Nos próximos 50 anos, estradas melhores e mais seguras

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José Alberto Pereira Ribeiro*

Os 50 anos da revista O Empreiteiro são uma excelente oportunidade para reflexão sobre o que foi esse período no segmento de construção de rodovias e como deverão ser os próximas 50 anos. Ao longo das últimas cinco décadas construímos quase toda a malha rodoviária brasileira, que tem hoje 1,7 milhão de km. É a maior da América Latina, mas, daquele total, só estão asfaltados 185 mil km. Portanto, temos muito a fazer nos próximos 50 anos. Para se ter uma ideia melhor do problema, basta citar que a França e a Alemanha, com territórios bem menores do que o nosso, têm mais de 800 mil quilômetros de rodovias asfaltadas.


O Brasil tem uma frota de 59,8 milhões de veículos trafegando por nossas rodovias, que não para de crescer e a demandar por mais e melhores estradas. Também está a exigir mais segurança. A nossa frota, hoje, é igual à da França e da Alemanha. Além disso, transportamos por rodovias 65% de nossa carga e 95% de nossos passageiros. Os dois países europeus que citamos, transportam apenas 30% de suas cargas por rodovias.


A nossa malha rodoviária está hoje avaliada em US$ 250 bilhões e representa um patrimônio importante para o País. Não podemos, portanto, deixar que ela se deteriore com o uso intenso e com a falta de conservação adequada. Na Constituição de 1988 foi extingo o Fundo Rodoviário Nacional (FRN), que permitiu a construção da maior parte dessa malha, a partir de 1946 e a conservação de tudo que foi construído. Durante mais de 20 anos houve total escassez de recursos para a conservação e a construção de novas rodovias.


A crise no segmento obrigou o governo e a iniciativa privada a buscarem novos caminhos. Surgiu com grande sucesso o sistema de concessão de rodovias para garantir a manutenção com recursos dos usuários e criou-se a Cide-Combustível, com um novo modelo, destinado a atender a todos os modais do setor de infraestrutura de transporte (rodovias, ferrovias e hidrovias).


Este novo sistema nos permite ver o futuro do setor nos próximos 50 anos com muito mais clareza e otimismo. O segmento, agora, tem um órgão (o DNIT), que cuida de todos os modais e executa política do setor. Temos também a ANTT, que cuida e regula o setor de concessões. O segmento ferroviário foi privatizado e o governo se dedica a construção de novas ferrovias, pois o País parou de construir novos empreendimentos desde a metade do século passado.


Portanto, os próximos 50 anos poderão ser bem melhores porque temos recursos e uma estrutura administrativa adequada para fazer a gestão das obras e serviços necessários. Além disso, o País tomou consciência de que precisa investir com prioridade em infraestrutura de transporte. O Brasil todo sabe, hoje, que não é possível crescer com altas taxas sem uma estrutura adequada para escoar a produção a fim de atender ao mercado interno e a exportação. O Brasil virou um grande exportador, com uma receita superior a US$ 200 bilhões/ano.


As perspectivas do setor exportador são excepcionais e o País precisa expandir os diversos modais de forma harmônica e planejada. O momento que o Brasil vive é impar. O País é hoje é uma grande atração econômica no mundo e o segundo polo de investimentos depois da China. Portanto, temos uma oportunidade rara de construir uma sociedade mais rica, mais justa e uma infraestrutura de transporte de grande dimensão para poder atender a uma Nação que é um continente.

*José Alberto Pereira Ribeiro é presidente da Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor)

Fonte: Estadão


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