Ao traçar o seu plano estratégico até 2010, a Racional colocou o cliente como foco central de suas ações e de sua nova estrutura organizacional, em formato nuclear, semelhante ao sistema solar. “O cliente é a razão de todas as ações. Todos os núcleos da empresa estão ao seu redor, vivendo em sua função”, explica Newton Simões, presidente da companhia. Os núcleos que gravitam em torno do cliente são denominados Desenvolvimento de Negócios, Gestão de Contratos, Engenharia, e Administração e Finanças. Os quatro núcleos atuam no chamado “campo integrador”, onde todas as ações se complementam, no sentido de atender a todas as necessidades do cliente, mesmo quando ele não consiga transmitir com clareza suas demandas reais. “O novo olhar da empresa está voltado para o foco do cliente: sempre respeitar seus desejos, porém focar suas necessidades”, afirma. A criação desta estrutura mais solta facilitou e intensificou a comunicação entre os diversos setores da Racional. “A estrutura clássica organizacional em ‘caixinhas’ foi desmontada. Ganhamos em velocidade na informação, na decisão, na identificação e resolução de problemas, no atendimento. Os colaboradores tornaram-se mais interdependentes”, explica Marcos Santoro, diretor executivo da empresa e responsável pela coordenação dos núcleos de Engenharia e Administração e Finanças. Segundo ele, o cliente passou a se conectar à rede corporativa de forma mais aberta e rápida. Os profissionais das diversas áreas conversam diretamente com seus pares no cliente – engenharia com engenharia, finanças com finanças e assim por diante.
Pioneirismo
O universo de serviços da Racional abrange quatro áreas: Pré-Construção, Construção, Engenharia e Construção, e Operações Estruturadas. A Pré-Construção é um serviço pioneiro em termos de conceito, adotado pela construtora desde 1997. Trata-se de uma intervenção no projeto de um empreendimento bem no seu nascimento, antes da contratação da construção, geralmente quando existe apenas um projeto conceitual, muitas vezes só mesmo um esboço. Este tipo de trabalho é executado em um período que vai de oito a 12 semanas e consiste em uma imersão total para descobrir o que o cliente deseja e precisa. É necessário entender como o cliente funciona para desenvolver um ante-projeto arquitetônico e usar a Engenharia de Valor para definir o produto mais indicado e de acordo com o orçamento disponível. “Pode acontecer também de o cliente ter um projeto pronto, com os desenhos avançados, e a Racional colaborar com os projetos, analisando as soluções adotadas, os sistemas construtivos, as instalações, desenvolvendo equações próprias da Engenharia de Valor”, explica Santoro, acrescentando que este tipo de atuação traz muitos benefícios ao cliente, pois reúne soluções mais adequadas e econômicas. Muitas vezes, é feito um pacote fechado – denominado Engenharia e Construção – combinando os serviços prestados na Pré-Construção e na Construção propriamente dita. No momento, a Racional executa os trabalhos de pré-construção e construção referentes à expansão da área de convenções do World Trade Center, em São Paulo, à obra do Grupo Atmosfera, no Rio de Janeiro e à nova fábrica da Wickbold, em Hortolândia (SP). Recentemente, concluiu a pré-construção da sede da TV Tribuna, em Santos (SP) e aguarda liberação para início de obras. “Depois de fazer a pré-construção, o cliente tem liberdade de fazer ou não a obra conosco, mas nunca perdemos um cliente na etapa de construção”, diz Santoro. A construtora adota cinco modalidades de contratação: Administração Contratada, Preço Global, Preço Unitário, Preço Máximo Garantido (PMG) e Built-to-Suit, cada uma escolhida em função de um conjunto de variáveis. O PMG, que nasceu com o advento da Pré-Construção, tem sido uma das preferidas na atualidade. Por meio dessa modalidade, o cliente e a Racional compartilham as economias conquistadas com o desenvolvimento eficaz da obra e com a aplicação da Engenharia de Valor. Entretanto, se os custos ficarem superiores aos previstos, a construtora arca com a diferença.
O cliente público
Com todas essas variações de contratação já consagradas, a Racional, com a experiência agregada à sua marca, mais recentemente apostou e venceu duas concorrências no setor público. O primeiro é um contrato que reuniu em consórcio as empresas Racional, Delta e Recoma. Trata-se da construção do Estádio Olímpico João Havelange (veja matéria detalhada nesta edição), no Rio de Janeiro, em pleno andamento, e que ficará pronto para a realização dos Jogos Pan-americanos em 2007. “Movida pelo diferencial tecnológico, a Racional desenvolveu toda a engenharia de projetos”, conta Santoro. O diferencial a que se refere são o fato de o estádio ter sido erguido inteiramente com estrutura pré-fabricada e ter uma cobertura que protege totalmente os assentos, apoiada em dois arcos metálicos com vãos de 221 m e dois arcos secundários com vãos de 163 m, os maiores já executados no País. O segundo contrato, de 2005, é para engenharia e construção da primeira fábrica de semi-condutores (chips) do Brasil e da América Latina, licitada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, situada em Porto Alegre (RS). Este é um outro desafio tecnológico, pois inclui salas limpas categoria Classe 100, que entram em operação desde a fase de acabamento da obra (veja matéria nesta edição). Outro contrato é a concessão firmada em 2003 com o município do Rio de Janeiro, para construção e exploração, por 30 anos, de um moderno centro de convenções na área do Teleporto, denominado Rio Cidade Nova Convention Center. Neste empreendimento, a Racional firmou parceria com o Transamérica Expo Center, que conduzirá a operação. O valor do investimento é de R$ 70 milhões, parte proveniente de recursos próprios da construtora, parte financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e uma contrapartida no valor de R$ 28,7 milhões por parte da prefeitura. A obra está em execução e tem previsão de inauguração em julho de 2007, estando já agendados diversos eventos. “Estas obras são uma experiência desafiante, pois por mais de 30 anos trabalhamos para o setor privado”, ressalta Marcos Santoro. As diferenças estão no relacionamento técnico, na abordagem contratual, na legislação específica, na cultura peculiar dos órg&
atilde;os públicos, nas questões burocráticas e no fluxo financeiro irregular. A Racional vale-se de sua experiência e de seu conhecimento para responder às novas exigências, pois, como diz o presidente Newton Simões, “a principal matéria-prima de uma obra é a inteligência”. Por conta dessa premissa, a Racional concluirá no final deste ano a implantação de um sistema ERP de gestão corporativa, já em uso parcial. Com ele, aumentará a qualidade e a velocidade da informação. Um banco de dados atualizado a todo instante estará à disposição de todos os setores da empresa em tempo real. (R.C.S.R.)
Fonte: Estadão