O Código Florestal. E agora?

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É hora de recolher as armas e deixar que a inteligência oriente os debates para se encontrar uma solução de consenso. Só isso. Mas, como é difícil.

Tudo ia no melhor dos mundos, com as propostas de mudança no relatório do deputado Aldo Rebelo no Código Florestal Brasileiro, que está em vigência desde 1965, quando ocorreu a tragédia na região serrana do Rio de Janeiro. Ruíram, de cambulhada, do topo de áreas de risco, tanto moradias humildes, construídas lá em cima por quem não poderia encontrar outro canto para se arranchar, quanto residências de gente bem, construídas nessas áreas para o aproveitamento bucólico do clima de montanha.

O resultado foi essa catástrofe, com centenas de mortos e milhares de desabrigados e desalojados. Os prejuízos materiais, que ainda estão sendo computados, mostram o tamanho da devastação. Elevam-se provavelmente a quase R$ 200 milhões, somente do ponto de vista dos efeitos nas indústrias locais.

Foi aí que alguém resolveu examinar as propostas de mudança no Código. E considerou que, sem essas mudanças, a permissividade para construir no topo de morros já é desenfreada, com elas a situação pode piorar.

Os ambientalistas se revelam preocupados. Do outro lado, do lado dos ruralistas, a preocupação não é menor. Eles possivelmente já estariam convencidos de que a aprovação do Código, com as mudanças, eram favas contadas. Agora, o meio de campo está embolado. Haja vista, a manifestação da líder dos verdes, a senadora Marina Silva: "Não se pode mudar o Código Florestal brasileiro permitindo que as pessoas construam nas áreas de preservação permanente". É, não se pode mesmo. Ocorre que muitos interessados não pensam assim, quando pensam.

Agora, os que vinham brigando para a derrubada das mudanças, defendidas pelo deputado-relator, encontram ambiente favorável para a interrupção do processo. E a luta vai acirrar-se, tão logo comecem os trabalhos na Câmara dos Deputados.

Fonte: Estadão


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