Construção de planta de beneficiamento de minério em Igarapé, Minas Gerais, demorou apenas seis meses, desde a concepção do projeto, que contou com modelagem 3D, até o start-up
Desenvolver todo o projeto, adquirir os equipamentos, montar e comissionar uma planta de beneficiamento de minério em apenas seis meses. Esse foi o desafio enfrentado pela EPC ao ser contratada para construir a planta de benefi ciamento de minério de ferro da mineradora MMX, localizada em Igarapé (MG), que entrou em operação no fi nal do ano passado.
Alexandro Moura, gerente geral de Projetos da MMX, explica que a planta aumentou a capacidade do Sistema Sudeste da mineradora, possibilitando que o mesmo alcançasse a capacidade atual de 8,7 milhões t/ano, concluindo assim a primeira parte do programa de expansão das minas do complexo de Serra Azul. Com capacidade de 1,6 milhão t/ano, ela aproveita o rejeito estocado durante anos de operação dos antigos proprietários e o transformaem produtos com valor agregado (sinter feed e pellet feed), ou seja, além do benefício econômico há também o benefício ambiental. Ainda segundo Moura, a planta já está operando com as duas linhas e em sua capacidade máxima de alimentação, e estão sendo feitos alguns ajustes no processo.
MODELAGEM 3D
A EPC foi responsável pelo gerenciamento do empreendimento, elaboração dos projetos básicos e executivos, pela aquisição dos equipamentos e materiais, pela construção e montagem eletro-mecânica e colocação da planta em funcionamento. Os projetos básicos e executivos foram elaborados em todas as especialidades da engenharia, incluindo ainda os serviços de modelagem 3D, com geração automatizada de desenhos e documentos.
No Projeto MMX foi utilizado o software SmartPlant 3D, do projeto básico até a fase de montagem. “Podemos relacionar algumas vantagens verificadas com a utilização de um software 3D no projeto MMX. O acompanhamento do projeto deixou de ser realizado através de documentos e realizamos sessões semanais de visualização e análise da maquete, o que permitiu à MMX acompanhar a evolução do projeto e verificar se a concepção atendia às suas expectativas mesmo antes de finalizado o projeto. Além disso, com um modelo 3D multidisciplinar foi possível gerar relatórios de interferências, possibilitando o ajuste na fase de projeto, eliminando futuros problemas durante a fase de montagem em campo. Em um projeto tradicional, muitas dessas interferências são encontradas somente na fase de montagem, ocasionando retrabalho e atrasos”, conta Frederico Brandão, gerente de Projetos Turn Key da EPC.
Brandão também destaca a maior interação entre as engenharias, pelo fato das alterações de projeto serem percebidas de imediato. “E certificamos que os documentos passam a ter maior confiabilidade, visto que é um produto da maquete eletrônica. Emitimos diversas plantas, isométricos e lista de material de forma automatizada”, lembra.
A obra envolveu a coordenação de sete disciplinas da engenharia: civil, elétrica, mecânica, estrutura metálica, tubulação, terraplenagem e automação e instrumentação. Dotada de sistema automatizado, a planta pode ser integralmente controlada por apenas dois profissionais, por intermédio de método supervisório.
EXECUÇÃO
A obra contou com cerca de 200 funcionários, que trabalhavam em dois turnos de oito horas cada. As principais estruturas construídas foram as fundações do prédio dos separadores, sala elétrica e sala de controle. Foi utilizado método construtivo tradicional, com escavação, fôrma, armadura, lançamento de concreto e alvenaria. Segundo Brandão, na parte civil o destaque foi a execução das fundações do prédio do separador magnético, devido ao grande volume de concreto e armações.
Na etapa de montagem eletro-mecânica, Brandão relata que a maior dificuldade vivenciada foi a integração das diversas frentes de trabalho, devido ao prazo muito curto para a implantação, e o período de chuva ao final da obra que obrigava a paradas não programadas por questões de segurança. Os principais equipamentos e sistema da planta são: separadores magnéticos, transportadores de correia, peneiras vibratórias, balanças integradoras, bombas de polpa e água, bomba de polpa submersível, hidrociclones, espessador, talhas elétricas, transformador de energia 2000 KVA, CCM, painel de MT, paineis de PLC´s, sistemas de energia em corrente alternada, sistema de preparação e dosagem de polímeros, sistema de medição de densidade de rejeitos, sistema de climatização, sistema de detecção e alarme de incêndios inteligente.
OUTRAS OBRAS
O gerente geral de Projetos da MMX, Alexandro Moura, conta que dentro do Sistema Sudeste, especificamente no Complexo de Serra Azul, além da planta de concentração magnética, foram realizados os revamps das britagens existentes nas minas Tico-Tico (antiga AVG) e Ipê (antiga Minerminas). Também estão em andamento o revamp do sistema elétrico e de automação da britagem da mina Tico-Tico, além do repotenciamento da linha de distribuição em 13,8kV da Cemig. “Os projetos futuros, como a segunda fase da expansão do Complexo Serra Azul, ainda estão em fase de engenharia detalhada, devendo o início das obras ocorrer em 2011”, afirma Moura.