tente resolver problemas que se refletirão, depois, e de modo muito agudo, no bolso da sociedade.
Está aí o caso das eclusas que deveriam estar simultaneamente prontas com as obras da hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins. E, no entanto, três décadas se passaram para que somente agora elas fossem inauguradas. Na pompa e circunstância da inauguração não deveria haver festa.
Para que festa, se as obras só puderam ser concluídas, para resolver a navegabilidade local, tantos anos depois? E quanto soma o prejuízo provocado nesse período pela interrupção da hidrovia Tucuruí-Araguaia? As informações disponíveis mostram que o conjunto das obras ali custou perto do dobro – ou mais do que isso – porque as eclusas não ficaram prontas na época em que a usina foi entregue.
Apesar da constatação dessa falha de planejamento, que leva o governo a empurrar com a barriga ações que deveriam ser tomadas no tempo certo, com os investimentos certos, o equívoco, conforme se observa, pode repetir-se, desta vez com as obras do Complexo Teles Pires, no Mato Grosso
A previsão inicial é de que seriam construídas três eclusas no rio Teles Pires, o que garantiria a navegabilidade de Sinop até a foz do Tapajós. Contudo, pelo andar da carruagem – ou do barco governamental – não se sabe quando as eclusas ficarão prontas. A irresponsabilidade se repete e a sociedade que arque com o prejuízo.
A reforma do Palácio
Mas, e a reforma do Palácio, hein? As obras no Palácio do Planalto, entregues há cerca de três meses e que custaram aos cofres públicos a bagatela de R$ 111 milhões, têm de ser refeitas, conforme matéria na FSP do dia 3 último. Choveu em Brasília e não demorou muito para as águas aparecerem por onde jamais deveriam aparecer: alagaram banheiros, garagens e está escorreram pelas paredes pintadas de fresco. Pode-se até culpar a inevitabilidade das intempéries nesse caso, mas as reformas não deixaram de ser um vexame.
Fonte: Estadão