Novos projetos movimentam investimentos de US$ 28 bi

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Levantamento do Instituto Brasileiro de Siderurgia (Ibram) aponta para US$ 28 bilhões o montante de investimentos em mineração entre os anos de 2007 a 2011. “É um volume de investimentos sem precedentes na história”, destaca Paulo Camillo Vargas Penna, diretor-presidente do Ibram. Esse resultado está relacionado à demanda dos países asiáticos, Alemanha e Estados Unidos, que continua crescendo. Os projetos localizam-se em diversas áreas minerárias do País, como Goiás, Bahia, Minas Gerais e Pará e não privilegiam somente o minério de ferro, mas inclui projetos de níquel, bauxita, manganês, cobre, zinco, chumbo e caulim, além de metais preciosos (ouro e prata) e gemas (pedras). A Companhia Vale do Rio Doce, que vem ampliando seu poder de fogo após a aquisição da Inco canadense, é um dos principais agentes investidores do setor, com um orçamento previsto de US$ 6,3 bilhões para novos investimentos somente em 2007. Trata-se do maior orçamento de investimentos da história da empresa. Para o crescimento orgânico estão destinados US$ 4,636 bilhões, que representam 73,2% do investimento total programado para 2007 – US$ 4,230 bilhões vão para projetos e US$ 406 milhões destinam-se a investimentos em pesquisa e desenvolvimento. No ano passado, a vale aplicou US$ 26 bilhões: sendo US$ 21,5 bilhões destinados a aquisições; US$ 3,241 bilhões em crescimento orgânico: US$ 2,765 bilhões em projetos; US$ 1,259 bilhão na consolidação dos negócios existentes, US$ 476 milhões, em pesquisa e desenvolvimento. A empresa realizou quatro grandes aquisições em 2006 – Inco, Caemi, Rio Verde Mineração e Valesul – além da conclusão de três projetos que, em conjunto, totalizam a adição de mais 60 milhões t de minério de ferro: Carajás 85 milhões t/ano, Carajás 100 milhões t/ano e Brucutu, com 23 milhões t/ano em 2007 e 30 milhões t/ano em 2008. O projeto Itabiritos engloba a construção de uma usina de pelotização, em Minas Gerais, com capacidade de 7 milhões t anuais, uma planta de concentração de minério de ferro e um mineroduto de curta extensão, com custo total estimado em US$ 759 milhões. O desenvolvimento começou em 2006, com a engenharia básica e o início da obras civis. Para este ano são previstos dispêndios de US$ 385 milhões, devendo ser realizados a engenharia detalhada, a montagem eletromecânica e o início dos testes dos equipamentos. A entrada em operação deve ocorrer no primeiro semestre de 2008. No Sistema Norte, ainda em fase de aprovação no Conselho de Administração, o projeto Carajás 130 milhões t/ano, na Serra Norte de Carajás, com valor estimado de US$ 1,8 bilhão, deverá estar concluído em 2009. Tais empreendimentos atraem demandas diversas na área de construção e transporte, como a ampliação do Corredor Norte, avaliado em US$ 748 milhões, com expansão da Estrada de Ferro Carajás (EFC), e de terminal Marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão. Mas outras mineradoras se movimentam para ocupar espaços no mercado, como a MMX, formada em 2002 como um braço do grupo EBX para atuar na mineração. A empresa é comandada pelo empresário Eike Batista, filho de Eliezer Baptista, considerado um dos responsáveis pela internacionalização da Companhia Vale do Rio Doce. A MMX segue a tradição da CVRD – de sistemas de produção e logística integrados – focalizando a produção de produtos de maior valor agregado, como ferro-gusa, HBI e aço. Já possui um complexo em operação, o de Corumbá, e dois outros em fase de licenciamento e projetos: Amapá e Minas-Rio. O sistema Minas-Rio acelera os passos para dar início às obras do porto em São João da Barra, no litoral norte-fluminense, que responderá pela exportação de 26 milhões t anuais de minério de ferro. O empreendimento faz parte do complexo industrial, que inclui uma unidade de mineração no município de Conceição do Mato Dentro, localizado em Minas Gerais, e um mineroduto de 530 km que chega ao litoral fluminense. O empreendimento encontra-se em fase de obtenção das licenças necessárias para a construção da primeira fase do projeto, que terá capacidade de produção de 26,5 milhões t. A estimativa é de que a primeira etapa comece a produzir no quarto trimestre de 2009, representando investimento de US$ 2,35 bilhões. A produção dos 10 primeiros anos de operação (13 milhões t) já está vendida para a Gol Industries Investiment Co, que desistiu de construir uma pelotizadora em São João da Barra (RJ), que estava nos planos iniciais “O que o cliente quer é pellet feed, não pelota”, informa o presidente da empresa Rodolfo Landim. Toda a produção será destinada a contratos de longo prazo. Um único cliente, uma trader japonesa, ficará com 9 milhões t/ano. Recentemente, a Anglo American – a terceira maior mineradora do mundo – adquiriu 49% de participação na MMX por US$ 1,15 bilhão. “O minério de ferro é de suma importância para a estratégia futura de crescimento da Anglo American. Estou muito satisfeita de ter negociado essa parceria com a MMX”, disse Cyntia Carroll, diretora-presidente da companhia.

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Outra empresa inglesa que chega discretamente ao Brasil, também de olho no minério de ferro, é a London Mining, que acaba de adquirir a Minas Itatiaiuçu, incluindo operações e reservas localizadas na Região Serra Azul, no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, e planeja investir US$ 130 milhões na expansão da produção de minério de ferro. A Minas Itatiaiuçu é proprietária de depósitos de 260 milhões t de minério em Serra Azul, mas estima-se que a região detenha reservas de 2 bilhões t. Ela concentra pouco mais de uma dezena de pequenas e médias produtoras de minério de ferro. “Consideramos Serra Azul um dos mais importantes, senão o mais importante dos ativos minerais a serem explorados, afirma Luciano Ramos, presidente da empresa no Brasil, destacando que outras aquisições podem acontecer. A tarefa atual é elevar a produção de 500 mil t para 3 milhões t por ano. Na primeira fase de investimentos previstos, deverão ser construídas usinas de concentração para o processamento e comercialização de cerca de 22 milhões t de materiais estocado (finos e sinter feed). Em uma segunda etapa, a meta é atingir 5 milhões t ano até 2010. A London Mining foi criada há dois anos por investidores europeus privados e institucionais baseados em Londres e liderados pelos fundos RAB Capital e Altima Partners. Além do ativo no Brasil a companhia possui direitos de exploração em áreas de Serra Leoa e Groenlândia, totalizando 1,3 bilhão de t de minério de ferro. Pa

ra garantir o escoamento da produção com custos competitivos, a empresa negocia a construção de um ramal ferroviário com a MRS, de 35 km de extensão, ao sul das operações da mineradora, além de estudar parcerias estratégicas para a disputa da exploração dos portos de Itaguaí e de Sepetiba, no Rio de Janeiro. (M.R.S.)

Fonte: Estadão


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